Batalha final

39 4 1
                                    



Colocando tudo em pratos limpos...ou a Batalha Final

O clima no Santuário ficou bastante modificado após todas as revelações de Shion. As reações foram diversas, porém aqueles realmente envolvidos com a história ainda não sabiam como lidar com todas as verdades. Mu e Shaka se recolheram ao templo de Virgem, mas qualquer um que passasse próximo aquela casa era capaz de sentir a tensão presente no ar. Shaka tentava compreender a revolta de Mu e consola-lo porém a paciência nunca foi uma de suas grandes virtudes.

Shion e Dokho se mantiveram completamente reclusos e ninguém fazia idéia do que realmente acontecia atrás das paredes do Templo de Áries.

Saori entrou em parafuso com tudo que soubera a respeito de si mesma. Seu lado humano e seu lado divino, mais que nunca entraram em conflito. Seiya tentava ajudar mas não era um especialista em psicologia.

O resumo de tudo era um clima que poderia ser tocado por qualquer um de tão pesado que estava; conflitos e confusões aqui e ali e a discórdia imperando em cada parte do Santuário. Até casais já bem estruturados como Milo e Camus, Marin e Aiória entraram em crise nesse momento.

As coisas não poderiam continuar indefinidamente daquela maneira ou estariam perdidos. Saori sabia que as coisas deviam partir dela. Era a reencarnação da Deusa Athenas e deveria colocar os interesses da humanidade acima de seus sentimentos particulares. Chamou todos para uma reunião informal nos jardins do salão do mestre. Precisavam acertar seus ponteiros a qualquer custo.

Os cavaleiros foram chegando cabisbaixos e silenciosos.

- Saori, você tem certeza que isso é mesmo necessário?

- Certamente. Todos aqui têm suas razões para não estar com o melhor dos ânimos, porém devem se lembrar que acima de tudo são os cavaleiros da justiça. Temos que resolver agora nossos problemas pessoais.

- Saori, te respeito muito, mas você acha que é tão simples assim? – Mu foi o primeiro a se manifestar depois das declarações de Saori.

- Não creio que seja simples, mas creio que seja necessário.

Shion estava com a cabeça baixa. Lágrimas banhavam seus olhos, mas teria que ser forte e aceitar o que viesse. Dokho segurava suas mãos e no íntimo tinha vontade de partir pra cima de Mu e encher a cara dele de porrada até que ele deixasse de agir como um garoto mimado. Decididamente Shion havia mimado demais aquele garoto. Mas não podia fazer nada se não quisesse perder o ariano novamente.

- Passei a minha vida inteira me acreditando órfão, cresci sozinho e discriminado, morri, ressuscitei, fui afastado do meu amor, virei criança, dei meu sangue pelas armaduras sagradas e vocês querem que eu encare tudo como se fosse natural?

Shaka já não agüentava mais esse discurso de Mu, ele estava parecendo um velho disco de vinil arranhado. Estava realmente na hora de dar um basta nesta história. Pela primeira vez concordava com Saori.

- Mu chega! – Shaka deu um grito. Todos olharam para ele espantados e se mantiveram em silêncio. Mu esboçou uma reação, mas se calou com um gesto rude de Shaka.

- Querido, agora você vai me ouvir. Durante todos estes dias me mantive calado. Sei que tudo que ouviu e descobriu não é o que se pode chamar de trivial, mas creio que você já passou dos limites do aceitável. Quando vai parar de olhar para seu próprio umbigo? Quando vai acabar esta auto piedade? Você acha que é o único a sofrer aqui? E Saori, sua irmã? Além de tudo ela tem que carregar o fardo da divindade e não está se lamentando nem lambendo as próprias feridas, está tentando lutar e nos fazer lutar. E Dokho, será que ele não foi o mais atingido por toda essa história? Você o viu esmorecer? O viu deixar de lutar por aquele que ama? E seu pai? Não ouse dizer que Shion não é seu pai, porque ele sempre te tratou como um filho. Você foi discípulo do Grande Mestre do Santuário que deu a sua vida e a sua felicidade por você e por sua irmã. Deixe de ser tolo! Você sempre foi especial para mim. Sempre admirei sua força e sua sabedoria, por favor, meu amor, não me descepcione, eu não agüentaria.

Lei de MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora