Reunião Dourada

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A Reunião Dourada

Desde que todos haviam sido ressuscitados após a batalha de Hades, esta seria a primeira reunião dourada com fins bélicos. Quando os dourados restantes no Santuário receberam o comunicado, houve um certo espanto geral. O que poderia ter acontecido que fizesse com que Athenas os convocasse com tamanha urgência?

Enquanto aguardava a chegada de seus cavaleiros Saori andava pelo salão do mestre nervosamente torcendo os dedos. Ouvia-se apenas o farfalhar de seu vestido branco e o estalar dos nós dos dedos. Por Zeus, o que havia feito? O que poderia ter acontecido com Mu? Ele era um de seus mais fortes cavaleiros, será que havia subestimado o inimigo? Era uma deusa, a deusa da sabedoria e estava se mostrando uma total e completa tola. E Shaka? Teria ele ido atrás de Mu? Maldição!

Pouco a pouco os cavaleiros chegavam, estavam todos vestidos com suas armaduras. A apreensão era tão visível e palpável que todos podiam senti-la e tinham a impressão de que poderiam tocá-la. Sentaram-se em torno da grande mesa que havia na sala de reuniões do décimo terceiro templo. Os espaços míticos e milenares do Santuário eram grandiosos assim como tudo que havia ali naquele mundo fora do mundo. Estavam todos os dourados restantes e os cinco principais bronzeados presentes a reunião. Saori levantou-se e começou seu pequeno discurso.

- Bom perdoem-me antes de tudo por mantê-los alheios à missão que designei a Mu, creio que cometi um erro ao subestimar o inimigo. Como todos sabem presido a Fundação Graad e uma das funções dessa fundação é manter uma rede de informações a respeito dos principais acontecimentos estranhos do mundo. Fui informada que no interior do Continente Asiático estavam ocorrendo mortes de pessoas com características completamente distintas de assassinatos comuns e que o pânico estava se espalhando pelas aldeias circunvizinhas a região das mortes. Depois de algumas pesquisas descobrimos lendas sobre entidades míticas que de tempos em tempos precisavam de carne humana para sobreviver.

- Como os vampiros? – perguntou Kamus.

- Em parte. Os vampiros são mortos-vivos que precisam de sangue humano para manter sua pseudo-imortalidade, porém um dia já foram humanos. Estes seres, segundo a lenda, nunca foram humanos, são uma espécie de deuses menores. Em nosso panteão eles seriam considerados semi-deuses pois nasceram da união de deuses com humanos, herdando de seus pais divinos a imortalidade e de seus pais humanos a fome. Não se alimentam de sangue e sim do coração e do cérebro de seres humanos, mas estes sem vestígios de sangue. A principal característica da maneira deles se alimentaram é sangrando a vítima como sangramos porcos e só então se alimentam do cérebro e do coração abandonando o restante pendurado nos galhos das árvores que foram utilizadas no processo de sangramento da vítima.

- Que horror! Saori como pôde esconder isso de nós? – Seiya manifestou-se.

- Athenas, Mu pode estar correndo sérios perigos. Se esses seres são realmente filhos de deuses, não temos como saber a extensão de seus poderes nem o que seriam capazes de fazer. - Shiryu ponderou.

- Eu realmente estou preocupada. Porém quando recebi esta informação não dei muito crédito a ela, achei que eram somente lendas sem fundamento de um povo supersticioso e que algum serial killer estava cometendo os crimes se utilizando das lendas locais. Pedi então a Mu que fosse a paisana investigar o que estava acontecendo e retornasse rapidamente com informações mais confiáveis. Ordenei também que mantivesse o mais completo sigilo a respeito do assunto, inclusive do Shaka. Não queria alarmar ninguém sem necessidade.

- Saori, você ordenou isso a Mu? Esqueceu-se do aniversário de Shaka? Desculpe-me, mas você foi bastante irresponsável.

- Milo! Mais respeito com a Srta. Saori.

- Não Kamus. Infelizmente ele está certo, esqueci completamente do aniversário de Shaka e fui irresponsável sim ao exigir seu completo sigilo, deveria ter comunicado ao menos a mais um cavaleiro. Por favor, perdoem-me.

Saori abaixou a cabeça e duas lágrimas furtivas caíram de seus olhos. Seiya prontamente a abraçou e secou suas lágrimas.

- Saori, não fique assim! Nós iremos encontrar e salvar Mu onde quer que ele esteja. Não é pessoal?

- Lógico! – Todos se manifestaram. Agora que a merda estava feita restava a eles consertar.

- Bom, precisamos então de um plano de ação, decidir aqueles que vão, aqueles que ficarão aqui para defender o Santuário...

- Peraí! – pela primeira vez Shun se manifestou – E o mestre Shaka, o que poderia ter acontecido com ele? Lembrem-se, ele ainda está sumido!

- É verdade! Estamos tão preocupados com Mu, que esquecemos de Shaka. Será que ele também está em perigo? Será que ele foi atrás de Mu? – Aioros perguntou.

- Não creio que Shaka tenha ido atrás de Mu. Talvez ele esteja magoado demais com o "esquecimento" de Mu.

- Como assim Deba?

- Um dia antes de Shaka sumir ele me perguntou se eu tinha notícias de Mu. Apenas disse que faziam dois dias que eu não o via.

- Será que Shaka fugiu? – Milo perguntou.

- Quem sabe ele não voltou para sua terra para meditar?

- É provável, mas como iremos saber?

- Shun, você é discípulo de Shaka. Conhece os mosteiros indianos que ele costuma ir?

- Sim, já fiz algumas peregrinações com ele.

- Perfeito. Você e Hyoga irão aos mosteiros ver se Shaka se encontra em algum deles, porém não devem falar nada a respeito de Mu. Eu quero conversar com ele pessoalmente. Apenas digam, caso o encontrem, que eu ordenei a volta imediata dele ao Santuário.

- E quanto a Mu, o que faremos?

- De todos o mais adequado para partir em busca de Mu seria Shaka, principalmente devido a natureza do adversário com o qual estamos lidando, caso acreditemos realmente nas lendas. Shaka e Máscara da morte seriam a minha escolha para procurar Mu. Esperemos três dias para saber se Shun conseguirá encontrar Shaka. Em caso positivo ele irá procurar por Mu junto com Máscara.

- Saori não passa por sua cabeça que três dias pode ser tempo demais? Já faz mais de uma semana que Mu partiu! – Ikky perguntou.

- Vocês irão fazer o que eu estou dizendo. Assim eu decidi! Podem ir! Esta reunião está encerrada.

Todos se levantaram e saíramm sem mais nada dizer. Fora do templo do mestre todos se reuniram.

- Ela enlouqueceu de vez! Colocou deliberadamente a vida de um de nós em risco. – Ikky estava revoltado – Estamos todos aqui e ela quer que o único ausente vá procurar o cavaleiro que ela mesma colocou em risco.

- Ela deve saber o que está fazendo e ter seus motivos. Creio que ainda existem informações que não nos foram reveladas.

- O que mais poderia estar escondido Kamus?

- Não sei. É apenas uma sensação.

Lei de MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora