Capítulo 01

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Kara Zor-El | point of view

Traguei meu cigarro lentamente, absorvendo aquela sensação de torpor e prazer que a nicotina causava no meu corpo. De olhos fechados, me permiti voltar no tempo e reviver momentos de felicidades, momentos em que as coisas eram mais leves na minha vida.

Voltei a pressionar o cigarro nos lábios, me concentrando na figura diante de mim, que se contorcia e a agonizava para morrer. Aquela era minha parte favorita, quando a morte aparecia para buscar os presentes que eu enviava para ela.

Em silêncio, arrastei os olhos pelo moribundo e analisei suas vestes. Foi impossível não entortar os lábios de desgosto para a batina que o cobria do pescoço aos pés. O filho da puta se fingia de padre para poder assediar crianças e adolescentes, e sua lista de vítimas era imensa.

Sem pressa, dei uma última tragada no cigarro, e em seguida, joguei a bituca no chão, pisando em cima com minha bota.

Aproximei-me do infeliz — que estava no chão, atrás da igreja — e me Inclinei sobre ele. Posicionei o pé em sua barriga, apoiando meu peso sob o joelho. Era impossível esconder o brilho que foi tomando conta dos meus olhos à medida que assistia a vida se esvaindo dele. Levei a mão a minha faca — estocada em seu peito — e a firmei.

— Você por acaso conhece Deus, seu filho da puta?! – puxei a faca, girando-a durante a trajetória de retirada, rasgando sua carne.

Satisfação preencheu meu peito no exato momento em que a morte o levou direto para o inferno.

Endireitei o corpo, inspirando o ar profundamente, satisfeita comigo mesma. Limpei a faca na batina branca, porém manchada de sangue. Depois a guardei no bolso interno da minha jaqueta de couro e peguei meu celular de trabalho. Era um aparelho não rastreável. Fotografei o defunto, e logo enviei a foto para a agência.

Aguardei alguns minutos, me deleitando com a visão.

Me aproximei do cadáver e joguei uma moeda sobre o corpo. Era minha marca.

Depois disso, me afastei da escuridão dos fundos da igreja, e segui meu caminho. Assim que adentrei meu carro, meu telefone começou a tocar. Era John, chefe da agência para o qual eu trabalhava, sem vínculo empregatício.

Vi que eliminou o falso padre – disse ele, assim que atendi — Fico imaginando o tipo de tortura que você o submeteu – riu.

— Só as mais dolorosas – respondi, sem esconder a diversão. John era o único que conhecia meu passado sombrio e todo meu ódio por falsos líderes religiosos — Você, mais do que ninguém, sabe que me divirto muito eliminando esses vermes. E esse foi tão fácil quanto dar doce a uma criança.

Sua risada ecoou do outro lado da linha.

É por isso que te considero minha melhor caçadora, Kara.

O canto dos meus lábios se distendeu num meio sorriso. Liguei o carro na ignição e logo o coloquei na pista.

Pretende ficar em Nova York por quanto tempo? – ele perguntou — Tenho um serviço novo para você.

John e eu não éramos chefe e funcionária, porque eu me considerava minha própria chefe, contudo, nós dois tínhamos um acordo rentável para ambos. Todo e qualquer serviço que envolvesse falso líderes religiosos, ele repassava para mim. Eu não cobrava para eliminar nenhum deles, meu único pagamento era o prazer de assisti-los morrer, e de maneira dolorosamente lenta. Estes eram os únicos trabalhos — para matar — que eu aceitava. Caso  contrário, só pegava aqueles para caçar pessoas.

A Caçadora de RecompensasOnde histórias criam vida. Descubra agora