Capítulo 3 - Culpado ou Inocente

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O dia começou bem movimentado na unidade de polícia em Varsóvia.

A operação Jacinto estava em pleno vapor e o departamento estava abarrotado de homens que haviam sido conduzidos até lá por livre e espontânea pressão.

Mikaela não estava nada contente, sentia o cheiro de sujeira de longe! Estava na cara que a ideia original da operação já estava sendo descaradamente deturpada.

A maioria dos oficiais só estava se aproveitando daquilo pra colocar pra fora seus demônios do ódio, da repressão e da intolerância!

Eram raras as vezes em que Mika questionava a si mesmo a respeito da escolha de sua profissão, e aquela, sem duvidas, era uma delas.

Sendo absolutamente avesso à praticas violentas, nos últimos tempos tinha se deparado com casos de arrepiar os cabelos!

A surpresa do dia foi a descoberta de uma nova testemunha, mas Mikaela arriscou que talvez se tratasse de mais uma vitima do sistema. O franzino rapaz estava agora na sala de interrogatório, e certamente já tinha sofrido agressão, à julgar a sua aparência.

Discretamente Mika entrou na sala e viu ninguém menos que Bobinsky do outro lado da mesa, com sua panca de homem do bem, daqueles que espanca os outros por um bem maior.

"Eu já disse...eu não sei de nada." - o tom de voz desanimado veio da testemunha, que estava agora cabisbaixa, os ombros caídos pareciam carregar o peso do mundo sobre eles.

O rapaz cuspiu uma mistura de saliva com sangue, estava visivelmente apavorado, mas nem isso era o suficiente pra satisfazer a sanha de violência de Bobinsky.

"Você afirmou que conheceu Gregorovich! Agora diga logo os nomes!!"

Mikaela só observava enquanto a testemunha choramingava coisas ininteligíveis.

Então, como já era esperado, o policial truculento se ergueu da cadeira e agarrou o colarinho da testemunha, dando inicio a uma sucessão de tabefes que só terminou quando Mikaela se meteu.

Depois de lançar um olhar mortal ao loiro, Bobinsky se afastou, passando a vez...Mika passeou os olhos por sobre a mesa e se ateve ao documento recém preenchido, com marcas evidentes de sangue.

"Você é o Hector?" - Mika olhou para o pobre coitado, dedicando-lhe um sorriso sem graça enquanto ele fazia que sim com a cabeça.

Olhou novamente para a ficha de cadastro, achando aquilo sem cabimento algum! É claro que ele tinha assinado, diante de toda aquela coação violenta, tinha sangue também no documento timbrado, e as perguntas eram as mais absurdas possíveis e imagináveis.

Qual é sua preferencia sexual?

Quais são as posições adotadas para a consumação do ato sexual?

É a mulher ou o homem da relação?

Se sente atraído por crianças/menores de idade?

Mikaela chegou a necessidade de respirar profundamente, mesmo se achando a pessoa menos adequada para opinar, ainda assim ele achou que não havia o menor cabimento naquilo.

"Então, Hector...é verdade que já esteve com Mateo Gregorovivh? Chegou a conversar com ele?"

O pobre balançou a cabeça pesada de um lado para o outro.

"Eu, só o vi uma vez."

"O DESGRAÇADO ESTÁ MENTINDO!!!" - explodiu o Bobinsky, em completo descontrole.

Mikaela fez um pequeno gesto com as mãos pedindo calma.

"Hector, aonde foi que viu Gregorovich?" - a voz de Mikaela era branda.

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