Descobertas

37 5 1
                                    



Descobertas

Mu não havia recuperado a memória, mas havia recuperado a maturidade. Era bastante interessante e ao mesmo tempo estranha a situação em que se encontrava agora. Ele sabia as coisas, sabia ler, sabia jogar, sabia controlar seu cosmo e utilizar seus golpes, porém não sabia quando nem como havia aprendido tudo, não lembrava das pessoas e nem das situações que havia passado em sua vida.

Sentia-se como um livro em branco, onde tudo poderia ser escrito, porém este livro já havia sido editado. Shaka por sua vez estava feliz com uma parcial recuperação de seu amado e se apaixonando por ele cada dia mais. Este Mu de agora era a essência pura de seu amado. Ele não havia sido alterado por nenhum acontecimento. Neste momento ele era apenas ele, nem mais nem menos e realmente este "verdadeiro" Mu era apaixonante. Não imaginava ser possível, mas conseguia a cada dia amá-lo mais. Passavam horas conversando. Shaka contava a ele tudo que sabia a respeito da vida do ariano. Não tentava inserir na memória dele as lembranças perdidas, até porque seria impossível que ele contasse a Mu como ele se sentira em determinada situação. Os sentimentos mais internos de uma pessoa não podem ser contados ou descritos por outro além daquele que sentiu. Contava as histórias sim, como se fossem realmente histórias ilustrativas de uma terceira pessoa.

- Pelo que posso notar nosso passado foi um tanto quanto conturbado. Eu realmente gostaria de me lembrar dele.

- Interessante, muitas vezes as recordações são tão duras que já pedi a Buda a dádiva do esquecimento, mas agora, ao vê-lo não se lembrando das coisas, não creio mais que o esquecimento seja realmente uma dádiva, afinal os sofrimentos se vão, mas as felicidades também e elas são por demais preciosas. Farei tudo que estiver ao meu alcance para que encontre seu passado, meu querido, mas caso não o encontremos pode ter certeza mais que absoluta que, no que depender de mim, o seu futuro será perfeito. – Shaka segurou as mãos de Mu e as levou aos lábios numa carícia leve.

Mu ao receber o carinho de Shaka, a princípio sentiu-se estranho, uma corrente elétrica passou por seu corpo, uma sensação de dejá vu tomou conta de todo seu ser. Se deixou ser abraçado. Os braços de Shaka eram tão reconfortantes, sentiu como se aquele realmente fosse o seu lugar. Como se nunca devesse sair dali.

- É tão prazeroso quando me abraça, é como se isso fosse o certo e a verdade e que não importa a situação ou o tempo, sinto que estar em seus braços é onde eu tenho que estar.

- Mas esta é a verdade. Você era meu Mu, assim como eu sempre fui seu e sempre o serei. Quando achei que tinha me abandonado, antes de saber o que havia acontecido fui tomado de fúria. Nem mesmo tentei aplacá-la, pois o sofrimento que eu sabia que viria seria capaz de matar-me. Simplesmente entrei em meditação profunda para nada ver e nada sentir. Quando Shun me contou parcialmente o que havia acontecido, amaldiçoei Athenas com todas as forças de meu ser. Quando o encontrei na entrada do Santuário, nu e enfeitiçado, jurei exterminar aquele que havia feito aquilo com você e tenha certeza absoluta que nem que seja a última coisa que eu faça no mundo, nem que minha alma se despedace e desapareça no infinito e no Caos eu cumprirei o meu juramento!

- Não! Por favor, Shaka, não diga isso! Posso não lembrar de nada, mas o que já sinto por você em meu coração é grande demais para permitir que faça isso. Não irá entrar em uma missão suicida por nada neste mundo, eu não permitirei. Esteja certo disso. – uma lágrima furtiva escorreu pelo rosto de Mu. Shaka secou essa lágrima com um suave beijo.

- Por favor, não fique assim. Não me torture. Tu me tens em suas mãos.

Mu esboçou um sorriso, límpido, belo, inocente. De repente sentiu uma vibração estranha, como um grito, como um pedido de socorro.

Lei de MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora