Vamos Viajar

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Quando os raios de sol estavam para descansar por trás das montanhas que cercavam a bela cidade em que o Teatro Moon residia, o mesmo lugar dava adeus aos últimos espectadores depois de mais um show magnífico que atraiu a atenção da cidade inteira. Fora um dos maiores até então, e Buster não poderia estar mais orgulhoso de seu elenco, seus amigos e de si mesmo. Havia saído do fundo do poço para se erguer até o alto do estrelato, sendo convidado para apresentar seu show em dezenas de palcos diferentes, em vários cantos do mundo.

Ah, se seu amado pai pudesse vê-lo... Será que estaria orgulhoso?

Essa mesma questão sempre martelava na mente do pequeno coala. Sempre em que olhava para o balde de seu pai no alto de uma das prateleiras de seu escritório, as memórias lhe assombravam. Momentos que jamais poderiam retornar. Como sentia falta dele...

Naquele fim de tarde, olhava para um dos diversos quadros pendurados na parede atrás de si, para um, em específico: a reabertura do teatro Moon, com todos os seus amigos sorrindo ao seu lado enquanto o mesmo segurava a tesoura dourada para cortar a fita vermelha.

"Atenção, criaturas grandes e pequenas..." Ele ouviu a própria voz ecoar em sua mente, naquele dia que parecia tão distante. "... bem vindos ao seu novo... Teatro Moon!"

Suspirou enquanto continuava a observar a imagem, deixando que um pequeno sorriso escapasse. Com certeza, se seu pai estivesse observando, estaria sorrindo daquela mesma forma.

Então por que ainda sentia, em seu âmago, que faltava alguma coisa?

Seus pensamentos profundos foram interrompidos com a porta se abrindo de repente e a voz alegre de Dona Kiki adentrando o ambiente, espantando toda a escuridão com o seu jeito de ser meigo e carismático. Apesar disso, Buster não deixou de se assustar e cair da cadeira em que estava sentado.

— Bom dia, senhor Moon! Hoje está um lindo dia lá fora! — ela dizia enquanto se aproximava com uma xícara de café, andando até a mesa de escritório com passos leves e reticentes, sem nunca deixar o sorriso em seu rosto escamoso. — O Teatro vai abrir as portas em quinze minu... Senhor Moon? Onde está?

Ele a viu olhar ao redor com seu olho real e o de vidro (que não se movia), suspirando fundo enquanto se erguia do chão e alcançava a cadeira com suas mãos minúsculas.

— Eu estou aqui, Dona Kiki... Dolorido e muito acordado! — ele massageou as costas, fazendo uma careta de dor.

— Oh, bom dia, senhor Moon! — ela disse novamente, dando a volta na mesa e depositando o café na mesma. — Eu fiz um cafezinho!

Sem muita esperança de que realmente tivesse café dentro da caneca, ele a pegou nas mãos, se surpreendendo com o líquido quente ondulante dentro do recipiente. Com um sorriso satisfeito, ele deu um gole. Era a primeira vez que sua secretária não o bebia enquanto subia as escadas.

— Obrigado, dona Kiki. Eu estava mesmo precisando disso! — ele sorriu, depositando o objeto diante de si. — Você não o bebeu dessa vez!

— Eu fiz um para mim! — ela ergueu as mãos trêmulas com a caneca para cima, porém soltou um espirro alto e repentino, jogando o líquido para fora da caneca diretamente para o chão. Dona Kiki baixou os olhos, triste. — Oh, puxa...

Moon deu um sorriso brincalhão enquanto balançava a cabeça, pegando a própria caneca e descendo da cadeira, estendendo o café para a amiga.

— Aqui, Dona Kiki, pode ficar com o meu. Depois você procura um paninho por aí pra limpar isso, ok?

— Ah, muito obrigada, senhor Moon! — sorriu feliz enquanto pegava a caneca com as mãos ainda um pouco trêmulas.

Buster suspirou enquanto tornava á se sentar e girar a cadeira em direção á parede dos quadros, tornando á ficar pensativo.

Sing - Theater Competition Onde histórias criam vida. Descubra agora