Capítulo 1

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— Diga Henry, você pretende me matar? — Meu avô ficou de pé do outro lado da mesa, aquela veiazinha familiar pulsava no canto da testa, os olhos azuis escuros, furiosos me encarando feito lâminas afiadas

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— Diga Henry, você pretende me matar? — Meu avô ficou de pé do outro lado da mesa, aquela veiazinha familiar pulsava no canto da testa, os olhos azuis escuros, furiosos me encarando feito lâminas afiadas. Ele sempre teve um apego pelo dramático, embora no momento eu tenha que concordar que ele estava certo quanto a questão que me trouxe aqui, no meio da manhã, antes do café.

— Eu não sabia que era a esposa dele. — Mantive o tom calmo, a expressão serena enquanto estava sentado na cadeira diante do rei e mentia na cara dura.

— Não faça joguinhos comigo Henry, o homem a apresentou na última festa de natal.

— Sempre fui um péssimo fisionomista. — Era mentira. Eu lembrava muito bem do rosto de uma mulher bonita, e Liana Martinelli era tudo menos esquecível. Na cama talvez, mas pessoalmente ela causava a bela de uma impressão. Infelizmente não lembrei mesmo de tê-la conhecido antes, talvez eu não estivesse prestando atenção no dia, não sei, só fiquei sabendo quem ela era um dia antes quando fomos apresentados num cassino, no dia anterior ao fato... No último ano as coisas tinham sido tumultuadas para não dizer caóticas, e minha memória poderia ter sido um pouco afetada. — E ela não era a mulher dele ainda, na época. — O velho estreitou os olhos na minha direção.

— Então se lembra agora?

— Já que mencionou. — Ergui os ombros em um movimento rápido. Já era. — Ela parecia familiar.

— Não seja cínico. — Meu avô espalmou as duas mãos contra a mesa e foi jogando o corpo para trás devagar, seu gemido de dor me fez ficar de pé na hora, estava pronto para ir ajudá-lo, mas com um gesto de mão, antes de se acomodar na cadeira, ele me mandou sentar. E naquele momento me senti mal por todo o estresse causado.

— Liana apareceu de surpresa no meu iate.

— Não me faça de idiota, Henry, sei que tem um esquema especial para receber suas... acompanhantes. — Fico imaginando como ele saberia disso... Ah é, ele tinha alguém muito bem infiltrado. — E agora aquelas fotos obscenas estão espalhadas por toda a internet e pelos jornais. — Vovô puxou o jornal dobrado e o jogou na minha direção. Eu não precisava ver o que estava escrito ali, porque já tinha visto por todo lugar. — Não é mais uma criança, Henry, tem trinta e dois anos, já está na hora de seguir em frente. Um ano e pouco atrás você estava no lugar do marido de Liana Martinelli. — Ouvir aquilo fez uma antiga chama pulsar dentro de mim, a raiva e o ressentimento deixaram um gosto amargo em minha boca. Fechei a cara e cerrei os punhos com força, as unhas cravadas contra a palma da mão. — Como acha que ele se sente?

— Quer que eu mande um cartão pra ele?

— O que eu quero? — Meu avô deu um forte tapa na mesa, a voz furiosa tomando a sala. — Quero que se comporte de acordo com seu título! — Se eu pedisse para que ele se acalmasse só ia fazer com que as coisas piorassem, por isso tinha decidido que ia ouvir calado tudo o que ele tinha pra dizer, discutir só ia fazer mal à sua saúde.

Uma Proposta Indecente de Natal (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora