Capítulo IV

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"Quem não arrisca, não petisca"

Pov. Amabel

-É estranho como esse jardim é tão verde e triste, não acha Scar? -digo para Scarlett enquanto estamos no jardim do convento, sentadas.

-Porquê? Diz por qual motivo você não quer falar sobre ontem sua vadia pervertida?- Scarlet está incomodada por eu ainda não ter falado nada sobre esta noite. A verdade é que eu também estou incomodada. Por qual motivo ela? É porque ela é bonita? Outro porém é que estou com vergonha de contar para Scar. Ela é uma boa amiga. Não é como ela me deixasse com vergonha ou fosse contar para todo mundo, é porque ela vai tirar sarro da minha cara até os anos 2000.

-O quê quer saber exatamente?- pergunto a ela.

-O sonho era com quem?

- Marquesa Billie O'connel de Picardie, França.

-Eu definitivamente não sem quem é ele, não sei onde fica Pircardie, mas FRANÇA? Okay, França é um lugar muito interresante...pelos boatos eu adoraria conhecer- Ela para de falar como se houvesse esquecido um detalhe importante. - Você disse...marquesa?- ela deu infase no final da palavra e eu concordei com a cabeça.

- Billie então é uma mulher francesa?- concordei novamente com a cabeça e logo surgiu um sorriso ousado de sua parte.

-Tá, onde você conheceu ela?

- No velório do senhor Austin.

-Não faz muito tempo.- Ela diz pensativa.

-Não, realmente, não faz...

-Vamos recapitular. Você foi mandada para cá para com o mesmo intuíto que eu, sair "curada" entre outros. E então você tem um sonho erótico com uma libertina francesa. Isso só reforça o que eu já venho pensando.

- O que vem pensando Scar?

-Que nunca vamos ser "curadas". Que é tudo mentira. E que talvez outras nações, como a França tenham razão.- Ela diz rápido me olhando.

- Não diz isso, talvez eles estejam certos, mais talvez só seja necessário um pouco de esforço.

-Diga isso por você. Eu já me esforcei pra caralho e não acho que eu escolhi ser assim. Não acho que podemos mudar quem somos Amabel.- encosto minha cabeça no ombro de Scarlet enquanto olhava o chão.

-Sei que tem razão por que eu também me esforcei, mais eu prefiro não acreditar em você por parecer certo.- Digo com a voz baixa.

-Eu sei.

Era bom esses momentos com ela, nós sempre fomos como irmãs, sem precisar de muitas palavras para nos entender.

-O que mais quer contar Amabel?

- Eu quero ir embora daqui Scarlet.

- Todas queremos.

- O que eu quero dizer é que eu planejei uma fuga para essa noite.- Scarlet se vira e me olha duvidosa.

Eu sei, é uma ideia ousada, más honestamente, o inverno ainda não chegou, é uma boa hora. Ela sabe disso, também sabe dos perigos, assim como eu sei. O fato é que eu recebi uma carta dos meus pais afim de me visitar antes do Natal. Eu sei que querem ter certeza de uma possível cura, também sei da possibilidade de eles me mandarem para o hospital reformatório, recém inaugurado no interior norte da cidade. Já pode se imaginar os tratamentos que tem lá.

-Você sabe como isso é perigoso Amabel, não brica com isso.- levanto do seu ombro

- Não estou brincando, hoje a noite vai sair uma carruagem com lavagem para porcos e nós podemos ir.

-Tudo bem- Ela ri negando com a cabeça, como se não quisesse acreditar no que estava prestes a fazer.- Não posso acreditar Amabel, de onde tirou essa coragem? Aaah e ...que horas vamos?

-Vamos...Você vai!!!- digo entusiasmada e ela dá um meio sorriso.

Logo uma das novissas se aproxima para falar com Scarlet e eu me preparo para levantar e escuto Scarlet sussurrar algo como "vou despedir das bucetas recatadas desse lugar". Ela não tem modos mesmo.

Ao sair dali vou ao meu quarto me preparar e separar minhas coisas. Algumas vou tentar levar comigo essa noite, como minhas anotações e até alguns estudos que fiz e algumas ervas. Enquanto estava ocupada analisando o que poderia levar ouço batidas na porta que é logo aberta.

-A princesinha tá muito ocupada? Agora vai ficar só dentro do quarto sendo servida? - Elena, uma freira insuportável diz na porta da sala do quarto.

-Não senhora, eu já vou.

- É dia de limpar os vitrais da catedral, precisamos de todos limpos antes da missa das seis, então anda logo.- Elena sai brava, aliás ela está sempre brava, é incrivelmente amargurada.

O jantar é servido depois da missa das seis, então, o jantar deve acabar as sete e meia, logo entre oito horas e oito e meia a carruagem para levar os restos aos porcos deve vir a aparecer. As nove são conferidos os dormitórios e todas devem estar na cama.

O trabalho de ajudar com os restos deve ser de freiras já formadas, logo eu não poderia me oferecer para ajudar. Também seria uma forma bem suspeita de como saímos do convento. Acredito que eu e Scar podemos passar despercebidas devido a confusão que o convento se torna depois do jantar, devido aos preparos para a noite de sono a seguir.

Precisamos então sair do dormitório ilesas, já que apesar do nosso quarto ser em um dos últimos blocos de dormitórios, as freiras nunca tem um lugar fixo por onde começar a checagem de quartos. Além de ter as vigias noturnas do lado de fora.

Sair daqui é um sonho que pode se tornar pesadelo em segundos, já que se você é pega tentando escapar vai para o deformatorio, um lugar onde a pena de morte é apoiada pela igreja, já que se você tentou fugir do lar do Pai, você não é digna de ter seu maior presente...a vida. As que voltaram de lá também não tem o mesmo tratamento. Geralmente não voltam pra cá, e sim para conventos exploratórios até em outros estados, já que a igreja a proíbe de ser visitada. Ouvi relatos até sobre as Irmãs de Madalena, as lavadeiras.

Fato é que estou disposta a fugir e a dar certo, pensei muito sobre isso e pretendo ser cuidadosa o suficiente para pelo menos eu não por Scar em risco.

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