O mal liberto

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No mais profundo fim do universo, no local mais inalcançável e distante de tudo que há, é, foi e um dia será, em um local conhecido como o final do multiverso, um local branco sem nada como uma galáxia branquicenta, sem sinais de planetas, estrelas ou vida, apenas uma biblioteca gigantesca com diversas janelas, tal biblioteca essa que é conhecida como a biblioteca do multiverso. Ali naquele local reside uma pequena criatura com seus um e sessenta e cinco de altura, cabelos brancos e orelhas pontudas, olhos branquicentos e de pele clara, junto a sua roupa branca com um manto verde, com escrituras e sinais dourados que se dividem entre seus ombros, junto de sua pequena bota de couro, que sempre, sempre está desamarrada. O andar sempre calmo pela biblioteca, enquanto usa seu cajado com um cristal roxo em sua ponta, esse é Little Thing, o guardião das palavras, o protetor de histórias, aquele que zela pelo multiverso.
  – O que foi isso? – Explanou Little Thing, soltando seu cajado no chão e elevando sua mão para sua cabeça, sentindo grande pressão sobre a mesma, como se estivesse sendo esmagada. – Não é possível.... – Little Thing correu apressadamente para uma das escadas, saltando dali e voando até a janela mais alta da biblioteca, avistando do lado de fora uma fumaça escura que se aproximava, junto de um tremor e um barulho agoniante que tomava conta de todo o local.

– LITTLE THING!!! – Exclamava uma mulher, dando uma horrenda gargalhada.
– Pelo criador... – Little Thing voou para o centro da biblioteca, onde cruzou suas pernas no ar e começou a movimentar seu cajado, criando uma espécie de feitiços, mas foi lento demais, a tal mulher já havia se aproximado, na mesma hora as grandes portas da biblioteca eram arrombadas. – Não! – Gritou Little Thing.
– Olá, velho amigo. – Disse a mulher, surgindo no local em meio a fumaça, uma velha mulher com aparência abatida, as vestes sujas e rasgadas, tendo a coloração escura os cabelos divididos em branco e preto, totalmente despenteado, enquanto a mesma carregava um cajado que possuía um formado de uma mão em sua ponta.
– Babá Yaga, o que você faz aqui?! Como se libertou?! Como ousa pisar em solo sagrado, sua bruxa. – Little Thing pousava a frente de Babá Yaga, que continuava a dar gargalhadas.
– Eu vim tomar o que é de meu rei por direito!
– Como ousa! Aquele traidor não é rei de nada e nunca será!!! Ele traiu o criador!
– Não tente me impedir Little Thing, eu sou a mão esquerda de Lúcif...
– Não pronuncie esse nome aqui!! – Little Thing avançou contra a bruxa para acertá-la com o cajado, a bruxa rapidamente defendia com sua mão, fazendo com que Little Thing arregalasse seus olhos pela surpresa. – Como você?...
– Não fique se achando garoto. – Babá Yaga batia seu cajado em Little Thing, o arremessando em uma das estantes.
– Você... você conseguiu me ferir? – O mesmo colocava a mão sobre a testa, olhando a palma de sua mão e vendo a mesma suja de sangue.
– Pela ordem do verdadeiro rei! Que o universo se desfaça!! – Babá Yaga estendia suas mãos para o alto, criando uma espécie de ventania no local, derrubando diversos livros das estantes, quebrando muitos dos moveis do local.
– Não! – Little Thing se levantava às pressas, tentando pegar o máximo de livros possíveis.
– Está feito mestre, agora só preciso de mais um detalhe. – A mesma rodava seu cajado no ar, conjurando um saco de pano, que sozinho se dirigiu até alguns livros os “engolindo”, ao se encher o mesmo voltava para a bruxa que o segurava nas costas. – Adeus, protetor de estantes quebradas. – Disse Babá Yaga enquanto dava risada, criando um portal no local e se dirigindo até o mesmo.
– Me desculpe pai... – Little Thing deixou os livros no local, pegou seu cajado do chão e voou rapidamente até Babá Yaga, entrando no portal junto da mesma acidentalmente.
– Seu imbecil, não faça isso! Vai me levar para o local errado! – Babá Yaga caia para dentro do portal aos berros, com ambos sendo levados para um local não planejado.

Em um mundo assim como o nosso, em um dia qualquer no período da tarde, uma pequena garotinha saia de sua casa segurando um pequeno unicórnio de pelúcia consigo, saltando até a cerca, abrindo a portinha da mesma e se sentando na calçada próximo da rua, para brincar ali no chão do local.
– O dia está lindo hoje, Daisy! Vamos voar pelo céu!! – Falava a garotinha, quando de repente um portal surgia no céu do local, jogando ali dois indivíduos únicos e misteriosos, uma velha carregando um saco de pano e um garoto com roupas celestiais. – OH!! – Disse a garotinha ao ver aquela cena. – Veja Daisy, veja!
– Maldito, Little Thing! – Berrou a bruxa, que se levantava e arrumava seu velho e sujo vestido pegando.
– Você jamais levará consigo esses livros! Eles pertencem ao criador, seja lá o que você quiser fazer com eles, isso é imperdoável, são mundos e existem milhões e milhões de pessoas em cada um deles, não sei o que você e seu falso rei estão tramando, mas seja lá o que for, eu, Little Thing, protetor das palavras, guardião das histórias e vigia do multiverso, impedirei!!! – Little Thing sacudiu seu cajado, o preparando caso fosse necessário atacar, o mesmo estava a frente de Babá Yaga, entre eles estava o saco contendo os livros, ambos se entre olhavam e observavam o saco parado ali no local.
– Que seja. – Babá Yaga correu até o saco, assim como Little Thing, mas antes que ambos chegassem próximo do mesmo, um caminhão passava entre ambos arremessando o saco para o local onde a garotinha estava, com a mesma se assustando e correndo até a cerca.
Little Thing parava e olhava na direção do saco, vendo menina ali no local. – Uma criança?
– Ora, ora, então terei algo para o jantar, parece que estou com sorte. – A bruxa correu até o saco e a garotinha, que estava se segurando na cerca, a pequena gritou ao ver seu pequeno unicórnio de pelúcia caído próximo ao saco.
– Daisy! – A mesma correu até o saco.
– Oh céus! – Little Thing correu atrás de Babá Yaga, que queria não só o saco, mas agora também desejava levar a garotinha consigo, a pequena se agachou no chão e pegou o unicórnio, limpando o mesmo com seu inocente jeito.
– Daisy, sua boba, não pode ficar por aí. – Disse a pequena.
– Olá meu bem. – Disse a bruxa com um sorriso malicioso na face, por outro lado a garotinha arregalava os olhos ao ver Babá Yaga próximo de si.
– Eu... eu vou chamar a mamãe. – Disse a garotinha se virando.
– Você não vai a lugar, algum! – A bruxa segurava no braço da garotinha, que começava a queimar ao ser tocada por Babá Yaga, fazendo com que a criança gritasse desesperadamente de dor.
– Fique longe dela!! – Exclamou Little Thing, saltando e batendo seu cajado contra a cabeça da velha, que era arremessada ao chão, soltando o saco e a garotinha.
– Seu...
– Você está bem? – Perguntou Little Thing, estendendo a mão para garotinha que com muito receio a segurou e se levantou. – Deixe me ver isso. – O mesmo aproximou o rosto do braço da garotinha e o beijou, fazendo a dor e a cicatriz sumir. – Agora você está bem, pequena Luna.
– Como você sabe meu nome? – Perguntou Luna, limpando as lágrimas de seu rosto.
– Não há história que eu já não tenha lido. – Respondeu Little Thing com um agradável sorriso.
– As coisas não vão ficar assim garoto, eu vou levar esses livros comigo, você queira ou não, e quando menos esperar voltarei para pegar essa criança! – A bruxa balançava seu cajado no ar.
– Fique atrás de mim. – Disse o garoto, se colocando a frente de Luna.
– Eu terei êxito em minha missão! – Babá Yaga direcionou o cajado na direção do saco, o puxando com um tipo de força mística.
– Não permitirei! – Little Thing fez o mesmo, com um puxando da esquerda e outro da direita, o saco se mantinha no ar recebendo uma enorme pressão, foi quando a bruxa estendeu sua mão para o saco abrindo um portal ao lado para o arremessar dentro do mesmo. – Droga... – Little Thing estendeu sua mão para o portal e tentou alterar a realidade do mesmo, era uma pressão muito forte de magia, produzindo ventania em todo o local em volta, foi quando aconteceu o que nenhum dos dois imaginava, o saco se rasgava ao meio o portal que estava em transi explodiu, arremessando Little Thing e Babá Yaga para trás, sugando todos os livros consigo e crescendo cada vez mais, de uma forma que levava consigo tudo e todos daquele mundo, ao ver a situação Babá Yaga abria outro portal e fugia pelo mesmo extremamente irritada, por outro lado Little Thing se desesperava ao ver o estado que aquele mundo estava levando, o mesmo sabia que havia trabalho a fazer e que todos aqueles livros deveriam ser recuperados, para ele se um livro se fosse para que tantos outros fossem recuperados isso seria uma benção, o mesmo se levantou e abriu um portal, se dirigindo até o mesmo, quando algo chamou sua atenção.

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