07 ══ VII

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A manhã clara era a única certeza de que, ao menos por algumas horas, eles estariam seguros ali. Os raios solares dificultavam a visão e os reflexos dos vampiros comuns, portanto, Jaehyun tentou não se preocupar com a guarda do local, mas também não colocou os pés para fora. Era melhor assim. Mas ele sabia que a qualquer momento sua cabeça poderia ser decepada por algum superior seu no Instituto assim que descobrissem que ele estava com a bruxa e que ela não havia sido morta por ele. A guerra era iminente, inevitável. E uma hora ou outra eles se colocaria a prestar contas.

Jaehyun caminhava pelos corredores internos e mal iluminados do covil. Assim que o dia amanheceu, Seulgi disse que iria a um lugar, logo sendo alertada por Jaehyun para que tomasse cuidado. Depois que ela saiu, Jaehyun acabou ficando e passou a explorar o lugar.

No corredor em que Jaehyun estava haviam várias salas que mais pareciam abandonadas. Entretanto, ele, por algum motivo, sentia vida ali. Talvez nem mesmo fosse ali, talvez fosse metros a baixo, talvez algum... lugar bem específico.

Logo quando ele havia começado a se questionar sobre as origens daquele lugar, vindo de cima em um salto, Seulgi apareceu e pousou abaixada em sua frente, logo ficando em pé. Ela usava um vestido justo na região da cintura, mas que ficava solto do quadril para baixo, tendo sua barra a uns três centímetros acima do joelho. Ela calçava uma longa bota de salto alto, como sempre. Jaehyun não se mostrou surpreso, mas deu um passo para trás assim que ela apareceu.

— Você também atravessa paredes?

— Aqui dentro minha magia é ampliada. — Jaehyun se pegou sobre a fala da Kang. Talvez aquele lugar fosse realmente mágico e por isso ele sentia vida ali. — O que está fazendo aqui embaixo?

— Senti algumas coisas e vim verificar — o Lee observou as paredes, consciente de que aquilo não era exatamente verdade. O verdadeiro motivo era que ele estava acostumado a investigar coisas e aquela montanha gigante havia despertado sua curiosidade. Ele só não queria parecer suspeito.

— Sentiu?

A Kang perguntou de forma retórica, cruzando seus braços e caminhando lentamente pelo local, sendo seguida por Jaehyun.

— Há muito tempo descobri esse local, mas me pergunto a origem dele desde sempre. Aqui eu sinto mais força e não sei o motivo. Posso usar alguns feitiços aqui e lá fora não, como este de atravessar as paredes. Aproveitando esta habilidade, eu tentei chegar ao fundo deste local, mas não consegui. Meu poder se limita até uma parte específica. Eu me pergunto se há algo escondido por aqui.

Jaehyun escutou com atenção, também sentindo aquela dúvida pairar em sua mente. Talvez tenha sido um local onde outras feiticeiras tivessem morado.

— Que outras habilidades você tem? — Seulgi questionou de repente. Jaehyun encarou seus próprios pés enquanto caminhava.

— Não sei. Eu movo metais desde sempre porque não os posso tocar, mas nunca tive espaço o suficiente para descobrir outras habilidades. Se me vissem fazendo algo estranho eu seria morto na hora.

— Com certeza seria.

Seulgi riu levemente, embora aquela situação péssima não tivesse exatamente alguma graça. Jaehyun não estranhou e muito menos reagiu. Por algum ele já havia se acostumado ao humor mórbido da Kang.

De repente, um barulho de algo caindo ao longe se fez presente. Seulgi conhecia o local onde vivia, então não achou exatamente estranho. Porém, Jaehyun segurou o braço da mulher no mesmo instante, deixando ambos os corpos extremamente próximos. Ela assustou-se levemente e encarou o rosto dele, notando que ele olhava para cima, atento a qualquer coisa que pudesse surgir. Ela estava prestes a explicar que tinha certeza de que não era nada com que se preocupar, mas ela se perdeu em suas palavras quando o Lee encarou seus olhos. Ela nunca havia o visto tão de perto em uma situação onde eles não estavam tentando matar um ao outro. Os olhos vermelhos dele eram como chamas, ao mesmo tempo que possuíam absurda profundidade. Aos poucos, o aperto da mão de Jaehyun finalmente foi soltando, e ele piscou algumas vezes, recuando passos atrás dela. Parecia que ele havia acabado de voltar a si.

— Vamos voltar para cima.

Jaehyun deu meia volta e seguiu pelo lado contrário de onde eles caminhavam anteriormente. Seulgi ainda estava entalada em suas palavras, sequer entendendo o que havia acontecido naquele meio tempo. Ela queria rir e achar aquela situação boba, mas algo na maneira como Jaehyun rapidamente a tentou proteger de algo que nem mesmo era ameaçador a despertou algo. Algo até então desconhecido para si.

De volta a andares acima, Jaehyun e Seulgi adentravam uma sala onde armas de diferentes tipos enfeitavam a parede, parecida com a sala onde a última batalha deles aconteceu. No entanto, esta sala possuía armas maiores e mais longas. Jaehyun se perguntava de onde ela havia tirado tanto material daquele tipo, e foi como se ela fosse capaz de ler sua mente, mais uma vez.

— Isto tudo não é meu, já está aqui há séculos. Eu nem mesmo sei se ainda funcionam.

Jaehyun aproximou-se da parede lentamente, assentindo à fala da Kang. Ele olhou arma por arma com atenção, até um barulho atrás de si o distrair. Ele virou a cabeça para trás e viu Seulgi apoiada à extrema beira da mesa, colocando um tipo pequeno de cinto ao redor de sua coxa e então prendeu uma adaga nele. O tal cinto provavelmente havia sido tirado de cima da própria mesa onde ela estava encostada, pois ali haviam muitos materias do tipo misturado a outras adagas. Quando ela terminou de ajustar a arma no local e abaixou o vestido, Jaehyun automaticamente voltou a olhar para frente, temendo que ela notasse o olhar dele sobre ela. Mas talvez tivesse sido tarde demais.

— Quer me ajudar?

Brincou ela, embora ela já tivesse terminado o que estava fazendo. A falta de reação dele a fez gargalhar alto enquanto inclinava a cabeça para trás.

— Você tem que estar pronta. — a repentina mudança de assunto fez Seulgi ser obrigada a perder o sorriso aos poucos — Não sei quanto tempo ainda temos aqui. Logo uma terrível batalha irá começar.

Jaehyun encarava um ponto no meio do nada a sua esquerda, não vendo quando Seulgi assentiu levemente. Aquela fala havia trazido de volta à tona sua conservada imagem de um investigador sério e dedicado ao seu trabalho. No entanto, por trás de tudo aquilo, a verdade era que ele temia os resultados de uma futura batalha onde seus ex aliados do Instituto estivessem contra ele e Seulgi. Ele não estava pronto para vê-la partir.

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