Capítulo 9

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TRISTE DESPEDIDA


     No dia seguinte, Otávio acordou primeiro e ficou encarando Maurício dormir tranquilamente. A imagem do menor adormecido, com os cabelos espalhados em seu rosto e a respiração profunda. Se perguntava o que estaria sonhando naquele momento.

Se aproximou dele, sorrindo:

- Ei! Você precisa ir para seu quarto, anjo. - O balançou de forma leve, até que este acordasse.

- Não... eu acho que vou ficar por aqui. - Sorriu manhoso.

- Interessante. Então vai dizer para seu pai e sua mãe que dormiu comigo? - Arqueou a sobrancelha.

- Não, é claro que não! Aqui tem duas camas. - Murmurou, coçando os olhos - Acho que você tem razão.... É melhor eu ir pra lá. - Levantou, num salto.

- Não está esquecendo de nada?

Maurício o olhou, franzindo a testa, sem compreender. Ficou parado, esperando que o outro se explicasse.

-Vai sem um beijo meu, antes de ir? - Otávio disse, por fim.

- Não! - Cruzou os braços

- Mas, por que, não, ingrato?

- Você não escovou os dentes. - Fez uma careta e saiu de lá, rindo muito.

Ao chegar no seu quarto, que dividia com os pais, avistou sua mãe agitada e as malas abertas em cima das camas.

- Que bom que acordou, finalmente! Estamos arrumando nossas coisas. - Sua mãe disse, enquanto dobrava algumas camisas, rapidamente.

- Mãe! Mas já? Não vamos embora só à tarde? - Perguntou confuso, olhando -a ir e vir com as roupas nas mãos.

- Não! Não aguento nem mais um dia aqui! Já estou cansada de um local sem ar-condicionado, sem um bom sinal de wifi e uma boa piscina! - Revirou os olhos, gesticulando com ambas as mãos.

- E eu não aguento mais ficar trancado aqui! Estou me sentindo numa cabana, perdido no meio do mato! - Roberto riu.

- Vocês não gostaram nem um pouco de terem vindo? Não teve nada agradável para os dois? É sério isso? - Baixou os ombros, decepcionado.

Roberto largou o celular, suspirando, antes de começar a fala:

- Olha, filho. A sua ideia foi muito boa, realmente! Foi uma grande ajuda para mim e sua mãe e fiquei surpreso com sua ideia de vir para cá. Tivemos bons momentos e as pessoas que conhecemos aqui, apesar de caipiras, foram bem legais e a comida, confesso que me agradou demais! Mas, Maurício, não gostamos de natureza. Eu e sua mãe somos cria da cidade grande. Consegue compreender?

- Sim, pai. Eu compreendo, sim. Fico feliz que ajudei vocês, de alguma forma e que, mesmo que não tenham gostado, terão boas lembranças e muito que contar para os amigos. - Sorriu pequeno, tentando esconder a tristeza.

- Vem cá e me dê um abraço? - Falou Roberto, abrindo os braços com um sorriso sincero.

- Eu gostei tanto daqui... - Aceitando o abraço do pai.

- Ah! Eu imagino! Seu pai me contou que você teve um romancezinho com a tal garota que trabalha aqui. - O olhou, por cima dos óculos escuros de grife. - Ela é meio caipira, mas é bonita. Isto não posso negar.

- Mas a gente.... Vocês são inacreditáveis! Nossa... - Suspirou. - Eu vou arrumar minhas coisas. É o melhor a se fazer, depois de ouvir isto!

POR VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora