O sol brilhava forte do lado de fora da janela de madeira. Foi por causa dele que me levantei. Ao dedicar o primeiro olhar para a vista fora da humilde casa, pude te ver. Seus cabelos bagunçados ao redor do seu rosto e ricocheteando em sua camiseta simples enquanto você tirava lentamente os pregadores do bolso do avental cuja fita se confundia com o cós da sua saia, que era um pouco acima do joelho. Ali, olhando aquela cena, parecia que eu tinha viajado para algum lugar distante, talvez do século passado, mas na verdade você só aproveitava o sol do dia antes de ir para a cidade trabalhar.
Alguns dos seus fios negros tinham se perdido em minha camiseta branca. Puxei-os, enquanto caminhava a passos lentos para a cozinha, onde a brisa misturava o cheiro da roupa recém lavada com o do café fumegante que saía da garrafa direto para uma das xícaras vermelhas e simples de metal, derretendo o açúcar e deixando evidente a indiferença de um pingo de leite naquele céu noturno líquido. Fui para o lado de fora da casa, onde o pequeno tanque elétrico ficava, e me escorei em uma das colunas que apoiavam o teto. Você então me percebeu enquanto eu dava o penúltimo gole no líquido nem muito doce nem muito amargo. Largou a bacia com todas as roupas no chão, tão de repente que sequer pensou na hipótese das mesmas se espatifarem na grama e na terra, e veio em minha direção, com o seu sorriso lindo aberto, quase correndo como se fosse pular no meu colo. Terminei a bebida enquanto você chegava, sem deixar de seguir-te com os olhos e com meu sorriso. Você se jogou em meu abraço, feliz como se não tivéssemos nos visto em muitos anos, e seu perfume invadiu suavemente minhas narinas. Sussurrou um bom dia em meu ouvido e se virou para me dar um beijo. Eu te apertei mais contra mim, como se aquilo pudesse demonstrar que você era minha vida. Você se separou de mim e olhou no fundo dos meus olhos com seu azul mais claro que o céu naquele instante e sem dizer uma palavra você disse tudo.
—Eu te amo. — Disse-me, sorrindo.
—Eu te amo — Respondi, fazendo questão de olhar o mais fundo que o oceano protegido por seus cílios me permitiu. Tão fundo que perdi o ar.
Você me beijou mais uma vez, tão suave quanto algodão doce e eu quis completar que não precisaria nem pensar pra responder que te queria e que te amava sem qualquer chance de negativa. Naquele sítio simples, eu encontrei o meu alento. E enquanto você estivesse ali, não precisaria de nenhum outro lugar para estar.
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Oi gente!! Aqui estou com o primeiro conto. Eu não lembro quando escrevi esse, mas sempre acho tão fofo quando chego no final! E vocês, o que acharam?
Estou trabalhando em mais um conto pra esse mês ainda, mas como combinamos, não prometo nada.
A gente se vê em breve nesse mesmo bat canal mas talvez não nesse mesmo bat horário! Fiquem bem viu!!
XO,
Nina ♡.