The Sound of Beats

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Num primeiro momento, Khao tinha ficado muito ansioso com a ideia de voltar pra faculdade depois de tanto tempo, de reencontrar aqueles que eram seus amigos e de conhecer pessoas novas. Por dias ele nem mesmo tinha conseguido dormir direito.

Duas semanas depois de ter aberto sua matrícula e ter passado por todo o processo de se preparar para o começo das aulas, Khao ainda não se sentia confortável em contar pra mãe de sua decisão, ele não precisava de toda a indiferença, das críticas e cobranças vis, Khao já tinha todo o apoio que precisava e se forçar a um contato com sua mãe, seria o incentivo que ela precisava para tentar interferir na sua vida de novo.

Dessa vez ele tinha algo que precisava manter a todo custo e não estava disposto a correr o risco por ela. Khao tinha certeza de que seu relacionamento-não-definido com First, se tornaria um problema muito grande aos olhos da mulher. Ela nunca aceitaria que seu filho mantivesse uma relação romântica com outro homem, mesmo que não se importasse de verdade com ele, ela prezava por sua imagem mais do que qualquer coisa e ele sabia do que ela era capaz.

Os pais de Khao tiveram um relacionamento relâmpago pouco antes de descobrirem que a mulher estava grávida. Ela não queria levar a gravidez à frente, principalmente depois que descobriu que o homem já tinha uma filha com outra mulher. Eles se desentenderam, discutiram, ficaram sem se ver durante dias, até que o pai de Khao descobriu que ela pretendia tirar o bebê. O homem entrou em desespero. Ele implorou. Ela chantageou. E, por seu filho, ele aceitou nunca mais ter nenhum tipo de contato com sua primeira filha ou a mãe dela. Aparentemente, ele nunca tinha cumprido com sua palavra. Ele não podia.

Khao só descobriu sobre sua irmã aos quinze anos, quando seu pai o levou à loja de discos pela primeira vez. A mãe de Mini estava doente, e como Mini sempre o questionava sobre quem era seu irmão, o pai de Khao decidiu que talvez seria bom pra eles se conhecerem e ter a companhia um do outro. Não foi tão fácil quanto ele imaginava. Khao ficou muito receoso com a situação, ele não entendia os motivos do seu pai ter escondido a menina durante tanto tempo, ele se sentiu traído pelo pai e resistia bastante a ideia de firmar uma relação com a garota. Eles ainda se viam sempre, já que ele ia à loja de discos com seu pai, mesmo a contra gosto, e aquela loja pertencia a mãe de Mini, seu pai tinha dado a elas como uma forma de se manterem. O problema era que o pai deles não via mais uma forma daquela relação se estreitar. Até a mãe de Mini falecer. Aquele foi o momento em que Khao soube, de verdade, o que era ser um irmão.

Ver o sofrimento de Mini, sua vulnerabilidade, sua resistência a ser cuidada por qualquer pessoa que não fosse a mãe, fez uma chave virar dentro de Khao. Ele passou a cuidar e olhar por ela. Mesmo que fosse o mais novo, um sentimento de proteção o inundou e em meio a brincadeiras e provocações, eles passaram a confiar um no outro e finalmente passaram a se ver como irmãos.

Foi em Mini que Khao se apoiou quando seu pai faleceu, ela entendia e compartilhava sua dor. Ele imaginava que era até pior pra ela. Sua mãe não poderia nunca descobrir que seu pai manteve contato com ela, pior ainda, ela não poderia descobrir que Khao a conhecia, dessa forma, Mini não pôde ir ao velório, muito menos aos memoriais e o desprezo que Khao sentia por sua mãe, aumentava a cada dia que o sofrimento de sua irmã era ignorado.

Khao ainda não tinha contado a First que Mini é sua irmã, ele não sabia como o fazer depois de tanto tempo e não só isso, mas ele tinha medo. Aquele tinha sido um segredo dele e de Mini por tanto tempo, que ele não sabia o que poderia acontecer depois que eles finalmente contassem pra alguém. Mini estava eufórica agora que Khao estava com First. Khao já tinha falado pra ela que eles não estavam namorando, que eles nunca tinham conversado sobre rotular a relação, mas ela achava que isso era só um monte de besteira e não via a hora de poder chamar First de cunhado. Khao estava com medo, mas por Mini - e por First - ele estava disposto a se abrir um pouco mais.