Um Grande Passo

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— Eu ainda acho que isso seja uma péssima ideia... — Murmurou Ash, cruzando os braços sob o peito e colocando seu peso de um pé para o outro. — Sabemos o que aconteceu da última vez em que fizemos uma loucura parecida.

Estavam todos reunidos no teatro, ainda naquela mesma noite. Buster simplesmente não quis esperar pelo dia seguinte, tamanha era sua pressão e ansiedade, e resolveu ligar para todos se reunirem no teatro em plenas 1:30 AM. Por conta disso, os amigos saíram de suas próprias casas na maior pressa: Dona Kiki ainda estava usando o mesmo pijama e pantufas de antes; Johnny vestia uma camisa azul e larga com estampa de nuvens brancas; Rosita usava uma camisola rosa por baixo da blusa de manga longa que havia vestido às pressas, etc.

Resumindo: todos estavam com seus trages de dormir, ninguém estava preparado para sair em uma viagem maluca para uma cidade há vários quilômetros de distância. Esse foi um dos motivos pelos quais Ash se sentiu com os pés atrás àquela ideia.

Johnny estava sentado na beirada do palco, com os pés distantes do chão, os mexendo nervosamente e encolhendo os ombros á medida que aquela conversa se prolongava. Nooshy, que estava ao seu lado com um pirulito nos lábios, percebeu a inquietação do amigo e sabia o quanto aquele poderia ser um passo perigoso para todos. Colocou uma das mãos no ombro do rapaz, em uma tentativa de confortá-lo. O jovem gorila respirou fundo, estufando o peito, olhando diretamente para o coala baixinho que ainda andava de um lado para o outro com a sua grande mala (já totalmente pronta) sendo arrastada atrás de si.

— Vocês não precisam se preocupar tanto, dessa vez! Vai ser uma experiência totalmente nova e boa para todos nós! — ele ia dizendo com um grande sorriso, mexendo o braço vago. — Vai ser... Uma competição de grande magnitude, o que vai alavancar as nossas carreiras!!

— Esse é o problema, senhor Moon! — exclamou Johnny, sua voz se elevando um pouco acima da do coala. — Uma competição com os maiores teatros do mundo! Veteranos, que estão no ramo há muito, MUITO mais tempo do que a gente! Acha mesmo que vamos chegar lá, cantar e dançar uma música e eles vão nos aceitar de boa?

— O Johnny está certo, Moon... Eu acho que é um passo muito maior do que a perna... — disse Rosita, mexendo os dedos em nervosismo. Gunter acariciou seu ombro com a mão, em um pequeno gesto de conforto. — Podemos ser bons no que fazemos, mas competir contra os maiores teatros... Tenho certeza de que lá haverão nomes que todos conhecemos, e eles são inalcançáveis.

— Eu... Também não acho uma boa ideia... — disse Meena, intercalando o olhar entre o chão e o rosto de Buster. — Quer dizer... Eu gostaria de conhecer as pessoas daqueles teatros, gostaria muito! Mas... Não... É muito arriscado...

— Se perdermos, já era para nós, Moon. — disse Clay, com sua voz profunda e rouca. — Os olhos de todo o mundo estarão nessa competição, e a imprensa e caças talentos darão preferência àqueles que vencerem e chegarem mais longe. Estamos indo muito bem da forma como estamos, dando um passo de cada vez. Não acha que assim está melhor?

— Olha... Haha, eu realmente adoraria ir para Emerald City, sério! Aquele lugar é show, até bem melhor que Redshore. — disse Porsha, cruzando as pernas em um dos bancos da platéia, com um sorriso polido no rosto e os olhos âmbar brilhando. — Só que para tudo tem um limite, né? Da última vez em que vocês inventaram de irem para uma cidade chique e participar de um evento, o coala quase morreu. — ela apontou para Buster, que estremeceu com as tais lembranças. — Porém, contudo, todavia... No fim, as coisas deram certo! Não fosse tudo o que aconteceu, vocês não poderiam contar com a minha ilustre presença aqui. E claro, não estaríamos fazendo shows ao redor do mundo.

O ambiente foi preenchido por burburinhos de concordancia reticentes, o que aliviou o coração do jovem coala.

— É... É isso! Exatamente isso!! — exclamou ele, jogando a mala no chão e subindo em cima dela. — Qual é, pessoal, chances como essa aparecem apenas uma vez na vida! Nós somos bons no que fazemos, sim, e podemos até não servir para algo maior do que isso, mas só iremos ter a certeza de que estamos certos ou errados se tentarmos! — esticou os braços ao lado do corpo. — Quando algo assim acontece, nós temos que agarrar essa chance e não deixar que ela escape! Arcar com todas as consequências até o fim! É assim que nascem as grandes estrelas!!

Sing - Theater Competition Onde histórias criam vida. Descubra agora