Carta Aberta a Minha Estrelinha

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Oi Vozinho

   Saudades de você, sabia? Sempre sinto, mas tem uns dias que é de doer a minha alma. Hoje é um desses dias. Queria seu colo. Eu era tão novinha, mas me lembro muito bem de como era aconchegante seu colo, enquanto você se balançava na cadeira de balanço. Daria tudo para sentir de novo.

   Nunca lhe pedi desculpas por não ter ido no seu enterro. Lembro que a mãe brigou comigo por ter rido quando eu lhe vi no caixão, pois eu disse que você estava somente dormindo. Eu era apenas uma criança, não entendia direito o que era a morte e nem o que iria significar a sua partida para mim. Hoje entendo e peço desculpas.

   Senti como se estivesse finalmente lhe enterrando quando fui ao enterro da Márcia. As outras pessoas estavam enterrando ela. Eu não. Eu não a conhecia. Eu estava sepultando o senhor. Foi muito significativo para mim, mesmo com 15 anos de atraso.

   Sinto sua falta. Nunca cansarei de dizer isso. Minha estrelinha da sorte, a mais brilhante e protetora de todas. Amo você, sempre me lembrarei de nós brincando de panelinha e de boneca, ou de quando eu acordava de madrugada para ficar andando de motinha.

   Tantos momentos. E tantas lágrimas quando lembro. Queria muito o senhor aqui comigo. Estou precisando tanto... Sempre pedi que o senhor voltasse, pois se o senhor voltasse, eu daria um jeito de lhe encontrar, seja lá como eu iria fazer isso ou se o senhor iria se lembrar de mim. Mas eu iria lhe achar.  Fico me perguntando se o senhor tem orgulho de mim. Se sente vontade de me dar uns puxões de orelha. Se sente a minha falta tanto quanto eu sinto a sua.

   Acho que é isso. Não tenho muito mais o que dizer. A não ser que eu repita que estou com saudades. E eu nunca cansarei de repetir isso. Sinto sua falta.

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