Deposite em mim toda sua dor e me chame de lar

Doce solidão.

O frio dessa madrugada me fez acordar de um sonho louco.

Onde eu me via flutuando, em um tempo diferente.

Garoa fina tocava meu rosto e meu cigarro chegava ao fim.

Podia ver ao longe o som dos relâmpagos, que clareavam as sombras na rua.

Por um momento me senti frio como um cadáver, porem sem morte, nem mesmo vida.

 flutuando dentro de mim mesmo, me despeço de ninguém.

Não existe lugar no mundo melhor do que a solidão de alguém que não sabe amar.

Me via andando por essas ruas escuras, como um cão, dono da própria coleira.

Alguém abre a porta de uma casa velha e joga um pedaço de osso em minha direção, Mas eu rejeito.
E rejeito todo aquele que queira roubar essa solidão.

 A garoa fina apertou mais um pouco, mas foda-se, eu já não sinto o frio que antes arranhava meus ossos.

Por favor, deixe a luz acessa só por um momento... Só até o homem de terno cinza ir embora, com sua foice Branca, querendo roubar minha solidão.

Porque não há no mundo sentimento melhor do que a solidão de quem não sabe amar.

E antes que o sol nasça eu estarei em casa, com as portas e janelas fechadas. 

Antes que o mundo acorde.