Too Young For This

05. Podemos ser o nosso felizes para sempre

Nos primeiros dias montaram uma barraca ao lado da cabana, era impossível viver lá antes de fazer algumas reformas.

Na manhã seguinte a que chegaram no local, Nuer passou a juntar madeiras e consertar as partes quebradas da cabana velha, depois de um pouco mais de uma semana e uma boa limpeza usando água do rio próximo, puderam finalmente passar uma noite dentro da casa, ainda que só tivesse o pequeno colchão inflável como mobília.

Apesar de todas as dificuldades que estavam passando, sempre havia aquele breve momento no dia que tudo parecia valer a pena. Ver o namorado sem camisa, suado, carregando aqueles troncos pesados para lá e pra cá, construindo tudo que precisavam com as próprias mãos, tinha o seu valor.

Tiveram que gastar boa parte do dinheiro que Venice deu para deixar o lugar mais habitável, como comprando materiais para terem água encanada em casa, terem a mobília básica como fogão e geladeira e também alimentos e outros produtos necessários.

Em cerca de dois meses, estavam com apenas alguns trocados, que não seria o suficiente para se sustentarem e muito menos para comprar o que o bebê que nasceria em breve iria precisar.

— Eu vou até a cidade aqui perto e vou pegar qualquer emprego. Tem um hotel que provavelmente está contratando. — disse Nuer enquanto eles contavam as poucas moedas que tinham.

— É tão longe, você vai levar um bom tempo indo e depois voltando. — suspirou frustrado.

— Não tem problema, é só por um tempo. Vamos juntar dinheiro e poderemos morar em um lugar melhor. — tentou motivar o namorado, que ainda estava bem triste.

— Me desculpe! — disse, deixando as lágrimas escorrerem por seu rosto — Me desculpe ter colado a gente nessa, me desculpe por também não ter sido cuidadoso, por ter feito você fugir comigo e agora a gente viver essa vida miserável. 

— Você não me obrigou a nada, eu também quis tudo isso e vai ser por pouco tempo, eu prometo.

Aquele pouco tempo não parecia ter fim nunca. Nuer levava duas horas de moto para chegar até seu trabalho, seguindo pela via expressa até a próxima cidade, indo sempre  o mais longe que podia para os pais não o encontrassem. Trabalhava cerca de doze horas e então levava mais duas horas de volta para a cabana.

Conseguiu um emprego péssimo em um hotel para pessoas de alta classe. Seu trabalho consistia em carregar tacos de golf e catar bolinhas perdidas pelo campo. Porém, por mais terrível que fosse, precisavam disso. Fa Ying precisava disso.

(...)

Na noite que a pequena ômega nasceu, estava chovendo forte como nunca e Nuer deu graças a Deus por estarem naquele hospital e por Syn ter que se recuperar alguns dias antes que pudessem voltar para a cabana, pois a pequena Fa Ying não merecia viver em uma situação daquelas e se ver em um momento como aqueles, o fez ter mais gana para conseguir mudar suas vidas o quanto antes.

— Como está se sentindo? — perguntou, dando um beijo na testa e depois um em cada bochecha do namorado, fazendo Syn sorrir.

— Melhor, mas sinto que minha gravidade foi alterada depois de ter perdido aquela barriga. — disse rindo.

— Eu vou arrumar um emprego melhor, você merece muito mais do que isso e agora tem que se alimentar muito bem para cuidar bem da nossa filha.

— Não se preocupe, a gente está bem.

— Papai, está na hora do mama. — disse a enfermeira, trazendo a pequena princesinha, entregando nos braços de Syn, logo depois o ajudando com amamentação até que ele pegasse o jeito.