Capítulo 46

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Hermione

Os abusos são constantes, aquilo me assusta bastante, graças a Deus não é nada sexual, mas os físicos e mentais estão a cada dia piores.

Achei uma madeira perto da porta, ela tem uma ponta bem afiada, mas não usei para nada contra ele, por enquanto apenas estou tentando quebrar essas amarras de ferro.

Tinha medo de um choque, mas estava tentando a todo custo quebrar elas para ele não me prender.

O plano já estava totalmente bolado em minha mente, percebi que aqui não tem câmeras, então sempre que ele me coloca na cama, aciona as amarras de ferro fora do quarto já e no outro dia apenas me solta quando está lá dentro.

Então pensei em quebrar elas, assim que ele achar que estou presa, surpreendo ele com um golpe.

Inclusive tento fazer isso agora, um lado já foi, agora o outro está bem complicado. Bato a madeira violentamente no ferro, a enfio em alguns fios atrás e ela se desprende de mim.

Salto da cama e fico sem ter uma reação direta, tudo que eu preciso agora é de paciência, paciência e correr para o banheiro pois preciso vomitar urgentemente.

Corro para o banheiro, levanto a tampa do vaso e despejo ali tudo que comi ontem a noite, tenho certeza que a comida daqui é estragada, sempre passo mal.

Lavo minha boca e observo o meu rosto com começo de acne, ficar ali estava literalmente acabando comigo.

Saio do banheiro e ouço um barulho na porta, corro para a cama e deixo as amarras em mim.

-Bom dia. -Comarco entra com o almoço.

Fico em silêncio, ele clica no botão de abrir minhas “algemas” e se vira, é a minha oportunidade de tirar elas de mim e fingir que nada está acontecendo.

Quando ele se vira, tento me levantar, mas me sinto tonta, muito tonta, então apenas espero um pouco na cama.

-Pode vir comer. -Me recupero e vou até o prato.

Assim que sinto o cheiro forte de cenoura e vinagre, viro a cara ficando enjoada.

-O que houve Mione? -Comarco me abraça por trás, sinto um arrepio ruim em meu corpo. -A comida não está do seu agrado?

-Comarc... me deixa em paz, por favor. -Imploro quando ele beija meu pescoço.

-Vamos lá, vai me dizer que não te excito? Nem um pouco. -Dessa vez e sobe e segura meus seios, sinto vontade de vomitar.

-Me solta Comarco. -Peço e ele ri.

-Ah porra, como você é uma vadia. -Me viro e ele acerta em cheio meu rosto com um tapa certeiro.

Agora a tortura começa, sempre tento me defender, o bato o máximo que posso, mas meu corpo não aguenta muito, sempre acabo apanhando mais.

-Tem coragem de abrir as pernas para o mentiroso do Malfoy e para mim nada? -Pergunta e me sinto nauseada.

-Eu amo Draco, o sentimento mais verdadeiro que sinto por você é nojo. -Cuspo em seu rosto e ele me joga na cama.

-Já deu Hermione. -Diz e sai da sala.

Em seguida ouço o barulho das amarras, me prendo de novo da forma que posso.

O tempo vai passando, ficar aqui é a pior tortura, meu corpo dói, principalmente na área descendo a barriga, ele nunca me bate lá, tenho sorte dele nunca ter me abusado sexualmente.

Mas não sei até quando sua paciência dura, jurei que ele nunca iria ao menos encostar um dedo em mim e as agressões começaram a menos de uma semana.

Tento lutar para sair viva, mas sei que as chances são muito pequenas, mesmo assim vou lutar.

O tempo vai passando, não tenho noção de horas, mas chuto que uma hora depois ele volta com uma bandeja coberta.

-Um desperdício tão grande... -Comenta. -Você me faz perder tantas coisas.

-Do que está falando? -Pergunto e ele descobre a bandeja.

Engulo seco quando vejo diversas ampolas e muitas seringas, o que ele iria fazer.

-Overdose, que morte magnífica. -Fala enquanto enche as seringas com os líquidos das ampolas.

-Não faça isso. -Tento interferir. -Não sou viciada em nada.

-Oh querida, sua amiga Gina também não. -Fico confusa, o que Gina tem a ver com isso?

-Gina não tem vícios. -Falo convicta.

-Mas foi internada por uma overdose há semanas atrás. -Sinto uma pontada no peito, ouvir aquilo dói.

-É mentira. -Rebato, ele deve estar querendo entrar na minha mente.

-Tentou se suicidar... -Quero chorar por aquilo, mas me mantenho forte, queria ver Gina. -Sabe Hermione... tudo saindo como o planejado, vão encontrar seu corpo, morte por overdose, a mesma forma que Gina Weasley tentou se matar. -Ele ri de sua própria explicação.

-Eles são do FBI, sabem quem é o 13 Friday. -Continuo firme, ele não pode saber que estou morrendo de medo no fundo.

-Mas essa missão não será mais do super quarteto, com sua acidental morte e o quase suicídio de Gina, vão concluir que Draco e Theodore são péssimos parceiros de equipe. -Termina de encher a última seringa e se vira. – Fim, 13Friday 1000, FBI 0.

Ele tenta se aproximar, apenas tenta, assim que chega de um lado de minha cama, me livro das amarras e pulo para o outro.

-Porra. -Fico assustada e com a força que quase não tenho, empurro a cama para seu corpo.

Ele fica entre a cama e a parede, aproveito o momento para correr.

Abro a porta, penso que para o último lugar que corri, não tinha absolutamente nada, apenas aquela porta trancada, então corro na direção oposta.

Por sorte estava com uma calça de moletom e blusa normal, mesmo descalça, corro com tudo que tenho, precisava sobreviver.

Ouço o barulho de um tiro, em seguida um tiro passa de raspão por meu braço, olho para trás e vejo Comarco no fundo do corredor.

-VADIA. -Ele grita.

Olho uma escada virando a esquerda, faço isso, subo a escada correndo, no final dela uma porta, está trancada.

Começo a me desesperar, ouço seus passos próximos. Tomo uma medida desesperada, pego impulso com meu corpo e arrombo a porta com ele.

Meu braço dói muito, estou na área da piscina, ela é fechada, então apenas sou racional e saio correndo para a parte da cozinha.

Quando piso o pé na porta, ouço outro tiro, corro mais ainda, por ficar assustada, paro próximo a dispensa.

Já estou dentro de sua casa, ofegante e trêmula, olho para os lados e vejo um telefone.

Antes que possa pensar em pegar, a porta da dispensa se abre, Comarco sai de lá, em um golpe rápido arranco a arma de sua mão e ela vai ao chão.

-Você morre hoje Hermione. -Ele estapeia meu rosto com a parte de trás de sua mão, não me deixo abalar.

Soco sua barriga, ele coloca a mão, soco seu rosto e ele vai para trás, tento ir até a arma, mas ele me segura.

Não sei que golpe tomei, mas cai no chão, me arrasto para pegar a arma, ele faz o mesmo, mas uma voz nos para.

-Amor? -Olho para frente e vejo Victor. -O que é isso? Comarco, que porra é essa?

Antes de fazer mais alguma questão, Comarco consegue pegar a arma.

Pensei que sua primeira vítima fosse ser eu, mas vejo que me enganei. Sem dó alguma, ele aponta a arma e atira certeiramente em Victor.

Ele cai no chão e o sangue se espalha.

Comarco era verdadeiramente um monstro.

Sweet Lies -Dramione (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora