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POV Maraísa

"Sua nova chefe... Está olhando pra ela."

As palavras de Marília ainda ecoavam pela minha cabeça.

Tentei me concentrar no fato de que não era nada demais, afinal coincidências acontecem, não é mesmo? O mundo é pequeno!

— Então quer dizer que iremos trabalhar juntas? — eu piscava rapidamente, ainda tentando processar a informação.

— Basicamente, sim. — ela pegou seu celular e checou as horas. — Você tem algum lugar para ir agora?

Forcei minha mente a lembrar qualquer compromisso que poderia ter marcado com alguém e não encontrei nada.

— Não, estou livre o resto do dia. Por que?

— O que acha de irmos tomar um café? Assim eu te explico o que vamos fazer juntas. Eu conheço uma cafeteria ótima aqui pertinho.

— Por mim está perfeito! — abri um sorriso.

Descemos as escadas e quando nos aproximamos da saída, percebemos que o mundo estava caindo lá fora. Uma chuva muito forte tomava conta da rua inteira.

— Droga, não vamos poder sair. — falei.

— Vamos sim. Apenas uma pequena mudança de planos. Ao invés de irmos a pé, vamos no meu carro. — Marília balançou as chaves.

[...]

— Vamos ter que nos molhar um pouquinho agora. — Marília falou, estacionando o carro.

Olhei ao redor, procurando por uma cafeteria e encontrei um letreiro muito conhecido por mim.

"Henrique's Coffee"

Comecei a rir.

— É sério que me trouxe aqui? — perguntei ainda rindo.

— O quê? Vai me dizer que você não gosta do café que a sua mãe faz. — Marília virou pra mim.

— Não é isso. De todas as cafeterias de Nova Iorque, essa seria a última que eu poderia imaginar que você me traria.

— Bom, culpe a Dona Almira. Essa é a melhor cafeteria da cidade inteira. — balançou a cabeça concordando com o que acabara de dizer.

— Não posso discordar, é mesmo. — sorri com a língua entre os dentes.

Marília me encarou por alguns segundos e sorriu de volta.

— Vamos? — ela disse.

— Como vamos fazer isso? Sair correndo na chuva e chegar parcialmente molhadas, ou andar devagar e chegar ensopadas? — perguntei, virando-me pra ela.

— Primeira opção. Só tente não cair.

— Prometo tentar. — respirei fundo. — No três?

— Um... — ela falou, se preparando para abrir a porta do carro.

— Dois... — continuei a contagem, repetindo o gesto dela.

— TRÊS! — falamos juntas e, sincronizadamente fechamos as portas e nos juntamos na calçada.

Marília apertou o botão da chave e o carro foi trancado. Fomos para debaixo de um pequeno toldo, onde esperamos o farol fechar.

— Quando o farol fechar, seja rápida, mas cuidado para não cair. Apenas me siga. Vai dar tudo certo.

A chuva parecia ter apertado ainda mais. Os carros começaram a reduzir a velocidade, o que significava que o farol provavelmente estava amarelo.

— É agora!

The Rain - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora