Capítulo 06

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Kara Zor-El | point of view

— Você deixou o dono daquele ferro-velho tão irritado que ele nem pestanejou em me contar que a picape que você roubou estava com pouca combustível, e que o próximo posto de gasolina ficava a poucos quilômetros – comentei, terminando de tragar meu cigarro, mas sem tirar os olhos da garota petulante a minha frente — Fico me perguntando o que você faz pra deixá-lo tão zangado.

— Chutei as bolas dele e bati em sua cabeça com uma chave de roda – contou, dando de ombros.

A risada escapou dos meus lábios sem eu poder controlar.

— Vou gostar de saber o motivo para seu ataque de raiva contra o velho? – perguntei, com um franzir de testa.

Ela fez uma careta, abraçando o menino um pouco mais contra si.

— Aquele homem pediu que a Lee fizesse coisas que ela não queria fazer – o menino intrometeu-se, chamando minha atenção para si — Então ela fez o que foi preciso para se livrar dele.

A voz infantil, em contraste com o tamanho, não condizia em nada com a postura ameaçadora e protetora que demostrava em relação a Lena. Por um momento, eu me perguntei se o garoto não poderia ser filho dela, visto a forte ligação que pareciam compartilhar. Porém, não descobri nada disso em minhas pesquisas.

— Só não entendo o porquê ela não se defende de você – complementou ele, apontando para mim. Sua expressão estava zangada em minha direção.

Pisquei os olhos, em um misto de espanto e diversão. A criança era tão petulante quanto ela.

— Por que não faz o mesmo com ela, Lee? – ele se voltou para a morena, que demostrava tanta tensão que seu rosto se tornou pálido — Você não precisa fazer o que essa mulher diz.

Olhando de mim para o menino abusado, ela se Inclinou e acariciou o rosto delicado. O garoto tinha os cabelos pretos e olhos azuis.

— Querido, não quero que se preocupe com nada disso – ela declarou — Eu prometi que o manteria a salvo, e é isso que vou fazer – se colocou de pé, respirando fundo. Logo me encarou com uma expressão de puro ódio — Continuaremos a viagem no seu carro ou no meu?

Continuei fumando, observando-a da cabeça aos pés, me perguntando o motivo para essa infeliz me causar tantas reações adversas. A verdade era que desde que a conheci, senti que algo mudou dentro de mim. Lena e o garoto Liam mexeram comigo de uma maneira que eu não compreendia. Essa constatação me incomodava bastante.

Porém, com tudo o que já havia acontecido na mina vida, eu não tinha tempo para esse tipo de sentimento ou pensamento.

Estava na hora de agir.

— No meu. – apontei para o veículo alguns metros adiante. Vi que suas sombrancelha se arquearam em descrença — O que foi? Tenho apego por ele – confessei, me referindo ao carro que recuperei no ferro-velho. Não foi difícil encontrá-lo, já que coloquei um rastreador nele.

Notei quando ela resmungou algo no ouvido do menino, que baixou a cabeça e saiu bufando. Segui em direção ao meu carro.

Terminei de fumar e joguei a bituca no chão, amassando com o pé. Lena chegou mais perto, com os braços cruzados.

— Não sei se já te disseram isso, mas você é uma grande filha da puta, sabia? – rosnou, com os olhos ferozes — A recompensa pela minha cabeça é tão alta assim?

O canto dos meus lábios se distendeu num sorriso fraco.

Esperei enquanto ela abria a porta da picape velha para poder pegar suas coisas e as do menino.

A Caçadora de RecompensasOnde histórias criam vida. Descubra agora