Stupid Wife - Stellatrix

Mas que porcaria de lugar é esse?

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Dois dias se passaram... Beatrix continua me evitando ao máximo.
Inacreditável!
Eu que deveria estar fazendo isso.  Afinal, foi eu que perdi a memória, eu descobri estar casada com alguém que nunca suportei, eu tenho uma filha que eu não lembro, estou numa casa estranha, num lugar estranho, todas as pessoas que eu conhecia hoje em dia estão casadas e completamente diferentes. 

Por que ninguém se põe no meu lugar ao menos um pouco? Por que as pessoas não conseguem entender que eu estou com medo disso?
Eu estou vivendo a minha vida como se fosse outra pessoa. 
O único lado bom nisso tudo até hoje sem sombra de dúvidas é Livy, essa pequena é incrível. Ela é tão inteligente, cativante e esperta. Uma filha exemplar, ela nunca responde e sempre obedece. Sem contar que nós temos nos divertido bastante. Quando ela volta da escola eu grudo nela como se minha vida dependesse disso, somente com ela eu me sinto à vontade nessa casa. Beatrix apenas nos observa de longe, eu sinto seus olhares, eu vejo seus sorrisos. Mesmo sem querer demonstrar é nítido o quão feliz ela fica ao ver Livy e eu juntas. Acho que ela gosta disso, as únicas vezes que a vejo sorrir são nessas horas ou então quando ela está com Livy. 
  Mesmo sem perceber eu também tenho a observado, ela parece cansada, suas olheiras — antes invisíveis, hoje estão bem visíveis, bolsas enormes e escuras embaixo de seus olhos. Beatrix parece exausta, eu diria que ela não tem dormido bem durante a noite. Mas eu não faço ideia se a culpa disso é minha ou toda essa situação, ou as duas razões juntas.     Ás vezes eu penso se não seria melhor para ela eu ir ficar com meus pais logo de vez, semana que vem eu irei fazer exames para saber mais do que houve comigo e se isso tem volta.
Mas e não tiver? Como nós iremos viver assim? 
  Ela parece estar sofrendo enquanto eu continuo a odiando internamente, mesmo que um pouco menos. Não consigo despertar outro sentimento por ela.  Ninguém consegue viver assim por muito tempo, penso que uma hora ela ficará exausta da minha frieza e irá embora, e se ela decidir levar Livy com ela? Eu não aguentaria viver sem ela, não mais, eu aprendi a amar essa garota.  Minha filha.Minha. 
  Rezo todos os dias para que se caso ela decida ir embora, que deixe pelo menos Livy.  É tão confuso e estranho pensar nisso, uma filha, eu tenho uma filha, e eu sou casada, com ela, a pessoa que eu odiei desde muito tempo atrás.
Isso é algum tipo de piadinha da vida? Piadinha muito sem graça. 

— Mommy!  — Volto a realidade ao ouvir o chamado de Livy e suas puxadas frenéticas na barra da enorme blusa branca de unicórnio que ela me fez usar, Beatrix também está usando uma, de cor rosa, assim como a própria Livy que também está usando uma rosa.
  Beatrix me disse que é um tipo de ritual que costumamos fazer nos dias em que assistimos Frozen na Tv, ela contou que Serena, filha de Musa viciou Livy em tudo referente a esse filme, e desde então ela tenta nos fazer gostar também. O quarto de Livy é azul claro com por causa de Frozen, ela mesma me disse que pediu pra trocarmos de cor meses atrás, e Beatrix comentou o quanto ela chorou quando a tinta nova apagou a cor amarela e o arco-íris que estampava o quarto de Livy, o quarto que agora é repleto com pelo menos umas seis versões de Ana e Elsa em formas de brinquedos variados. Tem também um mural que Livy coloca um floquinho de neve todas as vezes que assistimos aos filmes e especiais com ela. As três juntas.  Sem contar os diversos moletons e fantasias espalhadas por ai. 
— Oi, Liv. — Me distraí um pouco aqui. — sorrio sem jeito para ela e acaricio seus cabelos.
  Seus olhos acinzentados estão mais brilhantes hoje.
— O filme começou? 
— Ainda não. — ela responde animada, saltitando ela me puxa pela mão em direção ao sofá. Livy fica hiperativa todas as vezes que temos momentos assim.
— Mamãe foi buscar nossos nachos. 

  Mmmm, eu me lembro de sempre ter amado nachos.  Ela se joga de qualquer jeito no sofá e bate no assento ao seu lado esquerdo, sorrindo eu vou até ela e me sento, logo a envolvendo num abraço de lado. Olho para a televisão e vejo alguns comerciais.
  Livy está com a cabeça deitada entre meus seios e balança freneticamente as pernas, não consigo parar de sorrir, ela parece gostar mesmo desse filme. 
— Cheguei, cheguei. — Beatrix surge na sala, ela está tão animada quanto Livy ou até mais, pelo visto ela já contagiou ela com relação a gostar desse filme que eu particularmente nunca vi nada demais. Eu sei que o filme é sobre o amor de irmãs e tem uma mensagem interessante, mas ainda assim... o importante é ela gosta.
  Beatrix senta conosco no sofá, do outro lado, Livy fica entre nós duas, ela se desvencilha de mim e estica uma mão de suas mãos para pegar um punhado de nachos.