Aquele com semblante encantador

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Povo Heeseung:

Depois de quase Trezentos anos estamos de volta a Sanydeioll.

- Tem certeza que foi uma boa ideia voltarmos? Foi aqui que teve sua última crise. - diz Jake.
- Eu sei, e as lembranças me fazem ter forças para não deixar que isso se repita.
- Confiaremos em você irmão. - digo com certo receio.

Eu confiava em Sunghoon, mas não vou mentir, sempre tive receio que ele tivesse uma recaída. Nosso pai não está mais aqui então não sei se conseguiríamos segurá-lo.

- Eu só não entendo porque temos que estudar. - digo revoltado. Já perdi as contas de quantas vezes eu vivenciei o ensino médio e apesar de épocas diferentes a construção social não muda o que deixa tudo uma perfeita chatice.
- Sanydeioll continua sendo uma cidade pequena. Levantariamos suspeita se não fizéssemos nada. Eu consegui um emprego no banco da cidade. Isso vai justificar nosso dinheiro a outra parte mentimos dizendo que é herança. Vocês três irão para escola e dessa forma poderemos passar a imagem de uma família normal.
- Somos órfãos, isso por si só já nos desclassifica como normais. Viramos alvo em qualquer lugar que a gente passe.
- Heeseung tem razão. Não acho que isso possa convencer ainda mais se tratando de uma cidade pequena onde qualquer novidade é bem vinda. - diz Jake.
- Não se preocupem, basta fazerem como sempre fazem certo? Ajam normalmente e tenham cuidado para não serem pegos. De qualquer forma precisávamos voltar.
- Entendido.

Niki não está bem, a falta de lembranças da sua infância está fazendo com que ele perca sua identidade. Eu entendo Sunghoon em querer trazer a gente de volta, ele sabe que é disso que o Niki precisa e também acredito que estando aqui possa ajudar ele de alguma forma, mas aaaaaa não tem energia pior do que uma cidade pequena.

- Quanto tempo?
- O que?
- Quanto tempo vamos ficar Sunghoon.
- Acabamos de chegar e você já está perguntando quando vamos ir embora? Eu gosto daqui, se eu pudesse eu não iriam embora nunca mais.
"Faço o favor Niki quem ficaria feliz morando nesse fim de mundo? É óbvio que eu quero ir embora eu não suporto essa atmosfera." Pensei comigo mesmo. Eu posso até ser rude, mas sei ter tato com meus irmãos... Afinal de contas eles possuem um defensor que é assustador quando está bravo... - E então Sunghoon?
- Ficaremos um bom tempo.
- Ótimo, vocês podem ficar ano que vem vou para faculdade e...
- Na verdade eu te matriculei no segundo ano.
- Você vai me fazer estudar com pirralhos que nem saíram das fruadas direito?
- Você vivia reclamando que está cansado do último ano. Pensei que ficaria feliz.
- Isso é péssimo... Todo mundo vai achar que eu repeti de ano.... Espera você falou isso para eles?
- Eu só disse que repetiu... Não precisa ser tão dramático. Eu preciso de um bom emprego isso justifica nós mudarmos tanto.
- Vão pensar que eu fui expulso.
- Porque está preocupado se não vai ficar tanto?
- Você mesmo disse que não devemos chamar atenção, quer algo mais chamativo do que um aluno repetente.
- Não se preocupe, se quiser você passará despercebido.
- O que você sabe que eu não sei.
- Nessa cidade o segundo ano da escola é responsável por metade do time de futebol, a estrela do time é da sua sala.
- Já entendi... Nada de futebol para mim não é?
- É óbvio. Sua habilidade de vampiro te deixaria entre os melhores.
- Entre os melhores? Eu seria o melhor se quisesse.
- Não seria. Nossas habilidades não supera o talento dos humanos.
- Fala como se fossemos diferentes deles.
- E somos.
- Então porque temos que conviver com eles.
- Porque sem eles morreriamos. Agora chega de papo vamos desfazer a mala.
- Sunghoon eu não quero dormir sozinho. - diz Niki nos interrompendo.
- Pode ficar no quarto do Heeseung.
- O que?!!!!
- Brincadeira. Não o torturaria dessa forma fazendo ele dormir com você. Jake?

"Idiota"

- Pode ficar comigo se quiser.
- Ou comigo, o que você prefere?
- Vou ficar com Jake.
- Tudo bem. Depois de desfazerem as malas vamos jantar e ir dormir. Amanhã tenho que trabalhar e vocês tem escola.
- Falou como se fosse a nossa mãe.
- Faço isso porque me preocupo.
- Eu sei.

Esse ar de protetor dele me irrita. É como se não fossemos capaz de vivermos sem ele. Não é isso que eu quero, mas precisamos ter liberdade. A proteção do meu irmão acaba sendo muito controladora as vezes.

No dia seguinte, nos aprontamos para ir cada um para sua rotina.

- Estão pontos?
- Sim.
- Heeseung como estão seus olhos? Tem bebido sangue esses dias?
- Eu tomei dois sacos de sangue ontem a noite. Vou ficar bem.
- Você saiu ontem a noite sem me avisar?
" Droga!! Falei de mais"
- Irmão eu já estou pronto. - diz Niki todo entusiasmado.
- Avise antes de sair entendido?
- Sim.
- Agora quero que todos vocês escutem com atenção em uma possível situação de risco fuja a todo custo. Até vocês que não bebem sangue humano. Vocês continuam sendo vampiros e ainda reagem a eles. Por favor tomem cuidado.
- Sim irmão. - dizemos nos todos.

Eu tava de saída junto com Jake e Niki, mas Sunghoon me para.

- Niki está vulnerável agora. Você fica de olho nele? Sei que Jake também estará, mas não posso permitir que percamos ele.
- Porque está tão preocupado?
- De nós aqui Niki é o que mais se aproxima de ser como eu.
- O que? Ele sabe disso?
- É claro que não!! Imagina sua reação se ele descobrir? Ficará com medo e Deus sabe o que ele pode fazer.
- Eu vou ficar atento. Não se preocupe.
- Obrigado.

Assim que chegamos na escola fomos cada um para sua sala.
- Ei. - digo colocando meus braços nos ombros do Niki - Se acontecer qualquer coisa de estranho não exite em me chamar entendeu?
- Pode deixar.
- Boa aula garoto e se divirta.

Ele apenas sorriu e foi para sua sala.

- Você sabe ser fofo.
- Não enche Jake.

Assim que eu entro na sala sou apresentado aos meus colegas. Momento de praste que é um saco. Após isso vou me sentar. O tempo estava bom. Apenas um ventilador refrescava a temperatura na sala. Foi durante a circulação do vento que eu senti seu cheiro. Era peculiar. Eu nunca tinha sentido isso antes em nenhum outro ser humano. O que será que tinha de diferente. O porque desse aroma? Foi quando eu descobri de quem se tratava. Ele sentava ao lado do jogador principal do time da escola poucas cadeiras na minha frente. Ambos estavam rindo provavelmente de algo que o rapaz ao seu lado disse. De longe era possível perceber que eram próximos. Ele aparentava estar feliz, mas aquilo não fazia sentido. Como poderia estar tão leve, sorrindo de qualquer bobagem se estava passando por algo tão sério. Nesse momento ele parou de rir por um momento e olhou para mim de relance. Eu paralisei. Não queria ter sido pego olhando para ele. Pela primeira vez na vida me senti desconfortável. Seu olhar era... Encantador apesar das circunstâncias... Eu gostaria de saber seu nome.

O misterioso caso da família walkerOnde histórias criam vida. Descubra agora