3-Ventríloquo🕴️

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Escutei os passos dela se afastando do quarto.Fiquei embaixo da cama até me acalmar e até conseguir conter as minhas lágrimas e inseguranças. Sair do meu esconderijo que no fundo sei que se ela quisesse me machucar não teria dificuldade nenhuma para me tirar a força.

Com as pernas bambas, me deitei na borda do colchão, sentindo dores fortes de cabeça. 

Olhei ao arredor, o quarto era pequeno, só existia a cama ao seu lado e uma cômoda, não tinha mais nada que enfeitasse ou me causasse certo conforto ou sensação de lar.

“Por que estou aqui meu Deus?”

Tentei me recordar se tinha feito algo para alguém, “será que a mulher que briguei contratou àquela moça para me matar? Mas se ela quisesse já teria feito isso, ou ela é uma psicopata que decidiu ficar comigo, quer me torturar antes de dar o veredito final? ”

Tentei deixar minha mente longe desses pensamentos que cada vez me davam mais aflição.

O quarto está ficando cada vez mais escuro a única coisa que o ilumina é a brecha por de baixo da porta que não ajuda muito. Comecei a chorar, mesmo sabendo que isso não vai adiantar em nada, mas era essa a única maneira de eu colocar o que eu sentia para fora.

Recolho minhas lágrimas deixando sair uns últimos soluços, quando dou por mim elas já estão secas.

O quarto estava um breu como se a escuridão estivesse me engolindo.

Tentei tomar coragem de explorar o ambiente e encontrar uma saída, mas eu mal consigo mover um músculo, aceitei o quanto eu era fraca e me encolhi escondendo os meus olhos com o travesseiro.

Pensei em gritar correr até a porta e colocar toda a minha força sobre ela, porém, como o meu sangue percorria o meu medo também corria pelas minhas veias.

Escuto um rangido de porta se abrindo meu corpo estava exausto; não tive forças nenhuma para sair daquela cama e correr pela porta, me senti como um pote vazio, um imenso vazio que tirava todas as minha forças sugando o único fio de esperança da minha alma é como um poço sem fim.

Senti o colchão se afundar com o peso da pessoa ao meu lado.A moça é a mesma que veio me ver mais cedo, reconheci a voz suave e doce que logo desejei que se calasse, ela repetia suas perguntas incoveniente.

"Que mulher irritante"

Insistindo que eu comesse o que ela havia preparado,não respondi, era como se as palavras ainda não existisse para mim.

- Por quê você não come antes de dormir?

-Não estou com sono.-Murmurei.

-você é estranha. falou com suavidade em suas palavras.

"Estranha?Essa mulher..."

Fiquei calada esperando que ela falasse mais.

-você não fez nada,só ficou o dia inteiro em silêncio, por um segundo, pensei que você tivesse descoberto a janela e ido embora.

-Janela?

-Sim, ela está aqui, mas uma tábua cobre ela.

-Hum.

-Desculpe, por ter esquecido que aqui não tinha luz.

-É só isso? Não vai se desculpar por mais nada?

-Não preciso te desculpar por mais nada.-Falou ríspida.

"Já tá mudando a maneira de falar,em tão pouco tempo"

-Como não?-Alterei meu tom de voz.Ela deixa escapar um suspiro pesado e longo.

-Só faço isso porque não tenho escolha.

-Por quê me sequestrou?

-Bom, outra pessoa vai te explicar isso, mas ela só vai te dizer se você for lá para baixo.

“baixo? então aqui tem um andar ”

-Quem é a pessoa?

-É a mulher mais calma que eu já conheci em minha vida.O quarto ficou por um tempo com um silêncio insuportável.

-Por que você não tira esse travesseiro da sua cara e vem comer?. -Fala com entusiasmo.

"Essa mulher,suas palavras tão soando ser muito falsas"

Até o quis tirar o que cobria meus olhos, porém, minhas mãos não estavam com vontade de fazer esse esforço.

Eu sinto o travesseiro ficando cada vez mais leve até não sentir mais nada, deduzi que a mulher se atreveu-se a levanta-lo.

-Abra os olhos. -falou com exigência. abri com a vista turva. Ela estava com uma colher apontada para minha boca e um prato de sopa em seu colo.

-Coma só um pouquinho,prometo que te deixo em paz.-Pegou a colher e colocou na minha boca uma colherada .
-Pronto!-Ela abre um sorriso como se eu tivesse feito algo engraçado.

"Tá achando que eu sou uma criança é?"

-Só mais um pouquinho.
Nesses pouquinhos que eu acabei comendo tudo que estava no prato.

Ela me observou um pouco e se foi deixando a porta aberta,a luz do corredor entra.

"Ela é muito fingida,e forçada demais,parece um ventríloquo"

Sacudi minha cabeça para os lados.

"Não é confiável"

Sacudi de novo.

"Para de pensar,para,para,para"

"Ela tá escondendo quem é,mas já cometeu um deslize,não suporta agir assim.Essa com certeza não ganharia o Oscar"

Enterrei minha cabeça no colchão.

"Tomará que eu acorde logo desse sonho"

Amor selvagem -Romance LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora