Seis

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Dormi a noite toda e só acordei no outro dia com minha mãe me chamando, ela sabia mesmo como encher o saco, mesmo assim eu gostava muito dela.

— Acorda garoto, vai perder a escola, não me faça abrir a porta a força! — gritou ela.

— Já estou acordado. — resmunguei com desanimo.

Ela escutou e depois foi andando para arrumar suas coisas, eu levantei da cama e fui para o banheiro, estava cansado, muito cansado. Me olhei na frente do espelho e quase levei um susto quando vi minha cara toda amaçada. Dei uma risadinha de leve quando lembrei que minha noite perdida de sono foi culpa do Lucas.

— Gatinho. — falei na frente do espelho imaginando que Lucas estivesse na minha frente.

Tirei a cueca e entrei na água quente, comecei a me tocar e logo mais quando vi estava me masturbando. Uma perfeita masturbação que foi cortada pelo celular tocando e eu já até imaginava quem era.

Desliguei o chuveiro e peguei a toalha para não derrubar água pelo banheiro todo, atendi a ligação:

— Demorou em!

— Fala querida Julia, o que deseja? — perguntei irritado e achando a situação toda engraçada.

— Já até imagino o que estava fazendo, seu nojento!

— (Risos), então, eu estava aqui de boa né. — falei em um tom de voz surpreendentemente calmo.

— Eu só liguei mesmo pra saber se vossa senhoria vai para a escola? — perguntou.

— Já estou me arrumando.

— Belezinha. — desligou.

Terminei meu banho e fui me arrumar, minha mãe já não estava mais em casa. Ia saindo para fora de casa quando levo um susto.

— Bom dia! — alguém gritou feliz. — Hoje vamos sair!

Lucas estava na porta de minha casa com o mesmo carro do dia passado, eu até me surpreendi.

— Acho que só é bom dia para você. Estou indo para a escola.

— Calma, vem tomar café da manhã comigo?

— Me dê um bom motivo? — perguntei.

— Quero ser seu amigo. Isso é um bom motivo?

— Acho que não é. — resmunguei. — estou atrasado. Beijinhos de luz!

Fui andando em passos meio largos e Lucas atrás. Cheguei na quadra da escola e Lucas me segurou pelos braços e eu pude sentir novamente aquela sensação de ser tocado por ele, até fechei meus olhos apenas para sentir o arrepio que percorria todo meu corpo.

— Fiquei calado até aqui, agora volte para sua casa, vista uma roupa melhor e vamos tomar café da manhã comigo! — ordenou.

Nessa hora eu vi Everton e Daniel de longe que perceberam o que estava acontecendo e chegaram mais perto.

— Está tudo bem ai Gustavo? — perguntou Daniel.

— É, você está bem? — disse Everton. — Não quer uma ajudinha ai não?

Fiz sinal com a cabeça dizendo que não e eles foram se afastando um pouco, os dois estavam preocupados comigo.

— Me dê agora um BOM MOTIVO para tomar café da manhã com você? — perguntei.

— Eu sou fofo, bonito, gostoso e mando em quem eu quiser. — disse ele.

— Desculpe, não me convenceu.

— Também eu tomo café da manhã sozinho à três anos, me dê apenas um pouquinho de atenção?

Confirmei com a cabeça informando um sim.

— Aqui perto da escola tem uma cafeteria, não é uma das melhores mas você pode ir lá comigo não é mesmo? — perguntou e nem esperou a resposta, Lucas já estava me puxando pelos braços.

Eu não disse nada no caminho todo e o que parecia perto na verdade era longe, afinal a cafeteria ficava a quatro quadras da escola e para mim isso era muito longe.

Chegamos lá e eu entrei primeiro, era coisa de pessoas ricas, eu nunca poderia tomar um cafézinho ali que eu garanto que uma pequena xícara seria mais de dez reais.

Lucas foi até o balcão e pediu para ele, se virou para mim e perguntou:

— O que você vai querer?

— O que for mais barato de preferência, estou sem muito dinheiro.

Lucas se virou para o balcão e informou:

— O mesmo que o meu.

O senhor do balcão olhou feio para Gustavo e logo foi arrumar o pedido, Lucas sentou-se na mesa e ficou me olhando com uma cara de quem era culto.

Logo o pedido chegou e não era qualquer coisa, parecia um banquete vegetariano, folhagem, pães, café, tinha até um pavê de sobremesa.

Comemos em silêncio, eu estava com um pouco de vergonha.

Lucas pediu a conta e eu falei:

— Quanto deu o meu cara?

— Calma, eu vou pagar! — exclamou ele.

O senhor trouxe a conta até nós e eu vi o preço meio de longe, dera só a minha parte 80,00 R$, eu nunca teria dinheiro suficiente para pagar aquilo e fiquei com um pouco de vergonha.

Lucas pagou e se levantou.

— Vamos?

No meio do caminho mais silêncio, eu já estava ficando desconfortável com a situação.

Sentamos em um banco de uma praça que tinha perto da cafeteria e ficamos conversando, minha mochila estava um pouco pesada, retirei ela das costas e coloquei ela no chão da grama, olhei para lucas e ele estava me olhando, do nada ele me olhou e me beijou.


Refúgio (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora