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POV Maraísa
Café.
Uma palavra pequena que nomeia a bebida quente responsável por me colocar de pé todos os dias.
Estava fazendo panquecas — não tão boas quanto as de Maiara — enquanto o líquido escuro escorria para dentro da garrafa térmica.
O cheiro do café trazido pela fumacinha que saía do coador me fez sorrir.
É engraçado como até mesmo o simples cheiro de uma bebida se torna atrativo depois de sofrer um acidente.
Nós estamos tão ligados no automático que não percebemos e desfrutamos daquilo que está ao nosso redor diariamente e, somente a partir do momento em que somos privados disso, nos damos conta de que não aproveitamos a vida como deveríamos.
Alguns flashes daquela noite me invadiram.
As lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
A seta do velocímetro digital no painel do carro indicando a alta velocidade com que eu dirigia.
A vontade de sumir.
O grito preso na garganta.
E por fim, o silêncio sendo substituído pelo som do impacto contra o tronco da árvore.
Fechei os olhos e me permiti respirar fundo. Bem fundo.
Eu poderia ter morrido. Poderia ter ido embora sem ao menos ter a chance de me despedir.
Mas... Eu teria ido em paz?
Teria feito, em vida, tudo aquilo que eu tive vontade de fazer?
Ali, parada em frente a pia de pedra maciça, vestida em meu mais quente e confortável pijama, eu prometi a mim mesma: Faça o que tiver vontade. Não tenha medo.
Aproveite sua vida, Maraísa.
Viva!
— Amor? — a voz masculina perguntou.
Recobrando os sentidos, direcionei meu olhar para a direção da voz e encontrei Ulysses parado a poucos centímetros de mim, sem camisa e com seu shorts de dormir.
— Desculpe, estava um pouco distraída. — sorri forçado.
Ele se aproximou de mim, encaixando-se por trás do meu corpo, beijando meu pescoço.
— Tudo bem. Bom dia! Está preparando nosso café?
— Estou sim. Me ajuda a colocar as coisas na mesa enquanto termino aqui?
— Ajudo... — ele respondeu e começou a levar os talheres, xícaras e pratos até a mesa da sala.
[...]
— Seus pais chegaram bem? — perguntei, puxando assunto.
Os pais de Ulysses haviam ido embora ontem logo depois de eu chegar em casa, o que foi um alívio, porque além de não ter lugar adequado para hospedá-los confortavelmente, eu não estava no clima para receber visitas em casa.
— Chegaram sim, minha mãe me enviou mensagem.
— Que bom!
— Você não vai trabalhar hoje, vai? — ele perguntou.
— Não... — menti. — Estou com atestado.
— Ótimo. Eu tenho uma reunião importante hoje e como não sei que horas tudo vai acabar, não tenho horário para chegar em casa. — ele respondeu levando a xícara à boca.
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The Rain - Malila
FanfictionNoiva há 3 anos, Maraísa é pressionada pela família para se casar, porém a mesma começa a se questionar sobre seu relacionamento. E o que ela menos esperava era se apaixonar pela estilista de seu vestido de casamento. • Adaptação autorizada e origin...