Capítulo 1

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ROSAMARIA

Meu nome é Rosamaria Montibeller, sou psicóloga. Costumo dizer que vivo e existo apenas desde os meus 20 anos. Vocês devem estar se perguntando por que desde os 20, né? Foi nessa idade que comecei a me libertar de alguns conceitos e ideologias da minha família e da sociedade. Alguém se indentifica?

Até então, minha vida era um reflexo das expectativas familiares, repleta de restrições e normas que nunca realmente me encaixaram. Aos 20 anos também, dei um passo corajoso: iniciei a faculdade de Psicologia, o curso dos meus sonhos, algo que sempre me disseram ser impraticável. A faculdade foi o início de uma transformação profunda.

Aos poucos, me permiti ser quem sempre fui. Foi quando aceitei minha orientação sexual. Antes disso, minha vida amorosa havia sido praticamente inexistente. 

Aos 22, tive minha primeira experiência sexual com um homem, o que acabou sendo uma péssima experiência. Nunca namorei, nunca tive encontros, beijos ou sexo que significassem algo. Quando me perguntavam, eu dizia que estava esperando a pessoa certa, mas na verdade, encontros me deixavam extremamente ansiosa.

Aos 26, comecei a assistir filmes de temática lésbica e senti uma conexão intensa e reveladora. Nesse mesmo ano, tive meu primeiro encontro com uma mulher e, PQP... foi simplesmente demais. Estar com uma mulher fez todo o sentido para mim.

Naquele ano, me permiti viver plenamente minha sexualidade. Tive relacionamentos com várias mulheres, de diferentes cidades. Beijei, transei, e me senti viva de uma maneira que nunca tinha sentido antes. Brinco que, naquele ano, estive com mais mulheres do que na maioria da minha existência. E isso é a pura verdade.

Estou compartilhando isso não para expor minha vergonha por ter começado a viver tarde, mas para ilustrar o ditado: "Antes tarde do que nunca." Esse definitivamente é meu lema.

Agora, quero contar como conheci a dona do meu coração, dos meus dias e da minha vida: Caroline Gattaz.

Tudo começou quando resgatei meus interesses adormecidos, especialmente pelo esporte. Sempre amei futebol e vôlei. Com uma nova perspectiva e uma bagagem de experiências, voltei a acompanhar esses esportes pela TV, algo que não fazia há quase uma década.

Já conhecia Caroline de nome, sabia de suas convocações e da sua impressionante trajetória no vôlei. Para mim, ela era uma figura inspiradora, uma atleta que eu admirava de longe. Seguia-a no Instagram, acompanhava seu clube e as notícias da seleção brasileira. Aos 42 anos, ela estava no auge da carreira, um verdadeiro exemplo a ser seguido.

Um dia, impulsionada pela coragem e curiosidade, mandei uma mensagem para ela. Nunca imaginei que uma mensagem iria se tornar uma conexão tão profunda.


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