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O primeiro capitulo se chama O COMEÇO. Koch é bem claro nas primeiras palavras:

Só há um jeito de começar: '' é começar agora''. Você nunca estará mais pronto para começar a escrever do que neste instante. Chegou a hora. Mas como começar?

Comece com qualquer coisa que lhe dê o ímpeto para começar: uma imagem, uma fantasia, uma situação, uma lembrança, um gesto, um grupo de pessoas - qualquer coisa que estimule sua imaginação. O trabalho consiste somente em colocar um pouco disso, ou tudo, em palavras capazes de alcançar e tocar um desconhecido, que você não vê, chamado leitor. Você precisa mergulhar nisso. E precisa fazê-lo agora.

Stephen Koch nos orienta a começar de QUALQUER JEITO, EM QUALQUER PONTO, ao invés de esperar que tudo esteja perfeito. Ainda acrescenta:

'' É provável que o resultado não seja exatamente o melhor. Talvez nem chegue perto disso. Mas e dai? você vai persisti até acertar. - mais adiante ele afirma: Não há necessidade de encontrar pela inspiração, nem de tomar coragem, nem de saber exatamente por que ou que você está escrevendo. Nem de ler bons e minuciosos livros a respeito de como escrever, nem de conhecer sua história, nem de compreender suas personagens nem de ter certeza de que está no caminho certo, nem mesmo de concluir pesquisas''.

Neste capítulo da obra de Koch, se entende que inspiração, autoconhecimento,confiança, fé em seus próprios projetos, técnicas eficazes, uma história completa, personagens desenvolvidos e pesquisas completas e competentes vem somente com processo de escrita. O erro mais comum, segundo Stephen, é esperar ter tudo isso para começar!

A escrita é que torna tudo isso possível.

Esse princípio - escreva agora - não se aplica apenas apenas aos escritores de ficção, mas todo tipo de escritor. Talvez você diga, ainda não seu qual é minha história. Aqui é onde Stephen diz: claro que ainda não sabe qual é a sua história, você é a primeira pessoa no mundo a contá-la e nao pode conhecê-la até que ela seja contada. Primeiro, você conta, depois fica sabendo. Para a mente narrativa, é a própria expressão da lógica. As histórias se fazem conhecer, se revelam.

Como é possível contar uma história antes de conhecê-la? BASTA DEIXAR QUE ELA CONTE POR SEU INTERMÉDIO.

Portanto ao contá-la, deixe que ela dê as indicações quanto ao rumo a seguir. No começo é preciso sentir o caminho, deixando-se guiar. Pode ser até que você acabe planejando nos mínimos detalhes toda a extensão da obra, como dizem que fez J.K Rowling com todos os livros de Harry Potter. Mas, na primeira fase da criação, a história deve ser extraída das sombras da imaginação e do inconsciente do autor.

Neste trecho, é mencionado o nome Isabel Aleende (autora de A casa dos espíritos) pois esta mesma diz:

A história está ''oculta num lugar muito sombrio e secreto ao qual ainda não tenho acesso. É algo que venho sentindo, mas que não tem forma, nem nome, nem som, nem voz''. Está a sua espera, não contada, indefinida e latente. Só ganhará forma quando voce a colocar em palavras. E conclui Aleende: ''Quando tiver terminado o primeiro esboço, saberei do que trata o livro. Mas não antes.''

Já que só se pode começar na incerteza, aprenda a tolerá-la e, se possível, transformá-la em estímulo, com uma pequena coisa chamada ''germe'' ou ''semente'' da história. Essa ''semente'' segundo E.L. Doctorow, pode ser qualquer coisa. Adiante, outra escritora tem seu nome usado como referência. Patricia Highsmith.

A romancista que ficou famosa pelos seus thrillers criminais psicológicos, observa que as idéias ''podem ser grandes ou pequenas, simples ou complexas, fragmentárias ou completas, imóveis ou em movimento. O importante é reconhecê-las quando chegam. Reconheço-as pelo tipo de entusiasmo que elas instantaneamente me trazem, algo semelhante ao prazer e á empolgação de ler um bom poema ou um bom verso''.

Stephen garante que embora não seja possível fazer as idéias surgirem á força, é possível persuadi-las a se apresentar. Porém, ele faz um alerta:

'' Seu primeiro impulso será tentar assumir o controle da idéia nova, impor-se, transformar isso em alguma coisa''. Neste estágio inicial, porém, pode ser um erro tratar sua idéia de modo tão agressivo. O processo de escrita, do inicio ao fim, requer que você adote uma atitude intuitiva, sonhadora, aberta, passiva, ora adote critérios elaborados, refletidos, plenamente desenvolvidos, e assuma o controle. Você precisa das duas coisas, e é preciso que as duas não entrem em conflito, mas se harmonizem. Nos estágios iniciais do desenvolvimento, a maioria das idéias geralmente requer uma passividade fértil, fecunda.

Prestes a terminar esse tópico, o autor agrega o seguinte:

Comece escrever a respeito. Faça um esboço. Anote a sequência de fantasias e associações, entre no sonho. Voce não sabe o que está por vir. é um veículo para o que está acontecendo na página. Na antepenúltimo parágrafo ainda somos alertados: Não tente, portanto, assumir cedo demais o controle da sua idéia. Comece deixando que ela assuma o controle sobre você. Logo voce precisará de toda sua capacidade de organização.

MAS... 

Anote tudo. Use seu caderno como sementeira. Quando aprender a reconhecer as sementes, você provavelmente as terá de sobra


A arte da ficção segundo Stephen KochOnde histórias criam vida. Descubra agora