36 - parte 2

314 18 0
                                    

Enquanto conversava com Levi, minha prima mais velha nos olhava estranhamente. Olhei para o relógio e decidi levantar. Fui até o banheiro e vi que meus olhos estavam inchados. Peguei meu celular e vi várias mensagens dos meus amigos. Sentei na tampa do vaso sanitário e comecei a responder a todos.

Ambos estavam preocupados comigo, pois eu tinha perdido tudo. Quando terminei de respondê-los, saí do banheiro e fui até o quarto de hóspedes.

Eu posso odiar minha tia com todas as forças, mas eu sei o quanto ela amava minha mãe. Houve uma época em que minha mãe e meu pai brigaram muito feio, todos na família pensaram que eles não iriam voltar. E durante essa separação, minha mãe veio passar um tempo nesta casa comigo, minha tia preparou um quarto especialmente para nós duas.

Percebi que tudo estava intacto desde a última vez que estive aqui. A única diferença era um enorme quadro pendurado na lareira. Era uma foto da minha mãe me segurando no colo, com um lindo sorriso em seu rosto. Eu já tinha me esquecido de como era lindo seu sorriso e seus olhos... De como seus olhos transmitiam pureza.

Respirei fundo e fui até a cama, sentei-me nela e fiquei ali por duas horas, relembrando vários momentos com minha mãe.

Enquanto olhava para o breu lá fora, pude perceber pela enorme janela que havia no quarto uma silhueta. Virei-me e vi Henri, filho mais velho de tia Karen.

── Ah, e aí Henri. - Falei rapidamente, arrumando minha postura.

── Oi, [Nome]. Quanto tempo, não? - Ele respondeu.

── Pois é. - Eu disse.

── Pelo visto você não está afim de conversa. - Ele falou, se desencostando do batente e indo se sentar na cama. ── Eu juro que vim aqui numa boa para conversar com você.

── É que a presença de pessoas dessa família me irrita, sabe como é, né!? - Falei de forma sarcástica e sentei-me ao lado dele, dando um abraço em seguida. ── Como vai a Ammy? Eu sempre vejo as fotos que você posta dela. - Disse, soltando o abraço.

── Ammy está bem, ela está passando uns dias com a mãe dela em Nova York. - Ele respondeu.

── Então vocês não estão juntos?

── Não, a gente só teve um relacionamento de 6 meses, foi enquanto ela estava aqui no Japão. Ela acabou engravidando, e depois que Ammy nasceu, eu fiquei com a guarda dela.

── Ammy tem sorte de ter você como pai. - Eu disse, sorrindo minimamente, e ele riu.

── Bom, minha mãe já recebeu a ligação de que o corpo já chegou aqui no Japão, ele já está a caminho do cemitério. Ela me pediu para vir te procurar.

Levantei-me e assenti com a cabeça. Nós dois saímos do quarto e descemos as escadas. Na casa, agora só havia os empregados e algumas pessoas que já estavam saindo. Henri disse que me levaria até lá, já que eu não tinha mais um carro.

No caminho para o funeral, Henri e eu colocamos tudo em dia. Ele falou sobre como era corrido ser pai aos 22 anos. Ammy tinha 6 anos, sua mãe 20. Era uma família bem saudável, digamos.

── HENRIQUE, COMO VOCÊ FEZ SEXO COM UMA CRIANÇA DE 14 ANOS?. - Gritei, fazendo-o ficar assustado.

── Em minha defesa, quando a gente foi para a cama, era um dia antes do aniversário dela, EU JURO! Eu fiquei um pouco receoso, mas deixei seguir. - Ele explicou. Eu ergui a sobrancelha e dei de ombros. ── Por que você está tão chocada? Você me disse que perdeu a virgindade aos 15 anos.

── Uma coisa não tem nada a ver com a outra, eu disse que perdi minha virgindade aos 15 anos com um cara da minha idade, não com um adulto que deveria saber melhor. - Respondi, indignada.

ISSUES - Hange ZoeOnde histórias criam vida. Descubra agora