1: uma desordeira tempestade

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Quando se tratava de Kim Taehyung, seus cuidadíssimos fios vermelho-vibrante e seu carismático sorriso do estilo vinte-e-quatro-horas-por-dia-de-entusiasmo, espalhafatoso não era um adjetivo, era um estilo de vida. E com muito orgulho, obrigado. Era quase incoerente que ele, Hoseok, Yoongi e as muitas fobias e manifestações de TOC de Yoongi convivessem no mesmo apartamento por duradouros cinco meses. Contudo, a lógica era simples: quando o amigo que dividia com eles a moradia e as tarefas da loja do primeiro andar decidiu que era um lindo dia para surtar e sumir no mapa sem dizer muito e explicando menos ainda (uma história que, na opinião de Taehyung, nunca perdia a mágica), ele deixou uma lacuna latente e a missão de preenchê-la veio a ser, para Taehyung, uma questão de unir o útil ao agradável.

Ele precisava de um lugar acessível na localização e no bolso e encontrar o velho e bom amigo de infância Hoseok foi uma tirada de sorte grande. Não deu outra: Hoseok o convidou para dividir com ele o quarto no prédio da rua Sonyeondan e Yoongi se viu convencido (ou coagido, dependendo de quem contasse aquela história) a aceitar. Além disso,  Taehyung era super gente-boa, modéstia à parte. Não tinha como não dar certo (mesmo que a convivência no início tivesse resultado em muitas dores de cabeça por conta de quantidades de roupas que apareciam no chão e não apareciam no corpo do Kim e coisas mais, porém aquilo tratava-se de águas passadas).

— Eu tô tão orgulhoso de você, Tae. Vai ser um sucesso, certeza! — Hoseok falou, com um sorriso enorme depois de Taehyung, já devidamente apresentado a Namjoon, contar tudo sobre como o gerente do Bar 99 (ou B99 para os íntimos) lhe convidou para ser a atração oficial de todas as terças e quintas à noite.

— Sim. É merecido. Meus parabéns — Yoongi disse, com um sorriso mais contido, porém tão genuíno quanto.

— Fico feliz pela sua nova conquista, irmão — Namjoon declarou. 

— Valeu mesmo, pessoal! — Taehyung mal conseguia tirar o sorriso do rosto para falar. — Ai caralho eu tô MUITO feliz! Eu, contratado. Dá pra acreditar?

Bem, levando em conta que Taehyung esteve tocando naquele bar sempre que tinha uma oportunidade por sete meses e que ele era talentoso em sua ocupação e muito dedicado à missão de encontrar algo como aquele emprego fixo, sim, dava para acreditar. Ainda assim, para um saxofonista em uma selva brutal para os artistas independentes como era Seul, ou melhor, como era o mundo inteiro, aquilo era um feito digno de muita celebração, com certeza.

— Que essa nova etapa em sua jornada seja muito iluminada — comentou, Namjoon.

— Sério, você não é o Namjoon — Yoongi olhou obstinado para o amigo.

— Realmente — ele próprio admitiu, entre risadas. Mas, antes que qualquer um se preocupasse com quem era o ladrão de identidade em seu apartamento, ele continuou: — O Namjoon que vocês conheceram não existe mais. Esse aqui é o Novo Namjoon, amigos.

— Aí, você é o Namjoon!? — Taehyung disparou do nada, sem notar a contradição com o que estava sendo dito. — O cara que surtou do nada e sumiu no mapa, não é?

— É ele! — Hoseok confirmou, na ausência de manifestação dos outros dois.

— Não é ele — Yoongi interveio. — Esse aqui é o Novo Namjoon. Seja lá o significado disso. — Ele mandou o enésimo olhar desconfiado para a figura desleixada que estava na ponta do sofá, ao lado de sua poltrona.

— Saquei — Taehyung afirmou, mas a verdade admissível era que ninguém ali havia sacado aquilo. — Aí, eu vou sair pra comemorar e tal hoje. Vocês querem ir?

— Puts, eu bem que queria — Hoseok foi o primeiro a responder. — Mas eu tenho que ir trabalhar. Aliás, é melhor eu começar a me arrumar agora — ele explicou, com uma olhada rápida e atenta ao relógio pendurado na parede exatamente alinhado ao balcão abaixo que separava a cozinha e a sala.

Os (des)abrigados • TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora