Molly Lawrence e Joseph Quinn se conhecem desde seus longos anos na Universidade de Artes de Londres e desde então se tornaram melhores amigos inseparáveis. Quinn conhecido no mundo todo por seus diversos envolvimentos casuais e papéis renomados nas...
"de acordo com o seu coração, meu lugar não é deliberado, sentindo seus braços, eu não quero ser seu amigo, quero beijar seu pescoço, você não me vê?"
- fallingforyou, The 1975
Domingo, 29 de março, 2017
Molly's point of view on
Havia amanhecido com uma dor de cabeça fora do comum, e não fazia a mínima ideia de como havia chegado em casa ontem à noite, ou ao menos não me recordava até sentir o cheiro de ovos com bacon invadirem minhas narinas, e a voz alta de Wesley ecoar pelo flat, cantando alguma canção qualquer.
Me levanto coçando os olhos e caminho de forma desajeitada, para a minha surpresa havia somente Wesley sentado no sofá assistindo à mais um episódio de "irmãos à obra", enquanto comia uma tijela de cereal, corro meus olhos pelos corredores do flat.
— Ele não está aqui — o loiro diz sem tirar a atenção da TV.
— E aonde ele está? — pergunto cruzando os braços.
— Não faço ideia, Keery deixou a gente aqui ontem à noite — pausa o episódio — Joe disse que ia terminar a noite com Jamie e outros amigos.
— Por que não quis ir? — questiono me sentando ao lado do loiro.
— Alguém precisava cuidar de você, e Ammy estava bêbada demais — deu de ombros e aperta o controle dando play novamente.
Roubo uma colher do cereal do loiro, que aperta os olhos em desaprovação, deito minha cabeça em seu ombro e seguimos assistindo juntos, Wesley era sempre atencioso nos mínimos detalhes comigo, desde o primeiro instante em que nos tornamos amigos.
Parte de mim estava ligeiramente chateada com o comportamento de Joe, confesso jamais imaginar tal atitude provinda do rapaz, na realidade podia, mas não em uma data especial como aquela.
Não era o fato de Joseph sair em meio ao fim de minha festa de aniversário para dormir com uma garota qualquer, mas a motivação que levou o cacheado à me deixar voltar para casa sozinha com Wesley, aquele não era Joe e nada fazia sentido, e parecia fazer menos ainda quando me lembrava que era quase uma da tarde do último dia do rapaz na cidade, e até então não tínhamos notícias do mesmo.
Havíamos combinado de passar cada segundo juntos e, não que a companhia de Wes não era importante na mesma proporção, afinal adorava ter um excelente tempo de qualidade com o loiro, mas sim o fato de saber que Joe ao menos se importou em estar conosco, havia restado somente eu, Wes e uma tijela de cereais, bem doces por sinal.
~*~
O dia passou rápido para minha felicidade, eu e Wes passamos a tarde maratonando Harry Potter, como sempre fazíamos quando juntos, o loiro dedicou cada segundo se seu dia à ser o mais gentil possível, e não surpreendentemente, ele sabia exatamente o que estava me deixado desapontada.
Abro meu celular e vejo as infinitas mensagens que havia mandando para Joe, todas sem visualização alguma, dou um suspiro longo e sinto meus olhos encherem de lágrimas, o celular apita com uma mensagem de Keery, o rapaz havia mencionado ontem que teria uma série de compromissos mas ao fim do dia falaria comigo, e embora estivesse entusiasmada com o flerte em ascensão, não era dele quem eu queria que fosse aquela estúpida notificação.
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— Sinto muito, Molly — Wes me abraça e permito chorar — Vai ficar tudo bem, uh?
— Como ele pode fazer isso? — falo em meio à soluços — Era para ser o nosso fim de semana!
E como quem quebra um feitiço, escuto o barulho das chaves se abrindo, e a imagem de Joseph se faz presente na sala de estar, provavelmente ele havia conseguido a cópia com Ammy na manhã anterior, para a surpresa no café da manhã, enxugo meu rosto e levanto do sofá, Joe abre os braços e passo direto pelo menos seguindo até meu quarto, me trancando no mesmo.
— O que deu nela? — questionou para Wes.
— Você pisou feio na bola, bonitão — o loiro explica — Deveriam conversar!
Wesley diz e segue até o quarto de Ammy que estava vazio, fechando a porta, escuto os passos de Joe sobre o chão de madeira, que param assim que ele chega à minha porta.
— Hey, ruivinha — diz e não respondo — Molly?
— Vai embora, Joseph! — falo e enfio o rosto entre os travesseiros.
— Olha eu... — suspira — Eu sinto muito, okay? — ouço o barulho dele deslizando pela porta e se sentando no chão — Eu sei que pisei na bola, e que havíamos combinando algo, mas é que — interrompi abrindo a porta.
Meus olhos inchados entregavam as horas de choro que antecediam este momento, Joseph se levanta, sua expressão esperançosa deu lugar para uma feição desapontada, e o mesmo coloca as mãos no bolso me encarando.
— Sente muito mesmo, Quinn? — falo nervosa em meio ao choro — Porque parece que está sempre ocupado demais se encaixando entre as pernas de alguma modelo desesperada pelos seus encantos, atarefado o suficiente para deixar seus melhores amigos te esperando o dia todo para algo importante!
— Era só uma sessão de filmes, Molly — tenta se justificar e ergo as sobrancelhas com seu comentário.
— Era a nossa sessão de filmes! — falo permitindo as lágrimas escorrerem em meu rosto — Passei longos três meses esperando para um momento com o meu melhor amigo e quando finalmente consegui, ele parece muito ocupado saindo com uma loira qualquer! — falo de uma só vez — Estava muito melhor sem você por aqui!
— Não diga isso... — ele rebate chateado com a situação — Eu estou aqui agora!
— Talvez um dia o seu ego fale mais baixo do que seu bom senso, e então teremos espaço para conversar sobre seus erros — falo apontando o indicador para o rapaz.
— Achei que estivesse com Keery — quebra o silêncio.
Sinto cada centímetro de meu corpo congelar com a fala do loiro, como ele poderia estar com ciúmes à esta altura? Eu havia acompanhada literalmente cada segundo de sua vida amorosa, se é que assim podíamos chamar, e quando finalmente ele precisa presenciar uma faísca que seja sobre o mesmo acontecendo comigo, se sentia afetado por isso?
— Está com ciúmes, Quinn? — falo em tom de indignação —É por isso que me deixou o dia todo?
— Não, Molly? — franze o cenho — É só que bem...
— Ninguém gosta de mim não é mesmo, Joseph? — abro os braços — Eu sou sempre a "Molly Lawrence, a amiga fofinha de Joe Quinn", uh? — faço aspas com as mãos
Balanço a cabeça em negativo com a fala do rapaz que respira fundo, passando as mãos em seus cabelos, e caminhando de um lado para o outro no corredor.
— Eu queria que tivesse o seu espaço, tá legal? — fala de uma vez — Queria que tivesse à experiência de conhecer alguém legal, porque você é alguém que merece genuinamente ser feliz, okay? — passa as mãos em sua barba me encarando — Molly, você é uma das garotas mas brilhantes que eu já conheci! O seu sorriso ilumina todos os lugares por onde passa, e todos gostam da sua presença, e ver que você estava feliz ontem à noite, me fez querer que vivesse mais disso, mais do que é o amor que você vem me contando cada segundo do meu dia, desde que nos conhecemos!
Ouço as palavras do rapaz à minha frente de forma estática, Joseph havia errado feio em me abandonar no último dia dele em Nova Iorque, mas certamente estava diante de alguém que almejava tanto a minha felicidade, quanto eu mesma, e talvez Joseph Quinn fosse a razão pela qual o termo "amizade verdadeira" passou a ter um significado especial em meu dicionário.
