Era uma rivalidade boba, Kim Namjoon sabia bem disso. Algo infantil e que faria seu pai revirar os olhos, sem dúvida. Mas, o gosto delicioso da vitória agraciou sua língua, assim que viu o rosto desolado de seu rival de infância. Ele se sentiu intox...
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Kim Namjoon não acreditava mais em finais felizes. O príncipe e a princesa não ficavam mais juntos para sempre. Não existia nenhum casal eternamente apaixonado.
Seus pais eram assim, tão comuns que doía. Havia brigas e desentendimento. Sangue, suor e lágrimas. Sua mãe podia passar semanas sem falar com o homem mais velho. O que não era novidade, já que seu pai raramente ligava. Sua situação em casa ia de mal a pior.
O ódio era diferente, no entanto. O ódio florescia onde o amor faltava. Era algo que fervia o sangue, o fazendo borbulhar. Constante e volátil. Tão poderoso quanto o fogo vivo. Uma chama que não se extingue, não importa o quanto você o sufocasse. Era como o ar que respirava, poluído e essencial.
O sentimento de impotência perante sua situação em casa era coberto com o ódio por Min Yoongi (e vice e versa).
Ele precisava ser o melhor da classe. A felicidade de estar no primeiro lugar, a humilhação de perder novamente. Toda confusão e incerteza em sua mente pareciam sumir. Eles eram arqui-inimigos. Namjoon se sentia mais vivo ao estar em conflito com o seu rival.
E, em conflito, eles estavam.
O relógio não parava de tocar. Os clicks incessantes eram como uma melodia ritmada. Contando os segundos e anunciando as horas. O tempo era infinitamente finito, correndo do inevitável.
O peão andou uma casa. As pessoas ao seu redor os observaram avidamente. Não havia nenhum professor ou instrutor no local, apenas alunos (o que fazia Yoongi mostrar ainda mais as garras). A sala parecia pequena comparada com a atmosfera tensa.
Estavam jogando xadrez. Uma partida acirrada, cheia de estratégias. Afinal, estavam inscritos no clube de xadrez, como bons alunos que eram. Além disso, ambos estavam no time acadêmico da escola. Entretanto, Yoongi também participava do clube de basquete e Namjoon, no de poesia. Os dois eram pessoas muito ocupadas, fugindo de sua vida familiar.
"Sua vez, Senhor Presidente", Min sorriu de canto. "Vê se não faça a mesma porra de erro novamente."
Haviam disputado a presidência de classe. Com muito orgulho, Kim podia dizer que tinha ganhado. Foi por pouco, mas isso não significava que a vitória era menos importante. Toda e qualquer oportunidade de mostrar que ele era o melhor era bem vinda.
Namjoon deu uma risadinha e fez sua jogada. A peça parecia flutuar no tabuleiro preto e branco. "Um mestre aprende com os seus. No entanto, virou a cabeça para o lado. "Não acho que você saiba o que é isso, Senhor Vice."
O sangue de ambos corriam por suas veias como lava, fazendo seu coração se acelerar. Adrenalina era como álcool jogado ao fogo.
Eles tinham 15 anos e, mesmo depois de anos competindo, pisar um em cima do outro era alucinante. Estavam praticamente profissionais na arte de irritar seu oponente.
