A Decisão

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- Acorda - sinto um estralo em minha testa, fazendo minha cabeça levantar, abro os olhos com dificuldade, pela iluminação, que me cega temporariamente

Quando consigo enfim olhar onde estou, percebo estar presa, sentada em uma cadeira, com as mãos amarradas, uma sala escura, fria, com apenas uma lâmpada que não fica parada, olho em volta então sinto uma dor, muito forte na cabeça, ainda não tinha visto quem havia me acordado, então ouço um barulho atrás de mim, e uma mulher aparece na minha frente, não a reconheço, porém seu rosto me dava medo

- Achei que iria dormir para sempre - ela ri, porém não entendi a piada - a é verdade, sua bela adormecida já escolheu essa opção

Mesmo não entendo nenhuma palavra do que ela me dizia, sinto meu coração se acelerar, "minha bela adormecida" e sinto a dor forte novamente

- Quem é você?

- Sério? Essa é sua primeira pergunta? Ja era óbvio, que você não amava ele mesmo

- Do que esta falando??

- Ok, acho que você bateu a cabeça um pouco mais forte do que o esperado, então vamos lá. Você simplesmente fudeu com o amor da sua vida, destruiu ele, dizia amar, mas parece que você não sabe o que é isso, não é? Ele está morto, você deve saber, as consequências dos atos - diz balançando a cabeça negativamente - são trágicas, porém olha como eu sou boa, vou te ajudar

- Com o que? - sinto minha garganta secar, um nó se formar

- Ora, com o que você sempre sonhou, ele de volta, seus erros apagados, final feliz para sempre

- Por que faria isso?

- Por que eu quero

- Então o que me diz?

- ... - mantenho meu olhar no chão, sem responder, havia algo errado, eu só não sabia o que

*Não tão longe dali*

- Como ela foi sequestrada??? Como você deixou isso acontecer, isso não pode estar acontecendo

- Se acalma, a gente vai achar ela, não está longe, posso ouvir o coração dela

- Até eu estou ouvindo, mas estar viva, não é estar bem, podem... Podem

- Eu sei que podem, se acalma, vamos dar um jeito, estamos procurando em todos os lugares

- Eu quero fazer algo, não vou ficar aqui parado

- O que quer fazer? Se você sair, podem te pegar também, não podemos arriscar perder os dois

- "Perder" é assim que ja está se referindo a ela?? Pois eu não há perdi

- Desculpa, me expressei mal, só se acalma, vamos achar ela

*De volta a sala escura*

- Então? Eu não tenho a noite toda - noite? Então estava de noite

Forço tentar me recordar de algo, alguém, qualquer coisa, mas não consigo, minha cabeça dói toda vez que tento pensar, é exaustivo, parece que se eu me lembrar de algo, eu desmaio, por forçar tanto a mente, mas preciso me lembrar

- Ok, você não quer cooperar, vamos deixar mais interessante, o que quer saber? Vai lá, eu respondo tudinho

- Se não respondeu a primeira pergunta, quem dirá que vai responder a segunda?

- A gatinha tá mostrando as garras, você não pode saber quem sou eu, se não... Simplesmente não pode - Ela está escondendo algo

- Ok, onde estou?

- Digamos que no purgatório, aqui vou te condenar inocente ou culpada, e a condenação só depende da sua resposta, quer ele de volta ou não?

- Por que eu não consigo me lembrar?

- Bom, não sou médica porém ou é uma grande trauma emocional - leva a mão na boca como se tivesse me contando um segredo - ou a batida na cabeça - diz apontando

- Por que estou presa?

- Por que você é perigosa solta - ela não parece ter medo de mim, na verdade parace me desafiar

- Por que eu seria?

- Você tem digamos, super poderes, mas é uma pega você não lembrar, não pode usar - então a pancada na cabeça foi de propósito, para que eu não lembrasse nada, nem de quem sou, então fecho meus olhos e vejo uma estrela

-  O que quer comigo?

- Te ajudar, fazer você entender algumas coisinhas

- Que coisas?

- Ah não, não vamos estragar a brincadeira, e agora chega, responda a minha pergunta de uma vez

*Não tão longe dali*

- Achou alguma coisa???

- Simmm, eu consegui ver ela, e aparentemente está bem

- Aparentemente?

- Bom, é que a cabeça dela tava sangrando um pouco

- Meu Deus

- Mas ela estava acordada, e bem, eu acho

- Machucaram ela???

- Provavelmente e descobri uma coisa

- Merda, o que?

- Vão tentar convencer ela, a meio que fazer um acordo bemmmm ruim

- Como assim??

- Quando o coração dela acelerou e você ficou mais preocupado ainda, eu vi que foi por que ele acha que você, bom, morreu

- Ela acha que eu morri???

- Sim, provavelmente pela pancada ela não deve estar pensando direito

- O que a gente faz??

- Não tem o que fazer, só esperar

*De volta a sala escura*

- Eu não vou responder nada, enquanto não me lembrar

- É isso que quer? Posso fazer - é mentira, ela não quer que eu me lembre, a mulher em minha frente some entre a escuridão da sala, me fazendo temer a cada instante, pois me sentia observada, mesmo não vendo ninguém

- Aqui está, é só respirar - então assopra um pó no meu rosto, não tive tempo de pensar e não respirar, quando percebi estava em um sonho

As cenas se passavam como filmes, então eu vi ele, me lembrei, lembrei do que eu mais queria esquecer, eu o machuquei e o perdi

Abro meus olhos com lágrimas, era disso que ela dizia, ela podia trazer ele, ela podia apagar as coisas erradas, eu deveria confiar?

- Ok, você quer sua resposta? - ela se endireita e abre um sorriso de vitória

- NÃO - ouço um grito, uma voz tão familiar e linda

- Então? Estou esperando - pela reação dela, ela não ouviu, apenas eu, quem poderia ser? Foi um grito alto porém distante

*Não tão longe dali*

- O que você fez??

- Como assim? Eu não fiz nada

- Não, fez simm, ela ouviu a sua voz

- Não sabia que era possível

- Eu também não, faz de novooo, achamos ela, vamos tirar ela de lá, você só precisa a distrair

*De volta a sala escura*

Não? O que? Pra mim não confiar? Pra mim não responder? Pra mim responder não? Ah droga, que confusão, mas foi bom ouvir, quero ouvir de novo

Fecho os meus olhos, respiro fundo e quando os abro, vejo brilho, pedacinhos brancos brilhantes em minha frente, vários fragmentos, é lindo, porém não faço ideia do que seja, quando tento buscar com meus olhos, não vejo nada, apenas quando olho sem olhar, então entendi, olho para a mulher na minha frente e digo

- Ele está vivo.

Contos (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora