Capítulo 6

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IMPOSSÍVEL SE AFASTAR


     O passeio no museu rendeu para Maurício a amizade do guia e uma carranca de Otávio. O que já era de se esperar.

Quando chegaram na pousada, o encaracolado jantou em silêncio e foi para seu quarto. No meio da madrugada, saiu de lá olhando o corredor vazio.

Não sabia se devia, mas resolveu bater no quarto do loiro de forma leve, quase que não querendo o acordá-lo.

Otávio estranhou a batida e levantou, pensando ser a Amada, querendo lhe dar uma bronca. Ao abrir a porta, levantou as sobrancelhas surpreso ao ver o mais novo, parado, o olhando com um olhar tristonho.

- Sei que você está com raiva de mim, mas eu posso ficar aqui com você, até amanhecer? - Murmurou.

- Por que? - Franziu a testa.

- Bem.... Sua ideia do acampamento para meus pais funcionou muito bem! Tanto que me expulsaram de lá! - Baixou a cabeça.

- Ah! Agora entendi. - Balançou a cabeça rindo. - Entra! - Deu espaço. - Tem sorte que meu quarto tem duas camas. - Fechou a porta, logo que este passou por ele.

- Eu vim pedir pra ficar aqui, porque já sabia. - Encolheu os ombros. - Se não, eu teria ficado na sala mesmo. - Deitou na cama intocada.

- Aquele sofá não parece muito confortável. Dorme aí! - Apagou a luz e deitou em sua cama.

- Não quebramos o cubo. - Disse olhando o teto, no meio do breu.

- Tens razão. Amanhã faremos isso. - Suspirou, fechando os olhos.

Ficaram em silêncio por alguns minutos. Otávio conseguia ouvir a respiração do garoto, na cama ao lado.

- Sabe o que vamos fazer amanhã? - Otávio perguntou.

- Visitar uma outra trilha, eu acho. E almoçar em um restaurante perto de lá.

- Beleza. - Virou de costas, sentindo-se desconfortável

Passou mais alguns minutos, o loiro virou de barriga pra cima, respirando fundo.

- Tá com sono? - Perguntou, enfim.

- Mais ou menos. Você tá?

- Perdi totalmente, quando você surgiu na porta.

- Desculpa, Otávio... - Balbuciou.

Assim o silêncio perdurou por mais alguns minutos. Um achando que o outro tinha pego no sono.

- Maurício? - Sussurrou não sabendo se queria a resposta.

- Fala.

- Vem. Deita aqui.

Otávio sabia que se Carlos estivesse lá, estaria rindo da sua cara.

- Mas você não tava bravo comigo? - Falou com uma voz chorosa.

- Nunca estive bravo com você. Eu é que sou um completo idiota. - Suspirou. - Vem aqui, vem.

- Você me deixa confuso. - Sentou na cama. - A única coisa que sei sobre você é sua idade e no que trabalha.

- Você não precisa saber muito de mim. Sabe que não vamos seguir com isso. Certo?

- Boa noite, Otávio. - Deitou na cama.

POR VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora