ENGANAÇÃO pt.2

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Desço do carro quando chego na rua dele.

Ajeito a máscara, o boné azul escuro e a jaqueta. Eu estava tão escondido pelas roupas que usava que nem mesmo um conhecido me reconheceria. Isso é bom. Não precisava que ninguém visse meu rosto. 

Assim que desci do automóvel, me agachei próximo ao pneu traseiro da direita. Apanhei meu canivete, e com força, o finquei diversas vezes na roda, ouvindo vários barulhinhos do ar saindo.

Quando vi que já estava bom o suficiente, abri o porta-malas enquanto retirava a caixa de ferramentas e um novo pneu. Espalhei as coisas que havia pego no chão, ao lado de outro totalmente furado. 

Olhei para o relógio de pulso e constatei o horário; 21:39. Ele saía de um curso qualquer às 15h, logo após ia até onde trabalhava, um mercadinho local, em que terminava seu meio turno perto das 21h. Mas sua demora não era nenhum mistério, sem carro ou qualquer outro automóvel precisava caminhar até seu destino. Me agachei no chão, pegando algumas ferramentas para encenar certa dificuldade para conseguir trocar o pneu, passei a espera-se.

Depois de alguns dias observando de perto sua rotina, consegui decorar tudo facilmente, o que realmente me ajudou. Tinha dias da semana em que eles marcavam de se encontrar, mas felizmente hoje não foi um desses dias. Geralmente faziam isso na terça-feira.

— Precisa de ajuda?

Olhei para cima e lá estava ele.

Lembro que, após sua fala, um sorriso sincero, mas tão irritantemente odioso para mim descansava sobre seus lábios pálidos como de costume. Seu olhar transmitia boa vontade para me ajudar, mas também, cansaço pelo dia corrido talvez.

— Sim — levantei-me do asfalto sujo e dei algumas batidas com as mãos na calça.

Ele apertou a mão que ofereci a ele como um cumprimento. 

— Meu nome é Yoongi.

Eu já sabia isso.

— E você é…

— Sou Jungho — sorrio por trás da máscara e ele assente com a cabeça.

Explico a situação para ele e peço para que segure o novo pneu até que eu pegue uma chave dentro do carro. Pego o extintor de incêndio médio que havia embaixo de um dos bancos, com ele na mão, me aproximo silenciosamente, vejo que ele está concentrado observando os rasgos que haviam ficado na roda, segurando o objeto com as duas mãos, levanto-o no ar e, quando Yoongi parece ter notado eu me aproximando, vira o rosto na minha direção e tenta dizer algo, mas golpeio na cabeça. 

Seu corpo estava estirado no chão como se estivesse morto. Mas, felizmente, ele não estava. Bom, não ainda.

Com rapidez, troco o pneu e logo após guardo todos os itens usados no porta-malas. Quando termino, abro a porta do carona, me aproximo do seu corpo franzino, e pego Yoongi no colo, já o colocando no banco. Faço a volta no veículo, entro e coloco o cinto de segurança em mim e nele. Ligo o carro e parto.

Demora cerca de meia hora até a minha casa. Desço do carro e abro o grande portão de ferro onde se localiza a entrada. Faço todo o processo de entrar na propriedade, fechar com as correntes e um grande cadeado o portão, e quando me aproximo da construção, estaciono o automóvel dentro de um galpão que serve para guardar as minhas coisas.


Duas horas depois, Yoongi acorda quando jogo água em seu rosto. Ele tenta se movimentar, mas está bem amarrado a cadeira. 

— Que isso? Me solta, cara.

Não presto atenção no resto. Me direciono ao galpão e arrumo tudo.

— Por quê tá fazendo isso? Você nem me conhece.

Seus olhos estavam a um triz de libertarem todas as lágrimas que já acumulara na vida.

Jimin

Ele entende, ótimo. Não preciso explicar o que quis dizer e o que ensinei. As lágrimas agora correm livremente e seus gritos são tão altos que se houvessem vizinhos, eles certamente escutaram. 

— N-não! Seu louco… Fica l-longe dele!

As lágrimas agora correm livremente e seus gritos são tão altos que se houvessem vizinhos, eles certamente escutaram. Depois de alguns minutos, nenhum som é captado de seu corpo.

Seu rosto é lindo.

Pouquíssimas marcas de expressão e pintas que me incomodam um pouco, relevo isso. Desta vez, estou desanimado o suficiente para ter que corrigir algo.

A cera quente continua a fazer bem o seu trabalho.

— Não era pra ser desse jeito, gatinho.















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