Dia Seguinte

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Definitivamente não foi uma boa ideia dormir no sofá, apesar de ter tido inegavelmente uma das melhores noites de sono em muito tempo, tenho uma coluna de um senhor de 70 anos. Dormir no sofá nunca mais.

O sol estava entrando pelas janelas de vidro e iluminando todo o cômodo, a pele clara do moreno reluzia e tinha um ar doce e angelical. Os cabelos cheiravam a lavanda e me deixavam tonto.

Meu Deus, eu sou a porra de um maluco. Eram 8 da manhã e eu não precisava ir ao hospital pela manhã, mas o moleque estava atrasado para a escola. Me levantei, peguei o celular e liguei para a Bruxa. Péssima ideia.

— Seu tremendo filho de uma puta!

— Bom dia pra você também, bruxa imunda!

— Bruxa imunda? Zoro! Você tem dois, DOIS caras que eu super daria e quando eu abro a porra da sua porta tá o mucilon dormindo com você no seu sofá?

Eu definitivamente preciso trocar de fechaduras.

— Olha aqui, sua estelionatária, pra quem você quer dar ou deixa de dar não é problema meu. E o mucilon que se chama Luffy dormiu aqui por que esqueceu as chaves e ficou do lado de fora.

— Meu Deus ele é tão idiota quanto você.

Qual a porra do problema da Nami? Eu só fiz uma boa ação e sou tachado como idiota e tarado.

— Zoro...

A voz sonolenta do garoto fez meus pelos eriçarem, eu gelei, senti que estava sendo pego fazendo algo errado, mas o que exatamente?

— Depois eu falo com você, não venha no meu apartamento, deixa que eu desço no seu.

— Vai se fuder sua alga marombeira, não vá, não estou em casa. Tchau!

Aquilo não era exatamente um insulto. Virei minha atenção para quem ainda estava com um olho no sonho.

— Eai, dormiu bem?

— Me desculpa, eu acabei babando você todo né? Por que ficou comigo na sala?

Fiquei mudo quando vi ele coçando os olhinhos e passeando os dedos entre os cabelos lisos. Eu devia realmente estar muito carente.

— Tá tudo bem...

Tudo bem uma porra!

Luffy pegou o celular e tinha uma expressão preocupada, devia estar preocupado com o tal do Newgate e com os irmãos. Fiquei curioso sobre o garoto e sua família, os 3 eram mais novos que eu mas pareciam se virar só a muito tempo. Talvez isso fosse conversa para outra hora.

— Eu queria comer bolo de aniversário.

Olhei para ele e sua expressão era de deleite, parecia que estava sentindo o gosto do bolo na boca, ele lambeu os lábios e naquele momento eu quis morrer. Tentei desconversar para mudar o foco da minha mente.

— Você quer morrer de diabetes? Bolo de aniversário as 8 da manhã?

— Mas existe hora para comer bolo de Aniversário quando se é seu aniversário?

Pani, tilt, tela azul. Foi exatamente assim que minha mente ficou.

— Hoje é seu aniversário? Porra? Parabéns!

Fiquei meio sem saber o que fazer, eu devia abraçar ele? Dar um aperto de mão ou... Ele fez 18...

— É uma pena que meus irmãos não estejam aqui.

Eu ainda tenho 26...

— Sim, tenta ligar pra eles...

Eu. Preciso. Transar.

— Aliás, Luffy, você não tem aula hoje?

Desconversei. Eu preciso de um psiquiatra o mais rápido possível por que, sim, definitivamente eu estava ficando louco por um menino que tinha acabado de fazer 18 anos. Quer dizer, eu não precisava exatamente me conter mais agora né? Mas puta que pariu, ele ainda era só um "mucilon" ! Que ódio de mim, muito, muito ódio de mim.

Luffy respondeu que não teria aula por causa de uma reunião, não dei bola para a explicação, só queria que o mundo explodisse naquele momento, mas a vontade passou quando ouvi ele pedindo desculpas com uma formalidade que eu não sabia que ele tinha, pediu educadamente para que eu tomasse conta dele naquele dia, já que não conseguia entrar em casa e eu não tinha como dizer não.

Mais uma vez, eu, Roronoa Zoro estava completamente, inteiramente, totalmente sem graça por causa daquele moleque! Como isso é possível? Eu, com mais de 1,80 com vergonha de um moloque? Ah pelo amor de tudo que possa ser mais sagrado, eu sabia do que tava precisando e não tava sabendo pedir!

— Eu vou ter que ir para o hospital a tarde, apenas, mas você pode passar o dia aqui. Tenta  encontrar algum chaveiro. Tô indo no mercado comprar algumas coisas, quer ir junto?

Luffy negou e perguntou se não havia nenhuma roupa um pouco menor para ele usar, já que ele tinha que ficar o tempo todo segurando a barra do calção.

Falei para ele ir procurar no guarda-roupa e fui para o mercado. O dia estava ensolarado e brilhante, combinava com ele, comigo não. Luffy é extremamente adorável e amigável, eu sou rabugento e ranzinza. Definitivamente estou precisando desencanar. Fazer qualquer coisa com qualquer um para para com essas coisas de ficar pensando no sorriso dele, que pode ser bonito o quanto for, não dá! Ele fez 18 anos hoje e eu já tava procurando a porra de uma abertura para cima do garoto que está precisando de ajuda! Meu deus, eu sou a porra de um maluco mesmo.

Mas a verdade é que eu me sinto realmente bem e confortável com ele, isso vai ser muito complicado. Eu realmente devia ter ido para casa quando meu plantão acabou naquele dia.

No mercado, comprei um bolo pequeno, apenas para sanar a vontade do garoto e tive um encontro não muito agradável para aquela manhã tão bonita.

— Olha só quem vemos aqui.

O cheiro da niconita fazia parte dele.

— O que você quer, seu esquisito.

— Que isso,  Zoro, só vim te dar um bom dia.

Se sumisse um pedacinho de mim toda vez que me arrependesse de uma ideia idiota que ousei em falar opa cadê eu?

— Ei, cozinheiro, tá afim de passar o dia lá em casa não?

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⏰ Última atualização: Dec 02, 2022 ⏰

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