12 ══ XII

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O Lee caiu para trás, mas ainda não estava morto.

Jaehyun encarou o rosto imóvel dele, e então uma meia frase foi pronunciada.

— Ela não... A princ...

Então, sua voz desapareceu. Jaehyun continuou o encarando, no entanto, não podia pensar nele agora. Arrastando-se com dificuldade, ele alcançou o corpo caído de Seulgi. Seus olhos estavam fechados e ela respirava muito fracamente. Jaehyun desesperou-se. Ele a chamou, mas não parecia surtir efeito.

— Por favor, fique comigo. Por favor... — ele sussurrou, sem forças para gritar.

Jaehyun a balançou desesperadamente. Não houve resposta. Sua garganta apertava dolorosamente, ele não podia aceitar aquilo, de jeito nenhum. Mesmo assim, ele não tinha ideia do que fazer. E, sobre o corpo dela, em meio ao desesperança, ele abaixou a cabeça, deixando as lágrimas descerem em grande quantidade. Havia algo em si pesando, uma espécie de pavor, o medo de a ter perdido para sempre. A única semelhante assim, embora não possuíssem parentesco. Ele não aguentaria a ver partir.

Ao abrir os olhos, Jaehyun soluçou e encarou o rosto sereno dela mais uma vez. Ele se inclinou sobre ela e tentou sentir sua respiração novamente, mas, dessa vez, ele não sentiu nada. Jaehyun apertou os olhos e socou o chão, abaixando sua cabeça enquanto mais lágrimas se derramavam sobre ela. Ele abriu os olhos contra a sua vontade, mas ao o fazer, notou um brilho de coloração roxa na mão dela, mais especificamente, em seu anel. Uma pedra semi transparente brilhava intensamente. Jaehyun moveu para trás e notou que a luz estava se espalhando por todo o corpo dela calmamente. Vozes, sabe-se lá de onde, falavam em sussurros confusos. Poucas palavras eram entendidas por Jaehyun, mas em algum momento ele pôde escutar claramente uma fina voz dizer "salvem a princesa".

— O quê?! — Jaehyun foi tomado pelo espanto ao ver a espada no peito de Seulgi simplesmente se desmanchar em minúsculas partículas de pó, desaparecendo completamente.

Jaehyun observou o brilho ao redor ir diminuindo aos poucos, até sumir por completo. Após isso, ele observou o rosto de Seulgi com atenção. Sua esperança dividida pela metade. De repente, ela abriu os olhos.

— Céus! — Jaehyun deitou sobre o corpo dela no mesmo instante, tendo seu corpo suavemente abraçado por ela. Ela estava viva. Ela estava viva, pensava ele.

— Eu a vi... — Seulgi falou de repente. Jaehyun afastou-se brevemente, vendo lágrimas no rosto de sua amada. — Eu vi minha mãe. Ela falou comigo.

Jaehyun assentiu, sorrindo junto a ela.

— Como isso aconteceu?

Seulgi explicou brevemente que, no momento em sentiu sua respiração parar, ela enxergou um cenário diferente. Tudo era escuro, até uma figura brilhante aparecer. Ela possuía uma coroa dourada repleta de detalhes refinados e um vestido preto longo. Ela não era ninguém menos do que a bruxa rainha. Ela era a líder da raça.

Após minutos de explicação, Jaehyun assentiu e olhou para trás. O corpo morto do Lee continuava ali. Jaehyun o olhava com o mesmo desprezo, e aquele sentimento não havia mudado mesmo sabendo que ele havia sido o causador de todo o sofrimento ao longo da vida de Seulgi. Tanto por ter feito sua filha sofrer, quanto por ter dado início às caças do paradeiro da Kang, a fim de eliminar de uma vez por todas a última lembrança viva da antiga esposa que ele mesmo matou, no caso, a própria rainha.

— Fique calmo. Ele não nos perturbará mais. — Seulgi se colocou sentada e segurou seu rosto, o fazendo olhar para si. — Nunca mais.

Ela colou seus lábios nos dele e iniciou um beijo no qual queria poder permanecer para sempre.

[...]

A notícia se espalhou como o vento. Ninguém jamais imaginaria que o líder dos vampiros do clã Lee foi casado com uma bruxa, uma mulher da raça que ele mais declarava seu ódio. Mas a verdade logo esclareceu tudo. As bruxas sempre foram mal vistas, mas ainda podiam existir entre os vampiros. Porém, ela nunca contou a ele quem ela realmente era. Isso até a filha deles crescer e apresentar uma característica extremamente rara: o sangue misto de duas raças. Ela movia os elementos da natureza sem se dar conta, e era sólida e forte com um vampiro. Por mais que a mãe encobrisse suas habilidades, um dia, a verdade veio à tona. Se tornar dono de um Instituto de pesquisa o daria o direito de realizar caças às bruxas com a desculpa de que elas eram más e precisavam ter suas habilidades demoníacas estudadas. A verdade, no entanto, era que ele havia prometido que eliminaria todas bruxas existentes, incluindo sua própria filha. Principalmente sua própria filha.

Felizmente, Seulgi descobriu somente após a morte dele que ele era seu pai. E aquela notícia, dada diretamente por sua mãe em seu breve sonho, foi algo que ela deixou de lado instantaneamente.

Afinal, havia um reino inteiro de bruxas e bruxos escondidos para ela, a nova recém rainha, cuidar.

Reinado este que ela compartilharia com o novo líder do clã Lee, o qual foi nomeado após ter se espalhado que ele próprio havia assassinado o primeiro líder deles. Dessa forma, por hierarquia, todos deviam respeito e obediência a ele.

No terraço do palácio recém construído, Seulgi estava sentada à mesa observando a paisagem, até Jaehyun chegar.

— Você conseguiu, os libertou. — Jaehyun sorriu para Seulgi, colocando as mãos nos bolsos.

Seulgi sorriu de volta. Um mês após ela assumir seu cargo de rainha, ainda era difícil acreditar que tudo aquilo era real. Bruxos e bruxas saíram das sombras e agora poderiam viver entre os vampiros harmoniosamente. Aqueles que ousassem maltratar ou agir de forma preconceituosa contra os bruxos ganhariam pena máxima de tortura por ordens da própria rainha. No entanto, nenhum caso até então fora digno da penalidade, o que fazia Seulgi se sentir feliz e mais próxima da realidade de seus sonhos. Uma onde sua raça e ela viveriam sem ser caçados e mortos. Uma onde ela poderia ser ela mesma.

Mesmo sendo triste abandonar seu covil, ela ainda o manteria bem preservado. Em seu sonho ela acabou descobrindo que foi ali que ela nasceu. Sua mãe a levou até lá secretamente porque ela própria havia nascido lá. Fora isso, Seulgi descobriu que no mais fundo da estrutura diversas lembranças, desde livros e outros materiais para feitiços estavam guardados por lá, somente esperando o reinado de Seulgi ser assumido pela magia do anel. Um feitiço criado por sua mãe, que determinava que seu anel mágico brilharia emanando proteção e poder uma vez que seu pai fosse derrotado. Fosse por ela ou por outro. Dessa forma, ela governaria em completa segurança e liberdade.

Em pé ao seu lado, Jaehyun pegou sua mão e a acariciou levemente. A mão da mulher que seria somente sua para o resto de sua vida.

— Eu tenho orgulho de você. — embora Jaehyun dissesse aquilo todos os dias, ele não se cansava. E nada era mais aconchegante do que o sorriso de gratidão da Kang sempre que o ouvia falar aquilo. — Você será uma rainha incrível.

— Obrigada por estar comigo. — Seulgi sorriu e se levantou, segurando as mãos do Lee. Ela então abraçou seus ombros, beijando-o com todo o amor que ele havia feito surgir dentro dela. Ele a salvou. Ela seria grata a ele pelo resto de sua vida. — Eu te amo.

— Eu te amo. — respondeu Jaehyun. Ele olhava nos olhos dela, apaixonando-se em cada piscar e em cada respirar dela.

O mundo, daquele em tempo em diante, floresceu como nunca antes. Os tempos eram novos tempos. Não mais haveria guerra contra raças menores, não mais haveria ódio. Seulgi havia renascido diversas vezes até alcançar a paz de ser quem ela realmente era. E nada era mais libertador do que aquilo.

The End.

Blood Scent ══ jaehyun x seulgi Onde histórias criam vida. Descubra agora