Capítulo Único

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Passava por entre o corredor de alunos que havia se formado enquanto ouvia cochichos vindos de todos os lados e o assunto era apenas um:

- Não acredito que ela deu uma surra no irmão mais novo dele.

- Ela vai apanhar muito depois..

Paro de andar bruscamente e imediatamente todos os cochichos cessam. Olho na direção da pessoa que havia dito aquilo e todos ao redor pareciam ter parado de respirar, apenas observando para ver se eu socaria a cara dele ou algo do tipo.

Minha vontade era de soca-lo mesmo, mas me contive. A surra que dei naquele garoto agora a pouco já vai me render uma suspensão, eu não quero receber duas.

- Se o irmão mais velho daquele fracote de merda - aponto pra ele caído no chão - quiser brigar. É só me dizer quando e onde. - o encarava tão intensamente que estava começando a tremer de medo. Literalmente - E se eu ouvir algo do tipo de novo vou te mostrar com quantos socos se faz uma pessoa desmaiar. - a essa altura ele já estava suando de medo.

Segui meu caminho e fui direto para a minha sala me sentar. Ainda restavam algumas aulas antes de ir embora, mas assim que elas terminaram peguei minhas coisas e saí de lá. A essa altura eu já havia me acalmado, mas mesmo assim ninguém ousava sequer respirar quando eu chegava perto.

Me pergunto se o irmão mais velho daquele garoto realmente vai querer uma briga. Bom, se ele quiser uma luta ele terá uma luta. Eu não vou dar pra trás.

Estava a caminho de casa quando de repente senti algo acertar a minha cabeça e quando caí no chão estava um pouco tonta pelo golpe que me pegou desprevenida.

- Me disseram que é você a garota que bateu no meu irmãozinho. - disse estalando os dedos.

- Então é você o irmão mais velho daquele fracote.. - disse me levantando - Pelo menos você sabe dar um soco. Seu irmão bate igual criancinha. - disse com um sorriso.

- Era melhor ter ficado de bico calado garota. Agora estou com ainda mais vontade de acabar com você.

- Então tenta.

E então ele partiu pra cima de mim com tudo. Eu não fiquei pra trás nessa.

[...]

Havia chegado em casa e, como sempre, não havia ninguém. Meus pais são divorciados e eu moro com a minha mãe. Eles dois se dão bem, mas não se amam mais. Meu pai tem outra família e eles até que são legais. Tenho um meio irmão mais novo e eu não gosto de crianças, mas ele é legal e sinto que se esforça pra me agradar. Acabei gostando dele e quando estamos juntos sempre o protejo.

Minha mãe é médica e vive fazendo plantões no hospital central, mas sempre que chega traz algo para comermos juntas e esses momentos são legais. Sempre tento esconder meus machucados dela para que não fique preocupada, mas às vezes ela percebe e reclama comigo por estar sempre brigando na escola.

Eu não tenho culpa se os outros vêm me atormentar e depois não aguentam as consequências. Se ela acha que eu saio machucada deveria ver como ficam as pessoas que apanham para mim. O garoto de hoje mais cedo vai ter que fazer uma visita ao hospital.

Mas acho que dessa vez não vai dar pra esconder os machucados da briga..

O irmão mais velho do garoto havia chamado uns amigos para me encontrar e conseguir me bater, aquele frouxo. Óbvio que bati neles, mas eles conseguiram me machucar muito. Minha testa está sangrando, minha bochecha está cortada, tenho hematomas na barriga, nas costas e nos braços.

Vou para o banheiro tomar um banho. Quando termino me visto e pego a caixinha de primeiros socorros para que possa tratar esses ferimentos. Estava terminando de passar a pomada nos lugares roxos quando ouço uma voz conhecida vinda da sala.

Nahoya KawataOnde histórias criam vida. Descubra agora