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Hob Gadling sempre foi um amante ávido da arte teatral.

Desde criança, ele ia para o centro da sua vila para assistir o grupo (pequeno e não muito bom) de teatro local apresentar uma peça a cada uma ou duas semanas, e mesmo hoje, com suas seiscentas-e-mais-ou-menos-cinquenta- anos de idade, ele continuava gostando das maravilhas do cinema, e da arte no geral.

Mesmo que ele tenha visto ela em sua maioria subir ao reconhecimento e popularidade, e até como um tanto preocupante das histórias mudavam para contos completamente diferentes durante os séculos (cof cof, olhando para você, Disney.), era sempre relaxante e quase nostálgico ir para o teatro vez ou outra, quando ele tinha folga do seu emprego de professor, ou quando planejar aulas futuras, corrigindo provas e trabalhos por muito tempo ficava demais, e ele precisava respirar.

Hoje, Hob havia passado os últimos quatro horas na frente do seu computador. Quase nada havia sido feito, sua cabeça estava cheio demais.

Fazem duas semanas desde que ele viu seu Estranho.
Ele não conseguiria parar de pensar nele, em como ele havia esperado cento e trinta e três anos, achando que nunca mais veria seu Estranho.

Seu Estranho, que agora possuía nome.

"Você pode me chamar de Dream."

Ele havia lhe falado. Após 600 anos, Hob finalmente tinha um nome para associar ao rosto que ele esperava tão ansiosamente ver a cada século. Ele descobriu que seu amigo (agora ele podia chamá -los assim, amigos) não era o diabo, nem um feérico, nem um elfo e nem um vampiro, como ele havia pensado anteriormente.

Seu Estranho era algo chamado um "Perpétuo". Seu Estranho era a personificação antropomórfica dos sonhos e dos pesadelos, por isso o nome, Dream.

Era mais que tudo que o cérebro de plebeu do século XIV de Hob poderia imaginar. Ele sabia que seu Estranho- Dream era de outro mundo desde a primeira vez que Hob pousou os olhos sobre ele há 600 anos, mesmo antes de Dream se aproximar, Hob já havia notado o homem pálido e esbelto. Vestindo preto dos pés à cabeça- Na época, Hob se perguntou o por quê de um homem de aparência tão nobre estava numa taverna de condição tão precária, onde homens desmaiavam, mamados até não poder mais só para serem roubados de todos seus posses até as roupas de baixo.

Agora fazia sentido do porquê Dream sempre parecia não saber o que fazer com seus membros. Ou o porquê ele nunca comia ou bebia nada em seus encontros a não ser alguns goles de vinho, seguido pela menor curva descendente dos lábios quando o vinho que aquele século oferecia era deplorável (o século XV ofereceu o pior, e por volta do século XVIII, o vinho já havia melhorado, e muito, Dream bebeu mais aquele século, Hob reparou, só para serem interrompidos por aquela mulher Constantine).

Hob ansiava pela próxima vez que ele veria Dream. Só se passaram duas semanas, mas ele sentia como se fosse explodir se só pudesse ver seu amigo novamente em 2089.

Hob coça seus olhos cansados e fecha seu notebook, levantando da cadeira de escritório, se alongando para tentar aliviar a rigidez de permanecer sentado por quatro horas quase consecutivos.

Ele decide descansar pela noite, com pouca vontade de descer até a pousada para beber. Mas também não cansado o suficiente para ir dormir imediatamente, ele checa o site do teatro local para ver que peças ou musicais estão apresentando essa semana.

Estão apresentando alguns Épicos e Tragédias Gregas. Hm. Interessante.

"Talvez eu passe por lá e compre um ingresso amanhã." Ele pensa em voz alta, falando para ninguém em específico.

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Dream dos Perpétuos esteve trabalhando sem descanso desde que ele voltou do Mundo Acordado.

A Night at The Opera (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora