26. weeding (parte II)

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"nós nos apaixonamos em outubro,
é por isso que eu amo o outono,
olhando para as estrelas,
admirando de longe,
minha garota, minha garota, minha garota,
você será minha garota"

- We Fell in Love in October, Girl in Red

Sábado, 03 de Junho, 2017

Joseph's point of view on

É chegada a hora, faltava menos de segundos para que Molly adentrasse aquela igreja em seu perfeito vestido romântico em tom de off white, que a garota fez questão de ser desenhado da mesma maneira em que esboçou em seu diário aos quinze anos, no acampamento de verão de sua escola.

Meu coração estava apertado, mesmo após ver a felicidade estampada no sorriso de Keery ao notar todos ali presentes imensamente ansiosos pelo início da cerimônia.

A marcha nupcial se inicia, e junto dela um filme passava por minha mente, com todos os momentos inesquecíveis que havia passado junto de Molly, vê-la ali adentrando a igreja, em seu impecável vestido, junto de seus fios ruivos em um delicado penteado que tornava sua aparência capaz de me roubar o fôlego, tornava aquela situação cada vez mais dolorosa.

Sinto meus olhos marejarem, porém prendi o choro ao notar Wesley me cutucar discretamente, os olhos da garota são levados até mim que sorrio em resposta, fazendo um sinal de positivo com os polegares em busca de encorajá-la, não havia nada no mundo que me importasse mais do que a felicidade da minha garota.

~*~

A cerimônia já estava quase chegando ao fim, o cerimonialista então se prepara para o ato final, o momento em que mais me assustava em tudo aquilo, e ainda que sentisse uma vontade gritante de me pronunciar, me mantive em silêncio.

Se alguém se opõe a este matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre — e então o inesperado aconteceu.

— Eu! — Joe, que segurava a mão de Molly em frente ao altar se pronuncia, causando estranheza em todos ali presentes.

— O que está fazendo? — Molly sussurra confusa.

— Não posso seguir com isso... — diz com a voz embargada — Não posso me casar com a garota de outro cara, e ainda que te ame com todo o meu coração, você não é minha Molly! — inicia olhando nos olhos da ruiva.

— Joe mas... — ela diz assustada e com algumas lágrimas escorrendo por seu rosto.

— Não é à mim que pertence seu coração, e seria uma grande idiotice de minha parte prender um pássaro pronto para repousar em outro ninho, Molly! — suspira — Não é de mim que gosta, e sabemos disso!

— Não, não é isso, e-eu amo você! — ela tenta.

— E não duvido, mas... — seca algumas lágrimas — Não me ama mais do que à ele, e não posso viver o resto da vida carregando a culpa de interromper um amor para que meu ego fosse massageado, não posso permitir que sua felicidade seja anulada para que então possamos viver como uma família de comercial de TV! — sorri ainda magoado.

— Me perdoe, Joe... — suspira e observa todos ali presentes, que a encaravam com um olhar de julgamento.

Pelo tom de voz, Joe estava genuinamente decidido de tudo que fez e disse, e o carinho pela garota era sincero, nada daquilo havia sido da boca para fora e era perceptível a quilômetros de distância, ainda que surpreendente.

Os familiares e amigos encaravam a ruiva como se a mesma acabasse de cometer o ato mais pecaminoso de toda a sua existência, e percebo aquilo causar na garota tamanha vergonha a ponto de se esconder entre os braços de Joe.

— Tulipas cor de rosa... — início — Músicas de boybands, dirigir com os vidros abertos — sorrio fraco — Dias ensolarados, chocolate gelado, filmes de romance... — suspiro — Uma marca de nascença um pouco acima dos joelhos em formato de coração, o primeiro porre de bebida na Harper Street no dia vinte e três de Maio do ano passado, ruiva natural... — caminho lentamente até o púbito — Você detesta grosserias e dias chuvosos, gosta de dormir sempre no lado da parede e a pronuncia do meu nome fica sempre mais bonita em seu sotaque — sorrio — Poderia passar o restante dessa tarde listando todas as coisas que reparei sobre você durante todos esses anos, todas as coisas que compõem quem a Molly verdadeiramente é!

— Jojoe... — interrompo.

— Me dei conta de que estava apaixonado por você na noite em que te dei esse anel idiota — ergo a mão mostrando — O mesmo que está usando ironicamente hoje, te levo comigo em meu coração para todos os lugares porque eu simplesmente não sei viver em um mundo aonde não exista você para partilhar uma vida comigo! — prossigo em meio às lágrimas — Não há um dia sequer desde que anunciou esse casamento, em que não me assustei com a ideia de que você não seria minha, porque eu te amo Molly! Eu sempre te amei e receio que sempre irei!

Digo sem me importar com as pessoas ali presentes ou as lágrimas escorrendo por meu rosto na mesma frequência em que a garota também chorava, meu coração acelerado me fazia questionar se estava fazendo o certo.

— E não me diga que não sente o mesmo, porque sabemos muito bem que isso tudo é uma grande mentira! — passo a direita em minha bochecha secando as lágrimas — Então por favor Molly, me de uma chance de ser seu, me deixe te mostrar que sou o bastante para te fazer feliz! — me ajoelho à sua frente — Se case comigo, Molly? — suplico à garota.

— Sim! — fiz chorando — Mas é claro que sim! — diz sem pensar muito.

E então em meus braços se permitiu chorar, sabíamos o quanto reprimir esse amor estava nos fazendo mal e como sonhamos com aquele momento, e embora todos ali presentes estivesse prontamente à postos para julgamentos, de pouco importava se tínhamos um ao outro, finalmente.

Ainda com o rosto molhado, a garota fica na ponta dos pés, leva suas delicadas e pequenas mãos até meu rosto e em um sutil movimento selamos nossos lábios, Joe por sua vez inicia palmas, seguido de Wesley, e assim, convidado por convidado completa as palmas e comemorações.

Não sabia muito sobre o amor, talvez não fizesse ideia de como era amar, mas desde que Molly chegou, com seu par de vans surrados e sua estupida agenda de estudos, algo em meu coração se aproximou da sensação.

Quando você é jovem, eles assumem que você não sabe nada, não fazia ideia de como seriam os caminhos a partir de hoje, qual percurso seguir e quais decisões teríamos que tomar, como a internet reagiria e como nossa vida mudaria de cabeça para baixo após isso, e confesso que torcia para que o destino fosse generoso conosco.

Mas havia uma única coisa que tinha plena certeza, corações apaixonados, sempre achariam um jeito de se conectar, independente do tempo, distância ou modo.

— Vamos embora daqui! — a ruiva sussurra em meu ouvido em meio a risadas.

— Por favor! — digo rindo também e então corremos até a saída da pequena capela em direção a um par de bicicletas que estava do lado de fora, o plano era se livrar daquelas roupas horríveis e pedalar o mais distante possível dali.

Me apaixonei de forma sorrateira, na mesma frequência em que a chuva cai, que os fios de cabelo crescem e os dias passam, silenciosamente meu coração se tornou morada para o grande sentimento que a garota me causava ao sorrir, e não havia nenhum lugar no mundo em que quisesse permanecer, senão ao lado da minha Molly.

MARRY ME - JOSEPH QUINN Onde histórias criam vida. Descubra agora