Katrina saiu dali com os pensamentos a mil. Sua mente girava em torno de tudo que escutou. Sabia que ele iria falar sobre o assunto, é claro que sabia, mas foi preparada por Narcisa, que surpreendentemente era melhor na arte de mentir do que poderia imaginar. Só que desconfiava que nem a mulher estaria preparada para aquilo, muito menos para a oferta.
Deveria ter aceitado? Talvez houvesse uma chance, afinal, mas...
Não. Não havia chance para quem dava as costas ao Lorde. Ele havia deixado bem claro ao falar sobre a mãe dela...
Ela pegou o que não devia e foi embora. Teve o que mereceu.
Katrina chegou a se perguntar se ele havia ficado mais ofendido com o roubo ou com a fuga, mas sabia que nunca teria essa resposta. Era o suficiente para saber que não adiantava fugir, porém. Iria morrer se fizesse isso.
E por mais que fosse difícil muitas vezes, Katrina gostava de viver.
Respirou fundo. Dumbledore falava como se fosse fácil. A idade devia estar dificultando a visão, afinal. Mal via o que estava a frente dele... Porém, não podia negar que uma parte sua desejava ver as coisas da mesma forma que ele... E como desejava. Ter uma vida normal... Segura, feliz...
Sem ouvir gritos ao anoitecer, ou corpos sendo levados para longe...
Sempre que se via nervosa por causa disso, Narcisa dizia que ela havia merecido o fim que teve, que pagou pelo mal que fez a Katrina, mas isso nunca a acalmava. Pelo contrário.
Com a cabeça longe, Katrina decidiu que iria para o pátio. Snape dissera que ela estava liberada da primeira aula, e embora a conversa tenha acabado consideravelmente cedo, não havia vontade e tampouco disposição para assistir a nada. Só queria... Pensar, talvez. Ou quem sabe ir embora.
Só queria ficar sozinha, na verdade, mas esse nunca era um pedido difícil de ser atendido.
[...]
Katrina não sabia bem com o que queria trabalhar futuramente. Quando compartilhou essa preocupação com Draco, ele lhe dissera para não se preocupar, já que teria o título de Lady das Trevas. Naquele momento, quis arrumar o primeiro emprego que lhe aparecesse, e ficou tão obcecada na ideia que teve que compartilhá-la com Elizabeth, e após também ter que escutar que naquele tempo as damas só cuidavam do lar, ouviu uma opção que, até então, nunca sequer passou pela sua cabeça.
Ensinar.
— Você gosta de ler, e você se dá bem com crianças, pelo menos quando elas não têm medo de você.
No dia seguinte, quando o professor Snape perguntou sobre o que ela pensava em fazer, Katrina sabia o que dizer, embora hesitasse. A professora Umbridge riu.
Quando se lembrava disso, se arrependia de uma única coisa: ter contado a Draco. Deveria ter ficado calada, assim ninguém saberia.
Mas Snape também sabia, quem sabe teria sido ele a falar sobre para o Lorde. Isso explicaria o motivo dele tê-la defendido contra a professora, dizendo que era uma aluna brilhante e que tinha potencial para tal. Só precisava escolher a matéria.
Ao dizer que ainda não tinha certeza, os dois concordaram em mantê-la em todas. Umbridge dizia que era perda de tempo. Bom, ela não estaria ali para ver a perda de tempo, considerando que nenhum professor de DCAT durava, e a tradição claramente se manteve quando a garota passou pela porta e viu que era o próprio Snape o professor.
Ele estava longe dos seus favoritos, mas não podia negar que temia o fim que isso levaria...
Foi uma das primeiras a entrar, garantindo um lugar ao fundo. Percebeu que as pessoas evitavam sentar ao seu lado, fingindo estar observando a nova decoração da sala, que embora inédita, Katrina desconfiava de que não era o único motivo para estarem olhando para qualquer outro lugar menos ao seu lado.
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Dancing With Our Hands Tied • HP
FanficA vida de Katrina Peverell nunca foi pacífica, por mais que desejasse. Desde que colocou os pés em Hogwarts, os boatos de que a bruxa era herdeira de Voldemort a rodeavam, e agora que todo o mundo bruxo tinha consciência de que ele retornou, a moça...