Capítulo 4

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Finalmente, o dia do jogo chegou. Fui para o ginásio, ansiosa para ver Carol em ação e encontrá-la depois. A partida foi eletrizante. Carol jogava com maestria, conduzindo seu time à vitória. Fiquei na arquibancada, aplaudindo cada ponto, torcendo com toda minha energia.

Quando a partida terminou, observei de longe enquanto Carol celebrava com suas companheiras de equipe e atendia os fãs. Ela estava radiante, seu sorriso iluminando todo o ambiente. Esperei pacientemente até que nossos olhares se encontraram. Ela me reconheceu das fotos no Instagram e veio em minha direção, sorrindo de um jeito que fez meu coração disparar.

Contive a vontade de correr até ela para não tropeçar e passar vergonha. Quando finalmente nos encontramos, ela me envolveu em um abraço caloroso. Ficamos assim por um tempo que parecia eterno, sentindo a conexão entre nós crescer. Ao nos soltarmos, ela fez uma piada:

"Você come ratos?"

"Não, por quê?" - Respondi, já rindo.

"Porque você é uma gata!"

Rimos juntas, compartilhando aquele momento de descontração. Conversamos sobre o jogo e começamos a fazer planos para a noite, mas nossa conversa foi abruptamente interrompida por uma voz que soou como um alarme em minha cabeça.

"Você jogou tão bem, meu amor."

Carol paralisou. Abriu a boca várias vezes sem conseguir falar nada. Já sabia quem era aquela presença imponente: S/N, a ex que ainda tinha poder sobre ela.

"E você, quem é?" - S/N me olhou de cima a baixo, seu olhar frio e arrogante me fez desviar o olhar. Carol finalmente conseguiu se manifestar:

"S/N, essa é Rosamaria. Rosa, essa é S/N."

Estendi a mão para cumprimentá-la, mas fui ignorada com desdém.

"Amor, vim te buscar para comemorarmos sua vitória." - Disse S/N, ignorando minha presença.

"S/N, eu combinei com a Rosa de jantarmos juntas e aproveitarmos a minha folga amanhã. Eu não vou." - Carol tentou se explicar, mas eu sabia como isso terminaria. Afastei-me para dar privacidade, sentindo a derrota iminente.

Alguns minutos depois, Carol voltou para o meu lado, cabisbaixa. Parecia envergonhada, e eu, já entendendo a situação, tentei facilitar as coisas:

"Tudo bem, Carol. Eu entendo."

"Rosa, eu sinto muito. Ela disse que o marido foi viajar, que está com medo de ficar sozinha, que gostaria de comemorar hoje. Eu tentei explicar que já havia combinado com você, mas ela ficou nervosa e eu tenho medo desse nervoso prejudicar o bebê e alguma coisa acontecer." - Carol desabafou, a voz carregada de desculpas.

"Ok." - Respondi secamente. Por dentro, eu estava furiosa, sentindo-me desprezada. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, S/N interrompeu novamente:

"Carol, meu amor, vamos? Estou enjoada." - Disse ela, arrastando Carol consigo.

Senti-me abandonada, humilhada. Carol, preocupada com o estado de S/N, já não estava mais ao meu lado. Respirei fundo e saí do ginásio, tentando decidir se deveria ir embora de vez ou dar uma volta pela cidade para esfriar a cabeça.

A caminho do hotel, uma onda de emoções me invadiu. Tristeza, raiva, decepção. Eu tinha me preparado tanto para esse encontro, e agora me via sozinha, esquecida. Queria gritar, chorar, sumir. Mas acima de tudo, precisava decidir o que fazer.

O hotel era um refúgio temporário, um lugar onde eu poderia pensar com clareza. Precisava esfriar a cabeça, avaliar meus sentimentos e decidir se valia a pena estar no meio de uma relação, ao meu ver, tão complicada. E eu, precisava cuidar de mim, para não sair ferida pois tinha a certeza absoluta que já estava muito envolvida.

Por mais que eu fosse psicóloga, saber lidar com a ansiedade e frustração não me tornava imune a elas. Cada um sente de uma forma, e naquele momento, minha dor era intensa. Precisava processar tudo aquilo, encontrar um jeito de seguir em frente, com ou sem Carol Gattaz em minha vida.

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