04 ══ IV

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— Por que me trouxe aqui? — Jaehyun perguntou impacientemente. A mulher sorriu em resposta.

— Você veio porque quis — ela caminhou ao seu redor, avaliando-o por completo. Sua calma afligia cada nervo de Jaehyun.

— Você queria que eu viesse. Agora me explique o que você quer.

Kang Seulgi sorriu, subindo seu olhar satisfeito à parte de trás da cabeça do homem, que não se virou em nenhum momento.

— Você é um menino muito obediente, gostei de você... Mas será que é por isso que seus superiores conseguem tão facilmente te fazer lamber as bolas deles?

Em um segundo, a mão de Jaehyun já estava completamente colada ao pescoço da mulher. O Lee notou que, diferente do vampiros comuns, ela respirava. Mas mesmo sufocando, seu maldito sorriso convencido continuava à mostra.

— Me diz o que você quer antes que eu acabe com você de uma vez — disse entredentes, próximo ao seu ouvido, logo afrouxando o aperto e deixando a mulher desabar ao chão. Jaehyun continuou em pé sem qualquer expressão enquanto a outra tossia.

Porém, o que ele escutou logo após a tosse foram as risadas desenfreadas da mulher.

— Você acha mesmo que pode me destruir, Jaehyun Lee? — ela ergueu a cabeça lentamente, encarando a frieza concentrada no rosto do Lee. — Além do mais, se você quisesse me matar, já teria feito muito mais do que só tentado me asfixiar. Então, vamos lá! Me diga, por que está sendo tão covarde?

A mulher pôs-se a rir mais uma vez. Jaehyun cerrou o punho, mas logo o afrouxou, relaxando a rugas anteriormente formadas em sua testa. Ele não podia ceder ao joguinhos dela, seu objetivo não fora cumprido ainda. Ele precisava ser paciente.

— Me diga seu nome.

O pedido fez o sorriso da Kang desaparecer. Em meio a tantas coisas que ele poderia perguntar, por que diabos aquela pergunta seria importante?

— Não.

Dessa vez quem riu foi Jaehyun.

— Você não faz ideia do porquê dessa pergunta, estou certo?

Seulgi finalmente se colocou em pé, rodando o anel em seu dedo anelar enquanto dava alguns passos lentos adiante.

— Não seja tão convencido. Eu só não vou me prestar a te dar qualquer tipo de ajuda. Não esqueça que você está para me matar. Quer que eu abaixe a guarda? Abaixe a sua então. O que você ainda quer comigo?

A mulher o fitou de longe, soltando seus braços. Jaehyun teve de ceder, mesmo que não quisesse.

— Você tem algo que eu quero.

Um sorriso convencido se formou nos lábios da Kang, mesmo diante do semblante sério que o rosto de Jaehyun possuía em quase todo o momento.

— Quer meu corpo?

Jaehyun ergueu uma de suas sobrancelhas. Seulgi decidiu prosseguir:

— Você sabe, mocinhas como eu tendem a ser vítimas de experimentos absurdos. Imagine só a curiosidade de seus superiores se souberem que eu sei fazer isso.

A Kang esticou seu braço para frente e abriu sua palma no ar de repente. Jaehyun surpreendeu com a ação repentina, mas nada aconteceu a si. Ele então virou-se de costas. Através de alguns espaços na parede mal feita, era possível enxergar o palco onde o festival de fantasia acontecia. Ao longe, Jaehyun pôde ver a mulher ao microfone se contorcendo de dor na frente de todos, mas nada visível parecia a atacar.

Jaehyun voltou seu olhar a Kang, um misto de fúria e receio podia ser visto em seus olhos.

— Deixa ela em paz.

— Você a conhece?

— Ela é apenas uma humana — afirmou o Lee. Os gritos ao longe faziam um escândalo assombroso e logo a multidão bêbada reagia negativamente, temendo que a mulher houvesse enlouquecido.

— Exato, ela é apenas uma humana.

Jaehyun impulsivamente chegou perto da Kang e agarrou seu pulso, embora este ainda estivesse pairando no ar.

— Pare com isso agora — ordenou Jaehyun, usando um tom de voz mais sombrio. Seu rosto a centímetros do rosto da mulher não a intimidou, mesmo que ele apertasse seu pulso com uma força considerável.

— Eu parei.

Ela disse suavemente e os gritos cessaram logo após. Jaehyun virou a cabeça para trás e só encontrou a mulher segundos depois, notando que a mesma estava desmaiada e sendo levada para fora do palco por outras pessoas. O Lee usou os últimos segundos de aparição dela para procurar alguma pista de como Seulgi pudesse ter manipulado suas sensações e sua consciência, mas tudo o que viu foi um desenho brilhando em luz roxa desaparecendo discretamente do tornozelo da mulher.

Ele encarou Seulgi novamente e finalmente soltou seu pulso, permitindo que ela relaxasse o braço.

— O que fez com ela? — questionou Jaehyun, encarando algum ponto no chão.

— Isso.

Os movimentos da Kang foram impossíveis de acompanhar. Por mais que o Lee tivesse inclinando sua cabeça para trás a tempo de não ser acertado pela Kang, a outra mão dela acabou sendo direcionada ao estômago dele, onde ela encravou todas as suas unhas. Jaehyun se debateu internamente desejando se mover, mas seu corpo já não respondia mais.

A Kang puxou sua mão de volta e a ergueu, levando as costas da mesma contra o rosto do Lee num estalar alto, jogando o mesmo ao chão com a força do impacto.

— Ops, método errado. — ela debochou, ajeitando o anel em seu dedo que havia ficado torto após a agressão. — Entretanto, acho que isto será o suficiente para você no momento.

Jaehyun grunhiu, pressionando seus dentes fortemente uns nos outros. Seu corpo encolhido doía por inteiro, tal como se ele tivesse sido envenenado. Mas pior que a dor era a paralisia que sequer o permitia mover a cabeça.

O Lee viu a mulher abaixar-se diante de si com um grande sorriso, mas sua visão já estava começando a ficar turva. Ele viu os lábios da mulher moverem-se, mas nenhum som chegou aos seus ouvidos. E de pouco em pouco, a escuridão tomou sua mente por completo.

Blood Scent ══ jaehyun x seulgi Onde histórias criam vida. Descubra agora