Que os jogos comecem

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Pov Heeseung

Confesso que mal prestei atenção na aula. Eu já sabia da maioria dos assuntos mesmo, a minha única preocupação era encontrar uma forma de me aproximar. O seu amigo também olhou para mim e já pude sentir sua repulsa. Ele deve ser possessivo e isso fica cada vez mais interessante. Eu nem percebi e já havia dado hora do intervalo, depois o time de futebol teria que treinar é quando ficaríamos as duas últimas aulas vagas. Ótimo... hora de checar um pestinha. Procuro ele pelos corredores até que Jake me para.

- Não se preocupe. Ele está bem. Fez dois amigos que parecem ser legais com ele.
- Tem certeza?
- Tenho. Pode ficar tranquilo.
- Ótimo. Eu já encontrei meu passa tempo também.
- Do que está falando?
- Não pensou que eu teria uma vida tranquila nesse fim de mundo né.
- Heeseung....
- Não enche eu sei o que eu tô fazendo e não vou parar. Deixa eu ir, preciso causar uma boa impressão.

Como eu imaginava acabei encontrando ele na arquibancada.

- Finalmente encontrei um tempo para conversar com você a sós.
- Fala como se eu fosse inalcançável.
- Bom você possui uma barreira natural loiro de um metro e oitenta que não me parece ser muito receptivo a novas amizades.
- Está falando do Jay? Ele não é assim só é um pouco desconfiado.
- Bom não vim aqui para falarmos desse tal de Jay. Qual é o seu nome?
- Eu sou o Jungwon. Eu também queria te conhecer.
- A é? Porque? - não sei, mas aquelas palavras me deixaram muito feliz.
- Você é novo na cidade. É natural ficar curioso sobre a sua história não acha?
- Tem razão, mas eu queria saber da sua.
- Bom e visível que eu tenho câncer. Estágio 3...

Então é isso... não pensei que pudesse ser tão grave.

- Eu provavelmente só vou viver mais esse ano.
- Desistiu do tratamento?
- Não. É só que não vêem mais esperança no meu caso. Eu até lido bem com isso, mas o Jay... Ainda é difícil para ele aceitar. A gente cresceu junto e nos separarmos dessa forma... Não tá sendo fácil para ele por isso é protetor.
- Ele sempre foi bom no futebol?
- Sim, mas esse ano é seu primeiro ano como capitão.
- Entendo....

Isso significa que ele terá mais tempo sozinho.

- Droga!! Tá começando de novo.
- O que foi?
- Eu preciso ir no banheiro.

Ele tava bem em um minuto atrás e no outro já estava meio que cambaleando descendo as escadas e se segurando na grade para não cair.

- Jungwon!!

Jay vai até sua direção e eu faço o mesmo.

- Você está bem?
- Isso é normal, é efeito colateral do tratamento.
- Eu vou te ajudar...
- Não se preocupe o Heeseung está aqui. - espera e o que isso significa? - ele me ajuda não é? - o que?!! Eu nunca disse que iria ajudar.
- Não importa eu vou conversar com o treinador e...
- Jay volte para o campo agora!! Se seu colega não está bem o novato pode levar ele para a enfermaria. Se apresse e volte para o treino!!
- Droga!
- Pode ir... Eu fico com ele.
- Se fizer alguma coisa de ruim contra ele você vai se ver comigo.

Ele... Ele me ameaçou??? Isso está ficando divertido. De repente deu uma vontade de machucar ele só para ver o que acontece, mas repensei e vi que isso poderia causar um dano maior no nosso querido Jay.

- Não precisa... Me pegar no colo isso é... Constrangedor. - diz ele visivelmente constrangido.
- Você não está em condições de andar nesse momento. Se segura firme.

Antes de sairmos pude perceber o quanto Jay estava incomodando com a minha atitude e como eu pensava eu vou me divertir muito ainda mesmo entendo nesse tédio que é a escola.

- Jungwon o que houve? - pergunta a enfermeira enquanto eu o colocava na cama.
- Eu fiquei tonto e logo depois veio o enjôo.... Obrigado.
- Entendo. É a quimio?
- Sim, eles estão tentando algo mais forte eu.. ainda não me acostumei.
- Você já toma remédios de mais. Apenas deite e descanse sim. Vou deixar um balde aqui para caso precise.
- Tudo bem.

Ela sorri com pena é claro e vai embora. Eu não tenho nada para fazer então vou indo também.

- Você já vai?
- É eu... - não tenho nada para fazer, mas também não tenho porque ficar aqui.
- Fica.. - diz ele segurando minha mão. É óbvio que eu estranhei ele mal me conhecia e já estava agindo dessa forma todo... Fofo. - Eu sei que pode parecer estranho, mas quando eu estou assim eu não gosto de ficar sozinho. Se eu não vou acordar mais seria bom pelo menos ter alguém antes disso acontecer. - diz ele acariciando minha mão. Isso é loucura.. quanto drama... É óbvio que ele não vai morrer. O que ele pretende com isso? Que eu sinta pena? Nem sei o que esse sentimento significa. E porque ele está me olhando assim?? me tocando desse jeito?? até parece que eu vou perder o meu tempo ficando aqui e...
- Tudo bem. Eu fico.
- Obrigado.

Isso é ridículo. Agora me tornei babá de duas crianças. Esse não era o entretenimento que eu tava esperando, mas.. olhando assim até que ele fica bonito dormindo.

....

- Jungwon você está bem?! - diz Jay visivelmente preocupado.
- Shiiiu ele tá dormindo.
- Ele está respirando?

Eu nem precisava checar para saber que sim. Ele tava respirando e apesar de baixo por conta das minhas habilidades de vampiro eu pudia ouvir as batidas de seu coração.

- É óbvio que está. Vamos conversar lá fora para não acorda-lo.

Levo ele para fora.

- Me solta. O que a médica disse?
- Ele tá morrendo, não tem muito o que ela possa fazer.
- Seu idiota.. - diz ele ele segurando o colarinho do uniforme.
- Eu menti? Ele está descansando é o que dá pra fazer no caso dele.
- Eu vou voltar para ficar ao lado dele.
- Não vai nem agradecer... Que mal educado. - ele estava indo embora, mas retornou ainda mais bravo.
- Agradecer pelo que? E que cena foi aquela ein? A escola toda viu aquilo.
- O que foi? Está com ciúmes?
- Não seja ridículo.
- O fato é que você precisa se conformar que ele está morrendo.
- Eu não acredito nisso. Ele está fazendo o tratamento...- obviamente não tá adiantando - Eu acredito que ele possa melhorar.
- Ele não vai. Já vi situações melhores que as dele que não resistiram porque ele iria conseguir? Se quiser mesmo ajudar ele não crie nele falsas esperanças de cura. Ele já aceitou que vai morrer, mas a sua insistência em manter ele vivo está acabando com ele.
- Você nem conhece ele direito. Acha que eu vou acreditar em você sendo que acabou de chegar? Se toca novato e é melhor ficar longe dele. Não precisamos de você.

Ele foi embora e nem me deu o direito de responder. Iniciamos de uma forma bem saldável eu acho. Esse jogo só está começando Jay. Vou adorar me divertir com vocês dois.

As aulas acabaram e eu encontro meus irmãos na saída.

- Como foi na escola?
- Normal. - diz Jake.
- Interessante.
- Foi demais irmão. Eu fiz dois amigos ele me convidaram para ir para casa deles nesse final de semana. Se eu me comportar eu posso ir não é?
- Vamos com calma Niki. Já tem um tempo que não convive com humanos se algo acontecer lá não vamos saber. Eles estando na escola eu ficou mais tranquilo com relação a sua segurança.
- Aaaaaa mas e se depois de um tempo você conhecer eles eu posso ir não posso?
- Vamos ver Niki, vamos ver...
- Isso... Pelo menos não é um não definitivo.

Como se Sunghoon pudesse negar algo para esse pirralho. Apesar disso,conheço meu irmão ele não está normal. Algo que provavelmente ele irá contar apenas para mim mais tarde porque pelo jeito o Jake já está sabendo. A noite depois do jantar e do Niki dormir sentamos para conversar na sala.

- O que está havendo?
- Pegaram um dos nossos. - dos nossos... só porque são vampiros não significa que somos próximos, mas não vou implicar com isso agora.
- Assassinato eu pressuponho.
- Ele é um caçador, não sabemos ainda quem é ou em quantos são, a única informação que temos é que ele tem cabelo preto e uma tatuagem de cruz atrás do pescoço. Por favor fiquem atentos. Talvez ele suspeita que há vampiros nessa cidade.
- Que ótimo, quando eu acho que não terá nada nesse fim de mundo descubro que estamos correndo risco de vida.
- Se desconfiarem de algo me avisem não vou deixar que nada de ruim aconteça com vocês.

Eu sei que não, e coitado daquele que provocar o Sunghoon fazendo alguma coisa com a gente. Ele provavelmente iria conhecer o inferno antes de morrer. Se bem que a modalidade que o Sunghoon mais gosta quando mata alguém não dá muito tempo para ela sentir algo... Decapitação é uma morte horrível, mas até mesmo nisso eu consigo ver sua misericórdia.

O misterioso caso da família walkerOnde histórias criam vida. Descubra agora