The Sound of Beats

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Durante as semanas seguintes eles continuaram a praticar esse flerte silencioso. First mal podia se conter agora que sabia que Khao o tinha notado, que existia a possibilidade de Khao estar interessado nele tanto quanto ele estava. Ele ainda se pegava imaginando se aquilo não era só uma piada de mal gosto, se o rapaz não estava apenas brincando com ele pra passar o tempo, mas isso mudou depois que os bilhetes começaram a chegar junto com as bebidas. Eles trocavam tantas bebidas durante os dias, que a bexiga deles chegava ao ponto de quase explodir, mas não sabiam outra forma de se aproximar. First por pura insegurança de ser rejeitado e Khao por medo de acabar assustando o rapaz e ele acabar fugindo. Mas eles já começavam a avançar lentamente sem mesmo perceberem.

Ao adentrar na loja, seus olhares se cruzavam, First meneava a cabeça sutilmente e Khao o correspondia com um sorriso que deixava suas pernas bambas. Eles se perguntavam o tempo todo quando teriam coragem pra conversarem, sentarem lado a lado e simplesmente deixarem a conversa fluir. Khao agora sabia que a bebida preferida de First era café preto e forte, com açúcar suficiente pra deixá-lo preocupado com a possibilidade do futuro problema de diabetes que o rapaz perseguia. First também gostava de música pop e indie, lia muitos livros e era muito centrado com os estudos, o que fazia com que seus amigos o sobrecarregassem demasiadamente nos períodos de provas. Ele morava no alojamento da faculdade e visitava seus pais todo fim de semana depois que saía do café - essa informação, em especial, aqueceu o coração de Khao sem que ele pudesse evitar.

Khao estava mais envolvido do que gostaria de admitir, era estranho ter tão pouco contato e se sentir tão próximo de alguém. Ele não costumava falar quase nada sobre si mesmo nos bilhetes, mas First parecia não se importar nem um pouco sobre isso, era como se ele tivesse satisfeito só pelo fato de Khao dar qualquer atenção a ele.

Passado cinco semanas que eles estavam trocando bilhetes, eles decidiram que tentariam uma abordagem diferente. Não que eles tivessem falado sobre isso previamente, mas Khao sentia a necessidade de ter First mais perto e First nunca quis algo como queria ouvir a voz de Khao falando diretamente com ele.

Mini observou de trás do balcão quando First adentrou a loja depois do fim de suas aulas. Era pouco depois das quatro da tarde, ele tinha demorado um pouco mais que o normal para aparecer naquele dia. Um sorriso involuntário surgiu nos lábios de Mini quando Khao girou seu corpo em direção a porta e travou no lugar esperando por um movimento de First. Eles ficaram tempo demais se encarando antes de relaxarem os ombros e sorrirem um pro outro, lentamente se aproximando.

— Eu separei o disco que te falei semana passada. - Khao disse primeiro. First tomou uma respiração profunda e contou até dez antes que pudesse reagir.

— Você tem certeza? - Ele perguntou timidamente. Khao não precisou de mais explicações, ele sabia exatamente sobre o que First o questionava.

Khao avançou um pouco mais, sem nunca deixar os olhos se desviarem dos de First, o sorriso ainda brincando nos lábios. Com a mão livre ele envolveu o pulso de First com os dedos e começou a puxá-lo em direção ao canto mais afastado da loja. O seu canto. O espaço em que ninguém ousava se aproximar.

A pele de First estava queimando onde era tocada por Khao, ele suspeitava de que tinha perdido todos os sentidos, só lhe restava o tato. Ele não conseguia ouvir o que o rapaz falava, muito menos ele via o caminho a frente - o que o fez tropeçar várias vezes, a respiração estava presa nos pulmões. Não era realmente possível que Khao o estivesse tocando tão deliberadamente, não é? Como foi que simples bilhetes se tornaram isso? Ele travou de repente. Seus pés plantaram no chão e Khao o olhou confuso, as sobrancelhas unidas.

— First? - Khao o chamou. First reprimiu um gemido de satisfação de ouvir seu nome soar com a voz de Khao. — Está tudo bem?

— Eu não sei. - Sua voz saiu por um fio.