Não vou começar com o clássico "ERA UMA VEZ", preferia na realidade nem começar, preferia que o motivo desse texto fosse outro, que a história fosse outra. Mas não é assim, soa algo até pessimista demais.
A minha confusão aumentou tanto desde o dia que ele foi embora. É como se tudo tivesse perdido o sentido. Acho que o fato de sempre pensar que ele não se importava comigo de verdade me deixava desesperada.
Hoje eu conto algumas cicatrizes, pra alguns uma vergonha, pra outros superação, mas pra mim são só elas. São só resquícios que algo traçou esse caminho na minha pele, não vou romantizar meus cortes ao ponto de parecerem algo normal, não é é nunca será.
Ele gostava de dizer o quanto eu era "insuportável demais", era um peso pra ele, e ele cansou.
Eu me via sem rumo, sozinha, em meio à tantas crises e medos, que me consumiam cada dia mais.
Falar disso ainda me dói, e vai doer pra sempre.
A ida deixou um buraco no meu peito, a última parte que me restava, ver a corda que ele usou, na minha frente, as roupas que ele usou. Eu realmente não ajudei muito. Não fui o apoio dele e ele não foi o meu.
Minha mãe faleceu de câncer quando eu era pequena demais pra entender, meu pai trabalhava dia e noite. Definitivamente não tive muita atenção e carinho. Cresci com mágoas. Olhava sempre pro meu maldito nariz, pensar em outra pessoa além de mim estava fora de cogitação, até a máscara cair e se tornar algo incontrolável. Se nessa época eu era tão vazia, vejo que hoje eu tenho me preenchido.Sinto sua falta pai...
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