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Khao estava no banheiro há tempo suficiente para deixar First preocupado, não que ele já não estivesse, mas ele não queria que o menino estivesse sofrendo sozinho. First precisava fazer alguma coisa, precisava tirar Khao daquele sofrimento aprisionado no peito dele e mostrar que ele não era o problema real, que ele merecia ser amado e que as palavras da mãe dele só mostravam mais sobre quem ela era, do que ele.

Primeiro estava pensando em apresentar Khao aos seus pais já fazia alguns dias e de jeito nenhum ele queria que fosse dessa forma, mas ele sabia que não havia pessoas melhores no mundo pra mostrarem a Khao como é ser amado e querido, independente de quem fosse. Ele respirou fundo algumas vezes, tentando controlar o choro que sufocava sua garganta, e foi em direção a janela de seu dormitório já discando o número do seu pai.

- Pá? - A voz de First era chorosa no telefone.

- Primeiro, o que aconteceu? - O homem estava alarmado. Ele sabia que havia algo errado no momento em que First ligou diretamente para o seu celular ao comutador de entrar em contato com a mãe, mas ouvindo a voz do menino lhe deu a certeza.

- Eu posso ir embora mais cedo dessa semana? - First soluçou entre uma palavra e outra, mas o Pai percebeu o quanto ele se podia esforçar para sussurrar.

- Claro que pode filho, mas me conte o que está conectado. Não deixe seu pai nervoso, sim?

- Aquela mulher é horrível, Pá. Ela o tratou tão mal... Eu preciso tirar ele daqui. - O pai de First ficou em silêncio por um momento tentando absorver as palavras do filho, sem conseguir realmente entender.

- Do que você tá falando, filho?

- A mãe do Khao, Pá. - O coração do homem se partiu ao escutar o gemido de lamento do filho. - Ela foi tão cruel com ele. Eu nunca imaginei que alguém poderia ser assim.

- Onde ele está agora? - Ele tentou não transparecer o desespero em sua voz, mas tudo o que o homem queria, era libertar seu filho daquela dor.

- Ele está no banho por cerca de 20 minutos. Estou preocupado com ele, Pá. - Primeiro ouve o pai murmurar em concordância. - Me desculpe te pedir isso, eu sei que não é o melhor momento, mas o senhor pode só aceitar que eu o leve pra casa?

- Se é o que vai tirar essa dor de vocês, venham o mais rápido possível.

Seu coração estava cheio novamente. Com a coragem renovada First pegou uma mochila no fundo de seu guarda roupa e começou a jogar algumas roupas aleatoriamente dentro dela. Khao tinha apenas algumas peças perdidas por ali, mas serviria. Tinha que servir. Só por estudar First pegou algumas de suas roupas menores e enfiou junto com as suas na mochila. Ele bateu uma, duas, três vezes na porta do banheiro até que obtevesse algum retorno.

Khao abriu a porta do banheiro e levou apenas 10 segundos percebendo que First parecia ter trocado até de roupa e estava com uma mochila nas costas. First levou menos da metade do tempo pra sentir seu peito apertado com a imagem que tinha em sua frente. Khao estava com os olhos vermelhos e levemente inchados, a ponta do nariz vermelho e os cabelos, mesmo molhados pelo banho, estavam desgrenhados.

- Você vai pra algum lugar? - A voz de Khao sou rouca e magoada. Primeiro se sentiu culpado por deixar que ele pensasse que ficaria sozinho, ele balançou a cabeça em negativa.

- Nós vamos. - A cabeça de Khao se controlava pro lado, as sobrancelhas franzidas. - Vamos ver meus pais. - Primeiro sorriu, mas desconfiava que parecia robótico. Uma péssima tentativa de deixar as coisas um pouco mais descontraídas.

The Sound of BeatsOnde histórias criam vida. Descubra agora