LIGAÇÕES E EMOÇÕES

Capítulo 3

O que começou a acontecer depois foi naturalmente. Quando eu sentia vontade eu escrevia para ela, sem a encanação dela responder ou não. Por incrível que pareça, ela sempre respondia. Sempre era muito gentil em suas respostas:

"Oi Rosa! Como vai? Nossa! Suas mensagens alegram meus dias. Cê viu que jogão?! Tô véia mas ainda consigo meter umas porradas..."

As mensagens sempre me faziam sorrir, eram leves e muitas vezes engraçadas.

E quando percebi de tanta leveza e espontaneidade fazíamos piadas e trocávamos cantadas devido a nossa idade quase igual. Até hoje não sei quem era pior e isso nos proporcionava várias risadas.

Isso tudo, é claro que, virtualmente. Gattaz havia começado a me seguir no instagram e nossas mensagens passaram a ser frequentemente através do whatsapp. Até que em um desses momentos que estávamos falando sobre o jogo, ela parou de responder. Estranhei pq ela sempre se despedia, nunca me deixava no vácuo, mas aquele dia ela meio que sumiu. Me peguei ansiosa aguardando, quando meu telefone tocou. Geralmente não atendo números que não tenho registrado, mando mensagem depois alegando estar ocupada e pedindo pra conversarmos via whatsapp por se tratar do meu número ser pessoal e profissional ao mesmo tempo. Nunca atendia, mas naquele dia atendi e fiquei uns minutos até a ficha cair de quem estava soltando aquela péssima cantada:

"Oi, seu pai é padeiro?"

Não! Pq?" -  respondi já com um grande sorriso nos lábios e com o coração acelerado por não acreditar que era ela.

"Porque você parece um sonho".

Ouvi sua respiração e risada. Ouve uns segundos de silêncio. Acho que nem ela acreditava no que estava fazendo! Me sentia tão nervosa que ao mesmo tempo me sentia uma boba.

"Carol?"

"Oi!"

"Eu só não vou perguntar se é você mesmo, pq só vc seria capaz de ter essa péssima cantada!" ouvi sua gargalhada e nesse momento percebi que já era tarde demais, eu estava completamente apaixonada por ela. Acho que isso foi a única coisa que aconteceu cedo em minha vida.

"Ahhh vai, essa até que foi bonitinha!!! Inclusive desculpa por não perguntar se eu podia ligar, mas peguei seu número no instagram". Sua voz era tão forte e tão doce ao mesmo tempo, que fiquei divagando sobre o que estava acontecendo, e só despertei e me condenei mentalmente por parecer tão idiota quando escutei ela dizer:

"Rosa, olha me desculpa. Eu não queria ser invasiva. Eu devo tá te atrapalhando e a gente se fala dep..." interrompi quase gritando e passei a mão na minha testa, me punindo mais uma vez, eu estava parecendo uma sei lá o que.

"Não!! Não, Carol! Magina! Eu peço desculpas. A sua ligação me pegou de surpresa, eu nunca imaginei que um dia poderíamos nos falar assim?!"

"Oxi pq? "

"Pq vc é famosa e eu, sou uma pessoa normal"

Carol, riu mais uma vez alto. Isso me deixou ainda mais com vergonha de estar sendo tão boba, mas antes que eu falasse qualque coisa, ela me respondeu:

"Rosa, você é incrível, sabia?! É lógico que um dia iríamos nos falar assim. A gente já se fala todos os dias por mensagem. Ligação é mais um passo e nos conhecermos pessoalmente outro. Ainda mais pq somos ótimas nas cantadas. Você é a única que me entende".

"Por ser véia como você né? "

Ambas gargalhamos. Era incrível o quanto leve eram nossas conversas. Nesse primeiro momento que ela me ligou, ficamos por horas conversando. Tínhamos sempre bons assuntos, tudo sempre fluia bem. Nesse mesmo dia, Carol mencionou que queria me conhecer pessoalmente. Eu achei que desmaiaria com essa possibilidade, mas fui firme. Combinamos nos encontrar em Sampa, já que ela teria um jogo na cidade. E isso fez com que me sentisse muito ansiosa. E desde então nos falávamos por ligação todos os dias. Combinamos só fazermos chamada de vídeo após nosso encontro.

Se estávamos flertando?. Da minha parte eu sabia que sim. Mas Carol sempre brincava e nunca soube decifrar o que era verdade. O que eu sabia é que era bem nítido o quanto ela ainda era envolvida com a Ex, tbm jogadora, S/N. Estávamos tão conectadas que já sabíamos ler uma à outra somente com a tonalidade da voz. Já confiávamos tanto uma na outra e eu já sabia sobre como foi seu relacionamento com a S/N.

Como Carol havia saído ferida e magoada dessa relação e de como ainda tinha uma dependência emocional bem forte. Era só S/N, que já estava casada e grávida de um cara, chamar que ela saia correndo. Esse rolo dela e da S/N fazia com que eu me sentisse muito mal. Ela chegava a transar com ela, mesmo essa candanga grávida e casada. Me embrulhava o estômago quando ela me contava. Ela ficava mal, mas sempre repetia algumas coisas, quando a capeta chamava. Se isso não era uma dependência emocional, era burrice.

Enfim, o sábado dia do jogo tinha chegado. Eu reservei um hotel de sábado pra Domingo. Carol e eu, combinamos de jantar após o jogo e darmos uma volta por São Paulo no domingo já que ela estaria de folga. Eu estava mega, ultra ansiosa.

Ah mais vc não é psicologa? Sim, sou e isso não me impede de sentir as coisas. Faz com que eu consiga compreender e cuidar dessa minha ansiedade, pq cada um sente de uma forma.