Nada.
Foi um sono longo e sem sonhos, o primeiro em muito tempo.
N Quando acordei, a janela estava fechada. Não havia lama na minha cama, nenhuma música
misteriosa no meu iPod. Verifiquei duas vezes. Até meu banho só tinha cheiro de sabonete.
Fiquei deitado na cama, olhando para meu teto azul, pensando em olhos verdes e cabelos
pretos. A sobrinha do Velho Ravenwood. Lena Duchannes, que rimava com rain.
O quão distante um cara podia ficar?
Quando Link encostou o carro, eu estava esperando na calçada. Entrei e meus tênis afundaram
no tapete molhado, o que deixava o Lata-Velha com um cheiro ainda pior do que o habitual.
Link balançou a cabeça.
- Desculpe, cara. Vou tentar secá-lo depois da escola.
- Deixa pra lá. Só me faz um favor e deixe de agir como louco, ou todos vão falar de você
em vez de falar da sobrinha do Velho Ravenwood.
Por um segundo, considerei manter segredo, mas eu tinha que contar para alguém.
- Eu a vi.
- Quem?
- Lena Duchannes.Ele pareceu não entender.
- A sobrinha do Velho Ravenwood.
Quando paramos no estacionamento, eu já tinha contado a Link a história toda. Bem, talvez não
toda. Mesmo os melhores amigos têm limites. E não posso dizer que ele acreditou em tudo,
mas também, quem acreditaria? Eu ainda estava tendo dificuldade em acreditar. Só que mesmo
sem saber os detalhes, enquanto andávamos para encontrar os caras, ele sabia de uma coisa.
Era preciso controlar os danos.
- Mas não aconteceu nada. Você a levou pra casa.
- Não aconteceu nada? Você estava prestando atenção? Tenho sonhado com ela há meses e
ela acaba sendo...
Link me interrompeu.
- Vocês não ficaram nem nada. Você não entrou na mansão mal-assombrada, certo? E você
nunca viu, você sabe... ele? - Nem Link conseguia dizer o nome dele.
Uma coisa era passar um tempo com uma garota bonita, em qualquer situação. Outra era
passar um tempo com o Velho Ravenwood. Balancei a cabeça.
- Não, mas...
- Eu sei, eu sei. Você está confuso. Só estou dizendo, guarde segredo, cara. Só conversamos
o que foi preciso. Quero dizer, ninguém mais precisa saber.
Eu sabia que aquilo seria difícil. Não sabia que seria impossível.
Quando abri a porta da sala de inglês, ainda estava pensando em tudo -
nela, no nada que tinha acontecido. Lena Duchannes.
Talvez fosse aquele cordão doido que ela usava com todo aquele lixo pendurado, como se
cada coisa que ela tocasse pudesse importar ou realmente importasse para ela. Talvez fosse o