Capítulo 9

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CAROL

Estou dirigindo rápido demais. Minha consciência está gritando, mas o sentimento que fica é que preciso continuar. Não gosto de correr riscos assim, mas sinto que é necessário.

Preciso dirigir o mais rápido possível ou não conseguirei chegar a tempo. Se eu demorar mais, não sei se terei coragem de seguir em frente.

Enquanto acelero, me pergunto por que aceito essas ideias malucas. Contudo, se não fossem as doidas das minhas amigas, eu continuaria melancólica e sem esperanças. Sou uma velha que precisa de chacoalhões para sair da minha zona de conforto.

Só não diminuo a velocidade da minha BMW porque sei que não chegarei a tempo e porque perderei a coragem. Ai, Jesus Cristo, se eu não levar um tapa na cara já saio em  vantagem.

Tutuzinha e Tatá me deram a ideia de comprar um chip com outro número para tentar falar com a Rosa. Sabendo que ela provavelmente bloquearia esse novo número também, tive a brilhante ideia de me passar por uma paciente e marcar uma consulta. Ela marcou, e acredito que nem desconfiou.

Agora estou com o coração na mão, ansiosa e morrendo de medo dela não me ouvir e ainda ficar com mais raiva dessa mentira que inventei. Estou passando meu discurso de todo o meu coração de frente para trás e de trás para frente.

Ela precisa me ouvir. Ela vai me ouvir, né?

Acho que nem eu me ouviria. Se eu estivesse no lugar dela, a pessoa que tivesse feito tudo que fiz teria que correr muito atrás. E se for isso que terei que fazer, farei.

A cada dia, a cada hora e segundo. Eu vou conquistar a Rosa de volta!

Está claro para mim que ela chegou me conquistando mais do que só uma amizade sincera. Mas estou disposta a conquistar ela a cada dia também.

Estou prestes a chegar em seu trabalho e parece que vou ter um treco. Por favor, coraçãozinho, aguenta. Não me deixa na mão justo agora.

Ao me identificar na portaria, tive que explicar para a moça da recepção sobre o nome Magda e sobre ser a Carol Gattaz. Afinal, nome falso é crime. Expliquei que queria fazer uma surpresa para a Rosamaria, psicóloga. Ela interfonou avisando que a Magda, no caso eu, havia chegado.

Rosa liberou minha entrada. Como forma de agradecimento, dei autógrafo e tirei uma foto com a recepcionista, jurando que nada iria acontecer com seu emprego por ela ter me ajudado. E assim espero, que além de Rosa me escutar, eu não cause ainda mais problemas prejudicando a pobre moça da recepção, por exemplo.

Ou que Rosa não me bata, ou me jogue do décimo segundo andar!

Ao chegar em frente à sala, bato na porta, respiro fundo, faço minhas orações, porque é agora ou nunca!

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