Sem o véu da ignorância

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Sem o véu da ignorância, ou nem tudo é um mar de rosas...

A noite que se seguiu a completa recuperação de Mu foi bastante "agitada" na casa de Virgem. Todo Santuário pôde constatar que naquela casa tudo havia voltado ao normal.

- Camus, desse jeito eu não vou conseguir dormir. Shaka está se superando...

- Ora, ora, mon ange, imagine-se meses sem sexo... Será que nosso companheiro não merece um pouco de nossa compreensão?

- Realmente sou obrigado a concordar com você, meses sem sexo me enlouqueceriam... Pobre Shaka, merece uma noite de puro prazer, mas isso está me dando uma idéia... – Milo virou-se para Camus maliciosamente já tentando arrancar a blusa do francês.

- Vamos imita-los?

- Se não pode com eles, junte-se a eles. Não é esse o ditado?

- Sim, e acho uma ótima idéia, até que de vez em quando sai alguma coisa útil dessa sua cabecinha.

Até mesmo no Templo do Grande Mestre as coisas esquentaram. Saori, que já havia passado o dia de ótimo humor resolveu também ter uma noite caliente com seu cavalinho... ops com seu maridinho...

Parecia que tudo estava realmente voltando ao normal, parecia que a paz e o amor estavam rondando a todos. Esse era o plano de Shaka, assim poderiam vencer. Mas quando se trata de relacionamento humano nada é tão simples assim. O sol se levantou no horizonte e com ele sempre vem o dia seguinte... Bafo de onça na cara, cabelos despenteados, preguiça, fome, fila no banheiro, roupa no chão, louça suja na pia... a rotina... a grande inimiga de qualquer casal e também a sua grande amiga. Tudo depende exclusivamente da maneira como lidamos com ela.

Todo dia ela faz tudo sempre igual,

Me sacode as seis horas da manhã

Me sorri um sorriso pontual

E me beija com a boca de hortelã

Todo dia eu só penso em poder parar

Meio dia eu só penso em dizer não

Depois penso na vida pra levar

E me calo com a boca de feijão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar

Meia noite ela jura eterno amor

Me aperta até eu quase sufocar

E me morde com a boca de pavor.

Shaka levantou-se cedo, com o alvorecer, como de costume e foi para seu trono de Lótus meditar. Saíra da cama silenciosamente para não acordar seu precioso amante. Dormira muito pouco, mas compensara. Não trocaria as horas não dormidas por um calmo sono. Teria muito tempo para dormir quando chegasse a hora.

Acendera o incenso de sândalo, sentara-se confortavelmente e fechara seus olhos. A muito tempo não meditava com total esvaziamento de si mesmo. Estava feliz, calmo e em paz. Esta era sem dúvida a melhor maneira de meditar. Seria capaz de passar dias ali.

Mu acordara horas depois de Shaka. Adorava dormir e a noite fora praticamente insone, não que se arrependesse, mas aproveitou o silêncio da manhã e o escurinho do quarto para dormir. Abriu os olhos e não encontrou Shaka a seu lado. Deveria estar meditando como fazia toda manhã.

- Louro metódico, mesmo depois de tudo é incapaz de mudar sua rotina. Decididamente não entendo esse pessoal estranho.

Eram muito parecidos em muitas coisas e muito diferentes também, Mu agora tinha mais consciência disso do que qualquer pessoa, mas amava aquele louro doido e não se aborreceria por tão pouco. Resolveu levantar. Tomou um longo e relaxante banho. Pegou algumas frutas na cozinha e resolveu passear um pouco. Andava calmamente pelo Santuário se deliciando com uma suculenta pêra. Bem no fundinho de seu coração se ressentia por Shaka não estar com ele, mas não deveria interferir. Encontrou Shion sentado calmamente na beira do lago.

Lei de MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora